quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Peço desculpas por essa semana sem post, é que a coisa no curso tá pesada. Domingo volto falando de um filme de Chaplin.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Julie e Julia - bon appétit!

Hoje nosso blog completa quatro meses, e por isso eu, Luís, farei o post de cinema da semana, especialíssimo, com um de meus filmes preferidos, Julie e Julia (Julie and Julia, 2009). O filme conta as trajetórias (reais) de duas mulheres, uma nos anos 1950 e outra nos 2000, inicialmente paralelas, mas que ao longo do filme vão se fundindo. Um filme muito, muito bonito e que consegue ser grandioso na sua simplicidade. São inevitáveis trocadilhos como "um filme delicioso": a comida é o plano de fundo do filme, e serve de elo de ligação entre as protagonistas.

Em 1948, depois de contribuir para a Inteligência americana na Segunda Guerra Mundial, o diplomata Paul Child (Stanley Tucci) e sua esposa Julia (Meryl Streep) chegaram em Paris, onde Paul ocuparia um posto diplomático. Logo de início Julia fica maravilhada com a cozinha francesa, e depois de se arriscar em alguns passatempos como bridge, ela entra na famosa escola de culinária Cordon Bleu, se destacando como uma das melhores alunas da turma. Em uma festa, Julia conhece Louisette Berthole (Helen Carey) e Simone Beck -Simca- (Linda Emond), duas amigas que estavam escrevendo um livro de culinária. Depois de ser aprovada no Cordon Bleu, apesar da implicância da diretora, Madame Brassart, Julia se une a Louisette e Simca para dar aulas para americanas, formando a chamada escola informal L'école de les trois gourmandes, sempre apoiada por Paul. Essas são algumas marcas do casal: compreensão, apoio, amor incondicional.
Já em 2002, Julie Powell (Amy Adams), funcionária pública no Departamento de assistência às vítimas do 11 de setembro, se vê perdida no tempo. Prestes a completar trinta anos, percebe que nunca fez nada de especial, e estava levando uma vida normal demais. Depois de ser enganada por uma antiga colega de faculdade e aparecer na capa de uma vista como fazendo parte de uma "geração perdida", Julie decide fazer um blog, e seu marido Eric (Chris Messina) sugere que ela faça sobre culinária. Surge então a ideia de preparar todas as receitas de Dominando a arte da cozinha francesa, escrito pela americana Julia Child e por duas francesas, com o prazo de um ano. O livro, lançado na década de 60, era uma espécie de "bíblia" culinária para as donas de casa norte americanas e fez de Julia uma espécie de guru gastronômica na terra do Tio Sam.
O livro de Louisette e Simca, que era voltado às americanas que moravam na França, foi rejeitado pela editora e precisava de alguém que o traduzisse para o inglês. As duas decidem convidar Julia a se tornar co-autora, e quando a americana passa a colaborar, o livro ganha mais carisma e acessibilidade. Julia recorria bastante aos conselhos da amiga americana Avis De Voto (Deborah Rush), com quem se correspondia; Avis se tornou peça chave na publicação do livro. Nesse meio tempo, sua irmã Dorothy (Jane Lynch) vai visitá-la, e conhece um amigo de Paul, por quem se apaixona; o casamento é feito pouco tempo depois em Paris. Na ocasião são apresentados os pais de Julia, com atenção para o pai, republicano e admirador do senador McCurthy, que liderou uma caça aos comunistas nos EUA.
Alguns meses depois Dorothy manda uma carta onde diz estar grávida; nesse momento é revelada a grande (e talvez única) decepção de Julie e Paul: não terem filhos. Nessa mesma época a política anti-comunista atinge Paul: ele estava sendo investigado como suspeito de ter ideias esquerdistas, já que servira na China. Mesmo inocentado, Paul é transferido para o sul da França, e depois para outros países europeus, o que fez a conclusão do livro de Julia ser adiada.
Quanto a Julie... seu projeto de fazer as muitas receitas do livro ia dando certo, mas estava desgastando o casal (segundo Erick, "comida demais e sexo de menos"). Julie, que era um pouco egocêntrica, foi se tornando mimada e achava que tudo que importava no mundo era seu blog, chegando a deixar o marido de lado. Seu estresse chega ao extremo quando ela perde uma chance de se tornar conhecida na imprensa, e numa briga com Erick, ele sai de casa. É aí que o projeto se abala, pois Julie fica sem chão.
Depois disso, o filme (para ambas as protagonistas) segue rumos bem interessantes. Dessa vez não conto o final da história, primeiro porque indico (muito, muito) o filme e segundo porque no nosso Cinema de quinta não costumamos fazer isso.O que digo é: o filme é levado de tal forma que o espectador percebe que a comida não é o foco principal, é apenas o elo de ligação entre Julie e Julia, separadas por 50 anos. O verdadeiro tema principal é amor, já que temos dois casais tão felizes, quase perfeitos. Julia e Paul se conheceram quando ela tinha mais de quarenta anos, e nunca mais se separaram; tinham cumplicidade e sabiam apoiar um ao outro quando precisavam. Já Julie e Erick, não parecem ser tão perfeitos assim (Julie chega a dizer que "Julia nunca brigou com o marido"), mas provam ser ideais um para o outro.
Julie e Julia tinham personalidades bem distintas: Julia era forte, decidida, enquanto Julie desistia facilmente e surtava com frequência. O que elas têm em comum é o amor por cozinhar e o talento isso, e os casamentos. ambos bastante felizes.
O enredo é muito bom, mas não é do tipo que vai concorrer a grandes prêmios, o que não pode ser dito do elenco, que é de primeira. A começar por Meryl Streep (minha atriz preferida e considerada por muitos a melhor da atualidade), que como Julia concorreu ao Oscar (2010) pela 16ª vez, perdendo para Sandra Bullock, que concorreu por Um sonho possível (The bind Side, 2010). Julia não é considerada uma personagem muito difícil, mas a atuação de Meryl foi ótima (pra variar), chegando a ganhar o Globo de Ouro de Melhor atriz de Comédia ou Musical (2010). Amy Adams também fez um bom trabalho como a estressada e insegura Julie, se mostrando bastante versátil, já que suas personagens geralmente são muito conturbadas, e Julie é uma pacífica dona de casa. Stanley Tucci, como Paul, também foi muito elogiado; foi escolhido para o papel pela diretora, Nora Ephron, e pela própria Meryl, que ao conhecer a personagem disse que Stanley era o ator certo para interpretá-la. Chris Messina, Linda Emond e Deborah Rush são outros que mandaram bem na telona.
Julie e Erck Powell
Saindo do filme e indo pra vida real: Julia Child e Julie Powell são pessoas que existiram de verdade (existem, no caso de Julie). Julia publicou Mastering the art of French Cook em 1961, e nesses cinquenta anos o livro já teve mais de cinquenta edições. Depois da publicação do livro os americanos mudaram seu jeito de comer, valorizando refeições em família, deixando de lado (quando possível, claro) o fast food. Julia passou a apresentar um programa de TV e se tornou o ícone da culinária americana. Quanto a Julie, seu blog se tornou conhecido nacionalmente, e a partir dele foi feito o livro Julie & Julia, que serviu de base para o filme. Julia faleceu em 2004 com 91 anos; Julie vive em Queens, Nova York e tem 38 anos.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

