domingo, 3 de fevereiro de 2013

Oscar nos anos 2000 (1): 2000 a 2003

2000
Melhor Filme
Chocolate
Erin Brockovich – uma mulher de talento
O tigre e o dragão
Gladiador
Traffic

Tá aí um ano do Oscar que não gosto muito. Dos cinco indicados a Melhor Filme, nenhum está na minha lista pessoal de filme preferidos, apesar de realmente gostar de alguns deles. O vencedor da cerimônia foi o filme Gladiador e, realmente, não poderia ser diferente. A super produção do diretor Ridley Scott arrastou multidões para os cinemas, pessoas afoitas por ver a perfeita caracterização da Roma antiga, a dualidade entre um Joaquin Phoenix sádico e um Russel Crowe (vencedor do Oscar de melhor ator) que é a personificação do termo guerreiro e horas de ação e entretenimento por um já clássico filme épico. Filmaço indiscutível. Mais destaques vão para a produção de Steven Soderbergh (vencedor do Oscar de melhor diretor) sobre o mundo das drogas, Traffic, e a aventura de Ang Lee pelo estilo clássico de filmes de lutas orientais com O tigre e o dragão. Não faz muito sentido nessa lista a presença de Erin Brockovich e Chocolate. Erin Brockovich tem seus méritos e Julia Roberts (vencedora do Oscar de melhor atriz) faz um grande trabalho, mas o filme em si não é grande coisa. Enquanto Chocolate... bem, reza a lenda que sua indicação foi comprada. Isso já fala muito sobre a qualidade – baixa – do filme. Uma boa opção que não consta na lista: Réquiem para um sonho, do diretor Darren Aronofsky, que deveria ter saído da premiação com no mínimo o Oscar de melhor atriz para Ellen Burstyn. Se você gostou de Cisne Negro, vai adorar Réquiem para um sonho.

2001

Melhor Filme
Uma mente brilhante
Assassinato em Gosford Park
O senhor dos anéis: a sociedade do anel
Moulin Rouge
Entre quatro paredes

Ano de fortes emoções e grandes produções para o Oscar. Ano da consagração do ator infantil que virou diretor renomado, Ron Howard, que conseguiu levar os dois principais prêmios da noite para sua brilhante película que retrata uma história fantástica desenvolvida na cabeça de um homem genial: Uma mente brilhante, grande sucesso dos anos 2000 com Russel Crowe e Jennifer Connely (vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante) liderando um grande elenco. Todos os outros quatro indicados são filmes excelentes. Assassinato em Gosford Park marca a volta do diretor Robert Altman, caminhando por terrenos distantes de tudo o que já havia produzido sem deixar, no entanto, sua marca única e seu estilo pessoal de fazer filmes. Entre quatro paredes é um drama intenso, sentimental e surpreendente. Moulin Rouge marca a volta dos musicais, gênero quase extinto na época que, pelas cores e sons vibrantes de Baz Luhrman, ganhou nova vida. A sociedade do anel é o primeiro capítulo de uma das trilogias mais lucrativas e bem sucedidas da história do cinema. Vencedor de melhor ator: Denzel Washington por Dia de treinamento (muito bom!). Vencedora de melhor atriz: Halle Berry por A última ceia (atuação legal, filme mais ou menos), primeira atriz negra a vencer na categoria – particularmente, preferia a vitória para Sissy Spacek (Entre quatro paredes). Quem poderia ser, então, a primeira atriz negra a vencer o Oscar de melhor atriz? Em minha opinião, Whoopi Goldberg por A cor púrpura, 1985.
Ah, a cerimônia desse ano, que aconteceu em fevereiro de 2002, foi a única que contou com a presença de Woody Allen. Todos sabem que o diretor não se importa com premiações, mas compareceu nesse ano para homenagear sua amada Nova York, que ainda sofria com as lembranças do 11 de setembro anterior.

Charlize Theron, melhor atriz em 2003
2002
Melhor Filme
O senhor dos anéis: As duas torres
Chicago
Gangues de Nova York
O pianista
As horas

Ano no mínimo estranho. Chicago saiu vencedor da noite. Se for analisado separadamente, percebe-se que Chicago é sim um grande filme. Porém, é impossível não associar o sucesso estrondoso de Chicago à abertura das portas para os musicais permitida no ano anterior por Moulin Rouge e mais difícil ainda é evitar a comparação entre Chicago e outras produções musicais, como o próprio Moulin Rouge e principalmente Cabaret (1972), que é mais parecido com seu estilo, porém muito melhor. Além disso, Chicago concorria diretamente com filmes fantásticos que eram melhores em elenco, direção, roteiro e elementos técnicos, sobretudo o filme que provavelmente mais merecia o prêmio, O pianista de Roman Polanski (vencedor de melhor diretor – Polanski – e melhor ator – Adrien Brody). Destaque também para a passagem de Virginia Woolf dos livros às telas através do intrincado e introspectivo As horas (vencedor de melhor atriz – Nicole Kidman) e para a viagem de Scorsese à formação de sua amada cidade através do violento Gangues de Nova York. Ano marcado também por um grande erro do Oscar, que deu o prêmio de coadjuvante para Catherine Zeta-Jones, Chicago, no lugar de uma Meryl Streep melhor que o de costume em Adaptação.

2003
Melhor Filme
O senhor dos anéis: O retorno do rei
Mestre dos mares
Sobre meninos e lobos
Seabiscuit
Encontros e desencontros


O ano basicamente se resumiu a uma produção: O retorno do rei. A conclusão da trilogia de Frodo e cia. levou nada mais nada menos que 11 prêmios para casa (igualando os recordes de Titanic e Ben-Hur), levando consigo melhor filme e melhor diretor (Peter Jackson) e fazendo uma limpeza nas categorias técnicas. Os outros indicados – ofuscados – realmente não têm a mesma força de O retorno do rei. Confesso que nunca assisti Mestre dos mares e que acho Seabiscuit muito sem graça. Sobre meninos e lobos é um drama intenso, surpreendente e muito bem dirigido por Clint Eastwood e com um elenco fantástico (Sean Penn – vencedor de melhor ator; Tim Robbins – vencedor de melhor ator coadjuvante). Encontros e desencontros é a simpática e sentimental incursão de Sofia Coppola através da solidão e do companheirismo do homem moderno em meio ao caos e a multidão do mundo atual. Quem conseguiu desviar um pouco os holofotes de O retorno do rei foi a vencedora do Oscar de melhor atriz, Charlize Theron. Seu papel em Monster é o mais visceral possível, sua caracterização física e psicológica é difícil de esquecer e impossível de ser ignorada, e seu trabalho é considerado por muitos uma das melhores atuações de vencedoras do Oscar da categoria (lembrando que já estamos com mais de oito décadas de prêmios). Na premiação, senti falta da presença de Evan Rachel Wood na categoria de melhor atriz, por seu papel dificílimo em Aos treze. Destaque também para a presença da produção brasileira Cidade de Deus, do diretor Fernando Meirelles, que alcançou uma representatividade enorme no cinema internacional e conseguiu cinco indicações ao Oscar, incluindo melhor diretor para Fernando Meirelles (muitos acham que ele é que deveria ter levado a estatueta).

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Lucas Moura 

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