quinta-feira, 24 de julho de 2014

A Culpa é das Estrelas - de quem é a culpa?

Recentemente, fui conferir o último grande hit do cinema, o filme que arranca um mar de lágrimas por todas as sessões em que é exibido e que tanto fez sucesso entre o público, independente de idade ou sexo: A culpa é das estrelas. Baseado em livro homônimo, traz um pouco sobre a vida de uma jovem de 17 anos, Hazel Grace (Shaileene Woodley, boa atriz. Gosto dela), que está lentamente morrendo devido a um câncer com metástase para os pulmões e todas as complicações envolvidas neste processo, um sofrimento que lança muitas limitações em sua vida já há alguns anos. As coisas começam a mudar para Hazel quando ela conhece Augustus, que também tem câncer, a pessoa a qual ela não vai apenas se apaixonar, como viver uma história de amor das mais românticas e trágicas possíveis, enquanto os dois, de mãos dadas, enfrentam os medos pelas suas atuais condições de saúde e também entram num caminho de autodescoberta.
Sim, é um filme bastante emotivo e eu até entendo que muita gente se emocione e imagino que o livro apresente de maneira melhor os momentos dramáticos e cômicos, o que deve torná-lo mais interessante. O ponto é que A culpa é das estrelas é um filme muito clichê. É uma história que já foi contada milhares de vezes em milhares de filmes para o mesmo (ou não) público, com alguns disfarces. Se for parar pra pensar, quantos filmes você já viu em que o maior impedimento para que um romance seja “eternizado” seja a morte (de preferência por doença pra ser mais lento) de uma das pessoas no casal? Tenho certeza que muitas. Isso é porque nada na vida é mais forte que a própria morte e o ideal de a morte ser o elemento de separação física (afinal, eles vão se amar para sempre s2) é algo extremamente romantizado. É o “até que a morte os separe” que está muito mais para um ideal romântico que algo concreto. Enfim, digo isso não num sentido de crítica negativa, pois é uma fórmula que funciona no cinema, e nas artes em geral, há séculos. Em termos de cinema em si, temos obras (inclusive clássicas) muito boas, muito interessantes e muito emocionantes mesmo que se centram também neste núcleo. O ponto é que por ser algo tão retratado – tão clichê – é muito importante dar-se ao trabalho de fazer um grande esforço para que seu clichê funcione de maneira tal que seja diferenciado dos outros colegas clichês. Precisa ter um elemento a mais, algo que arrebate o público de maneira diferente sem ter que conquistá-lo usando a mesma ladainha previsível que todo mundo sabe. No caso do cinema, as maneiras para se apropriar de um clichê de maneira satisfatória são as mais diversas. O estilo artístico do filme, alguma inovação técnica, as maravilhas de uma bela fotografia e principalmente as nuances de um bom roteiro são capazes de fazer uma grande diferença. Falo isso porque, apesar de não parecer, eu conheço e gosto de muitos filmes de romance (e comédias românticas também), mas as que realmente me agradam são as que trazem: personagens reais – não idealizações de homens e mulheres adoravelmente perfeitos, altruístas e blabla –, complicações reais (até dá pra ligar isso à vida de Hazel) e, principalmente, situações reais. O gênero de romance peca muito por tentar forçar as pessoas à emoção. É como se gritassem “VAMOS! AGORA! CHOREM!” quando na verdade os sentimentos mais bonitos podem ser expressos das maneiras mais simples, discretas e cruas que muitas poucas vezes podem ser exprimidas em toda sua potência simplista quando os atores são forçados a closes chorosos e declarações de amor extensas e dramáticas.
Falei isso tudo porque é mais ou menos aí que A culpa é das estrelas peca. Somado a isso, o filme também tem algumas sequências que eu, particularmente, julguei desnecessárias. Não gostei de absolutamente nada em toda a parte Amsterdã do filme e achei boa parte de tudo que aconteceu ali desnecessário – inclusive o primeiro beijo do casal. Ok, o primeiro beijo sucedeu um momento de superação e tudo mais, mas me desculpem se eu não consigo ver o lugar onde a família Frank se escondeu dos nazistas como algo romântico. Tipo, de jeito nenhum. Se alguém consegue, ok. Ok? Ok. Em Amsterdã eles também conhecem um escritor que é o ídolo de Hazel e uma pessoa teoricamente importante na trama, pois a história não contada em seu livro, na visão de Hazel, poderia dar uma luz a ela em relação ao que realmente a preocupa com o câncer: como sua família vai lidar com isso? Qual seria o impacto de sua ausência no núcleo familiar? Esse é um ponto que eu particularmente acho muito nobre na trama e na personagem (pontos para Hazel Grace!). Esse escritor, vivido por William Dafoe (!!!), mostra-se uma pessoa amarga, desprezível e humana. 
Hazel é uma personagem bacana, menina forte e tudo mais. Gostei dela. Não gostei foi de Augustus. Nossa, que cara chato. É extremamente caricato numa tentativa irritante de ser o homem mais sensível, mais divertido, mais amável e mais cool do mundo com suas metáforas bobas, suas frases de efeito, seus maneirismos e todo seu altruísmo. Ele é tão perfeito que chega a ser irritante, sem falar em como o ator que escolheram para fazê-lo é sem sal. As outras personagens da trama não são muito relevantes.
Para não dizer que o filme é todo previsível, ele tem uma ou outra reviravolta. Porém, as reviravoltas por si só são fáceis de anteceder. O filme meio que muda um pouco de foco da primeira metade para a segunda, sendo que a primeira é a melhor. A segunda é interminável e irritantemente dramática, sem falar que dá pra pontuar tudo o que vai acontecer. Dá até pra prever a última fala do filme.
Então, é isso. A culpa é das estrelas. Um filme bom para as pessoas mais emotivas (a fórmula do amor SEMPRE funciona), mas que pra curtir mais é melhor desviar um pouco o olhar pra certos probleminhas. Antes que as pessoas me odeiem, vale lembrar que tudo aqui neste texto é opinião MINHA. Desta forma, vi algumas coisas que gostei, vi coisas que detestei. O ponto aqui é, mais uma vez, a necessidade de clamar por atenção dramática. Respondendo à pergunta no subtítulo do post: a culpa não é das estrelas. A culpa é do roteiro (e da direção. E de Augustus).