(pré) Julie e Julia

Hoje não tem post por três motivos: anatomia humana 1, bioquímica, e por eu estar preparando um post especial pra quinta, com o filme Julie e Julia (Julie and Julia, 2009). Por enquanto eu deixo aqui o trailer; até quinta.

domingo, 11 de setembro de 2011

As mil e uma noites

11 de setembro, luto pelas vítimas, babaquice de soberania americana, teorias conspiratórias, isso tem todo ano. Mas o que nunca falam o que há no Oriente Médio, além dos fanáticos religiosos muçulmanos: uma cultura riquíssima desenvolvida pelos seguidores do profeta Maomé. Na Idade Média, enquanto a Europa vivia num atraso científico, os árabes estavam a pleno vapor, por exemplo na medicina,astronomia, matemática e literatura. E quando se fala em literatura árabe, a gente lembra logo das Mil e uma noites.
O pontapé inicial é bem conhecido: um rei persa chamado Shariar, depois de ser traído por sua primeira esposa,  manda matá-la e passa a odiar as mulheres, vingando-se através de um jeito bem perverso: casava-se todos os dias (aproveitava a noite), e na manhã seguinte matava as esposas. Até que uma jovem esperta chamada Sherazade (depois de aproveitar a noite), sabendo o que esperava por ela na manhã seguinte, pediu permissão ao rei para lhe contar uma história. O rei consentiu, e ela iniciou uma narração, parando no meio da história e prometendo continuar na noite seguinte. Shariar, que aparentemente não teve infância e se encantou pela história, acatou Sherazade e esperou o final do conto. A rainha foi se aproveitando da curiosidade do marido, e sempre que acabava uma história, começava outra, sempre preocupada em salvar o próprio pescoço. 
Mas como eu disse, as histórias eram contadas antes de dormir, depois que o casal se entendia (er...). Assim, Shariar e Sherazade deixaram de ser estranhos um para o outro, foram se conhecendo melhor e acabaram se apaixonando. A rainha contou histórias durante mil e uma noites até que Shariar prometesse poupar sua vida. A doença (mental) do rei foi curada, e ele deixou de ser um homem amargo, e eles viveram felizes para sempre. Ou então felizes até que Shariar resolveu ter um harém, hehe.
As mil e uma noites são uma coletânea de histórias árabes e hindus que existiam há muito tempo, e foram reunidas em árabe a partir do século IX. Já no século XVIII foram trazidas para o ocidente pelo francês Antoine Galland; as histórias ganharam grande repercussão e devido ao seu valor literário e cultural, se tornou um clássico mundial.
Entre as histórias mais conhecidas estão Aladim, Ali Babá e os quarenta ladrões e Simbad, o marujo.

ps: pra matar as saudades de Osama, uma musiquinha pro barbudo.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Moulin Rouge - freedom, beauty, truth and LOVE

Christian (Ewan McGregor) é um jovem aspirante a escritor londrino que viaja para a vila de Monmarte, nos arredores de Paris, a fim de fazer parte da revolução boêmia que pairava na virada do século XIX para o século XX. Lá chegando, ele conhece Toulouse Lautrec e seu grupo de amigos pobres e boêmios e acaba se envolvendo no trabalho deles: a peça teatral da revolução boêmia, intitulada Espetacular espetacular! Após mostrar seu talento como compositor, em referência clara a A noviça rebelde (The sound of music, 1965), Christian passa a ser o diretor e escritor do show boêmio.
Para conseguir o dinheiro para realizar a peça, Toulouse, Christian e os outros vão buscar em Harold Zidler o financiamento necessário. Zidler é o chefe e mestre de cerimônias do maior cabaré do mundo, o Moulin Rouge, onde as pessoas saem de suas vidinhas sem graça e entram no lugar onde o que reina é a diversão. Uhu!
O problema é: como fazer Zidler aceitar Christian como o novo diretor/escritor de Espetacular espetacular? Toulouse tem a brilhante idéia, então, de fazê-lo se encontrar com Satine (Nicole Kidman) e convencê-la de que realmente é muito talentoso. 
Satine é a estrela maior do Moulin Rouge. Apelidada de “sparkling diamond”, é a atração principal do cabaré. Isso fica bem óbvio na sua cena de apresentação. A noite estava um caos, a música alta e agitada, as pessoas cantando e gritando e dançando, a edição rápida faz cortes de todos os tipos na cena, um verdadeiro caos e aí tudo de repente para. As luzes se apagam, apenas uma chuva de papel cintilante picado e aí surge Satine, a estrela, atraindo todas as atenções para si. A partir daquele momento, Christian se apaixona pela cortesã. O problema é que naquela noite não foi só ele que se encantou por Satine, havia o duque.
O Duque é o investidor de Zidler, de quem Zidler tenta conseguir a grana necessária para sua maior ambição: transformar o cabaré Moulin Rouge no teatro Moulin Rouge. Sendo assim, o Duque é, também, o investidor da peça dos boêmios. É claro que o Duque não poria seu dinheiro à toa em um espetáculo “hippie” qualquer cujo lema é “freedom, beauty, truth and love”. Tudo tem seu preço. E o preço é Satine.
Voltando, a confusão começa a ficar mais confusa quando Toulouse consegue fazer com que Christian vá ao encontro de Satine no Elefante, espécie de suíte particular da cortesã. O problema é que a moça acredita que ele é o Duque de quem Zidler havia lhe falado e tenta de todas as maneiras conquistá-lo. Quando descobre que o rapaz é só um pobre escritor, as coisas já estão ainda mais complicadas, pois eles já estão se apaixonando. Amor à primeira canção. Como se não estivesse bizarro o bastante, o verdadeiro Duque aparece enquanto Christian está lá com Satine e os dois, junto aos boêmios e Zidler tem que improvisar na hora o que seria a história de Espetacular espetacular que acaba sendo a de uma cortesã hindu que se vê entre um rico marajá que teoricamente lhe dará a vida confortável que tanto almejou e o amor do pobre tocador de cítara. Muito metafórico.
Satine e Christian se apaixonam, mas tem que se relacionar escondidos pois a moça está prometida ao Duque que, se contrariado, pode acabar com todos e com o Moulin Rouge. Para piorar, ele ainda se torna cada vez mais ciumento e possessivo e mesmo com todos os esforços e as mentiras criativas de muitos para que o relacionamento de Satine e Christian não seja descoberto por ele, esse momento é chegado e sua obsessão é levada ao extremo (numa das melhores cenas do filme, aliás).
O pior é que o mala do Duque não é a única coisa entre o casalzinho. Existem forças mais fortes entre o romance dos dois.
Moulin Rouge (2001) é um dos meus musicais preferidos. Fato. Já vi muitas e muitas vezes e certos momentos ainda me divertem como se fosse a primeira vez que estou vendo o filme (falo da cena de Satine e Christian no Elefante). Está entre os meus favoritos junto a Cabaret (1972), All that jazz (1979) e Sweeney Todd – o barbeiro demoníaco de Rua Fleet (2007). É um musical sobre o amor e sobre como ele é importante em nossas vidas.
O filme passa muito bem por vários estilos. No começo é leve, divertido e aos poucos vai ficando cada vez mais tenso, alcançando tensão máxima na cena do jantar na torre. Daí em diante se torna mais melancólico, até o final trágico.
Tecnicamente falando é um filme muito inovador. A direção de arte e os figurinos são muito interessantes formando cenários perfeitos e cheios de elementos. A edição é bem rápida, toda recortada, os fatos vão passando com muita velocidade num ritmo acelerado, mas não em todos os momentos, apenas nos momentos certos. O filme se faz lento ou veloz quando preciso. A trilha sonora é brilhante. Aqui não se tem exatamente uma trilha sonora original no que se diz respeito a todas as músicas serem novinhas, feitas para o longa, mas tem toda sua originalidade na criatividade. Criatividade, pois muitas das músicas do filme são, na verdade, compostas por partes de grandes sucessos da música existentes. Músicas de The Police, U2 e Madonna são muito bem usadas no filme. A trilha sonora é boa demais!
Além disso tudo de bom, ainda tem as atuações. Jim Broadbent, Ewan McGregor e os demais estão de parabéns, mas Nicole Kidman rouba totalmente a cena. Fato. Satine é uma personagem mais complexa do que parece. Ela se apresenta cantando “cause we are living in a material world, and I’m a material girl”. Dá para ter uma noção dos valores que a moça leva em consideração. E aí, após se apaixonar por Christian, há essa inversão de valores, onde o sentimental passa a ter muito mais peso do que o material, razão pela qual o desprezo ao Duque, o qual tanto lhe interessava conquistar no começo da trama. Seu maior desejo é o de se tornar uma grande atriz, algo que infelizmente não chega a se realizar e que só teria alguma chancezinha de acontecer através do insuportável do Duque. Nicole Kidman acha o tom certo para Satine. Divertida, sensual, melancólica, Satine é muitas em uma só, e para todas elas Nicole acerta em cheio. Não imagino nenhuma atriz que faria seu trabalho melhor. Confesso que Nicole é uma das minhas atrizes preferidas.
Não sou grande fã do diretor Baz Luhrmann. Para mim, a única coisa que ele acertou em cheio na sua carreira foi Moulin Rouge, tendo seus outros filmes várias imperfeições. Gosto de Romeu e Julieta (1996), mas acho que toda aquela mistura entre visual meio moderno com linguagem clássica e aquele visual ficou um pouco estranho. Austrália (2009) parece dois filmes em um só, sendo o primeiro bem mais interessante que o segundo. De divertido, fica quase entediante.
Moulin Rouge só foi premiado no Oscar por direção de arte e figurino, tendo Nicole Kidman amargado uma derrota nada a ver para Halle Berry (ahn?) por A última ceia (Monster’s Ball, 2001) e perdendo melhor filme para Uma mente brilhante (A beautiful mind, 2001). Nada contra o filme de Ron Howard, mas, em minha opinião, é um filme que não conseguiu se posicionar no seu gênero como Moulin Rouge fez, não mesmo.
O filme pode não ser perfeito, mas o considero uma obra-prima dos musicais e o melhor deste gênero destes 10 anos de século XXI. É um filme de exageros. O visual é exagerado em cor e conteúdo, a edição é exagerada, a trilha sonora é exagerada, a fotografia é exagerada, as atuações, por vezes, são exageradas (principalmente com relação a Zidler) mas o exagero aqui dá muito certo.

por Lucas Moura

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Freddie Mercury

Tem tempo que eu queria fazer um post sobre Queen/Freddie. Tem dia melhor que hoje, aniversário do ídolo? Se estivesse vivo, Mercury faria hoje 65 anos. Faleceu aos 45, vítima de broncopneumonia, contraída por ser portador do HIV; desses 45 anos mais de vinte foram dedicados ao Queen, uma das maiores bandas de todos os tempos, onde Freddie ficou conhecido por todo o planeta.
O nome verdadeiro de Freddie Mercury é Farrokh Bulsara, nascido em Zanzibar em 1946. Na época o país era colônia britânica; ainda criança Farrokh foi viver na Índia, também colônia, e recebeu uma educação no melhor estilo britânico. Foi um jovem quieto e tímido (diferente de quando era adulto, nos palcos). Se mudou para Londres, onde se formou em design gráfico e conheceu Tim Stafell, que tinha uma banda chamada Smile, junto com Brian May (guitarrista) e Roger Taylor (baterista). Freddie entrou na banda; Tim saiu depois de algum tempo, levando o grupo a procurar um baixista, e só em 1971 John Deacon entrou para a banda. Estava formada Queen, por Freddie, Brian, Roger e Jhon.
A partir do terceiro disco, Sheer Heart Attack (1974), Queen já tinha diversas músicas entre as mais tocadas. O álbum seguinte, A night at the Opera (1975), é um dos mais importantes: primeiro a atingir um milhão de cópias, a ganhar disco de platina e inaugurou o chamado "rock arte", o rock em grandes produções. No cd estão alguns dos maiores sucessos do grupo, como Love of my life e Bohemian Rhapsody, ambas compostas por Mercury.
Já nos anos 80, a banda passou por um momento onde o sucesso não era muito grande, mas voltaram a roubar a cena em shows como o do Rock in Rio, em 1984, e Live Aid, em 1985, para ajudar as vítimas da fome na África. O cd A kind of magic (1986) levou Queen de volta ao topo das mais pedidas, com Friends will be friends, A kind of magic e One vision. No mesmo ano foi feita a ultima apresentação, com um público de 140 mil pessoas.
Freddie lançou seu segundo disco solo em 1987, The great pretender, e em 1988 lançou o terceiro. O Queen se reúne novamente em 1989, com o álbum The Miracle, com sucessos como I want it all. Nesse ano a banda foi eleita a melhor e mais influente da década de 80. Já soropositivo, mas sem divulgar, Freddie continua contribuindo com a banda, mas em 1991, no último clipe do Queen em que apareceu, ele estava muito magro. A mídia passou a divulgar isso, e os fãs ficaram preocupados. Em 23 de novembro, Freddie Mercury anunciou ao mundo que era portador do HIV, falecendo poucas horas depois. O mundo da música ficou de luto, o que ficou demonstrado no ano seguinte, num tributo ao grande cantor feito no estádio de Wembley, em Londres.
Oficialmente o Queen nunca acabou, mas depois da morte de Mercury a quantidade de apresentações diminuiu; o último cd inédito foi lançado em 1995. John Deacon se retirou da banda em 1997. Já nos anos 2000, Brian May e Roger Taylor, junto a Paul Rodgers, fizeram uma turnê pela Europa, usando o nome Queen. Nos últimos anos, foram lançados alguns cds com a participação de Paul Rodgers.




quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O destino mudou sua vida - em defesa das cinebiografias

O destino mudou sua vida (Coal minner’s daughter, 1980) conta a história da cantora de música country Loretta Lynn.
"Na minha vida tudo acontece muito rápido”, com toda certeza. Menina pobre de uma vila de mineradores casa com Doolittle Lynn (Tommy Lee Jones, galego) aos 14 anos de idade e, após certas desavenças do casal, vão morar em outro estado. Lá, tem seus filhos e vivem suas vidinhas simples. Tudo muda quando Doo resolve comprar um violão para Loretta no aniversário de casamento (em vez do anel de noivado que ainda não tinha vindo e que ainda demoraria a vir), sendo que ela nem sabia tocar. Motivo: Doo acreditava que sua mulher era uma grande cantora. A partir daí, os dois passam a viver buscando uma oportunidade de Loretta crescer através de seu talento. É minha parte preferida do filme, os dois fazendo todos aqueles improvisos para tirar fotos de divulgação e indo de gravadora em gravadora, de rádio em rádio pelo país procurando uma oportunidade. Oportunidade conquistada a partir do sucesso de sua primeira música na rádio, sua chegada calorosa a Nashville, capital estadunidense da música country, e de sua amizade e parceria com Patsy Duke. Depois da morte de Patsy, Loretta passa a ser a cantora n°1, mas a fama exagerada também tem seus pontos negativos.
Antes simples e ridiculamente inocente e tímida, Loretta agora vive de luxo e egocentrismo. Não cuida mais dos filhos (mal sabe diferenciar as gêmeas, suas filhas mais novas), não dá muita atenção aos fãs e até mesmo sua longa e forte relação com Doo está enfraquecida. O relacionamento dos dois é o ponto vital do filme, e é através dele que Loretta dá a volta por cima na sequência final.
Sissy Spacek - a ótima atriz de Carrie (1976) e Entre quatro paredes (2001), que infelizmente não faz mais tantos trabalhos, é perfeita no papel de Loretta Lynn. Acho que Sissy tem facilidade com papéis de mocinhas inocentes, no começo Loretta até me lembrava um pouco a irritantemente passiva protagonista de Terra de ninguém, também vivida por ela. A transição de garotinha de 14 anos a celebridade passando por dona de casa e mãe é feita muito bem. Vencedora do Oscar de melhor atriz no ano de 1981. Tommy Lee Jones faz o papel do esperto Doolittle Lynn, sem ficar muito atrás de Sissy. A pior parte relacionada ao seu personagem é seu nome tosco.
O destino mudou sua vida é um filme no estilo clássico de cinebiografia de artista da música, acompanhando toda a trajetória da cantora, passando pelos problemas de sua vida profissional e pessoal. Isso às vezes é ruim para o filme. Às vezes, querer que o espectador acompanhe tudo que acontece na vida da pessoa compromete e muito o ritmo do filme. Certas cinebiografias fazem questão de não nos poupar de nenhum dos muitos sofrimentos da vida dos pobres coitados, e o filme acaba se tornando lento e ás vezes meio cansativo. Piaf (2008) e Johnny e June (2005) são bons exemplos disso aí que estou falando, apesar de gostar muito dos dois. Mas em O destino mudou sua vida isso não é um problema. As coisas realmente acontecem muito rápidas na vida de Loretta e bem assim é o ritmo do filme. Rápido, mas não em exagero. Um ritmo bom de acompanhar. As fases da artista são muito bem distribuídas ao longo do filme, nada de longos planos de sofrimento.
Cinebiografia simples, sem muitas tragédias, divertida quando é preciso, sóbria quando é preciso e boa de assistir. Recomendo.
Obs: esses tradutores brasileiros bebem? O destino mudou sua vida não tem absolutamente nada a ver com Coal minner’s daughter, que numa tradução ao pé da letra seria A filha do mineiro, título que tem tudo a ver com o filme, inclusive com uma das canções finais de Loretta, bonita por sinal.

por Lucas Moura