Nota: 4,0/ 10

Lucas Moura

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Filmes pro final de semana - 18/07



1. Melancolia (Melancholia, 2011)
Transformar o fim do mundo numa obra de arte de beleza singular- foi o que Lars von Trier fez em Melancolia. Dividido em duas partes, o filme acompanha duas irmãs, Justine (Kirsten Dunst) e Claire (Charlotte Gainsbourg), na iminência do choque de um planeta gigante com a Terra. A primeira parte, intitulada Justine, mostra o casamento desta no castelo de seu cunhado, John. A festa luxuosa é o ponto de partida para o desencadeamento da severa depressão que se abate sobre Justine. Já na segunda parte, surge o misterioso planeta Melancholia, que em sua rota gravitacional passaria próximo à Terra, se bem que para muitos ele colidiria. O filme aborda as diferentes reações diante do fim do mundo, a pequenez do homem diante do universo e outros temas amplos de forma brilhante. Um espetáculo de imagens e sentimentos.
Nota: 10
2. Educação (An Education, 2009)
Charmoso e encantador, Educação é um filme sobre a transição entre adolescência e idade adulta, com todas as expectativas e frustrações dessa fase. Jenny (Carey Mulligan) tem 16 anos e mora com a família num subúrbio de Londres. Inteligente e erudita, Jenny sonha com um diploma de Oxford e uma vida agitada e interessante, ao mesmo tempo em que vive no que chama de tédio da adolescência e aguarda ansiosa seus dias de independência. Quando conhece um carismático homem de mais de trinta anos, Jenny se vê envolvida num mundo novo e elegante, frequentando concertos, restaurantes caros, leilões de arte e outros eventos cheios de glamour - deixando Jenny no dilema entre sua educação formal e o aprendizado que tal vida poderia lhe oferecer. Ótimo em diversos aspectos, tem na atuação da até então pouco conhecida Carey Mulligan um show à parte.
Nota: 9,5/ 10
3. Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice, 2005)
Uma das melhores e mais queridas adaptações para o cinema de clássicos literários, Orgulho e preconceito traz a linda Keira Knightley como a jovem Elizabeth Bennet, uma das poucas cabeças sensatas em meio a uma família de cinco irmãs do interior da Inglaterra. Diferente dela e de sua irmã mais velha, Jane, as três mais novas são desmioladas que só pensam em casar, graças à influência de sua mãe. O que muda o destino das irmãs Bennet é a chegada do rico sr. Bingley à cidade, acompanhado de suas irmãs e do antipático sr Darcy (Matthew Mcfadyen). Enquanto a relação de Jane e Bingley promete seguir um belo caminho, a de Elizabeth e Darcy é cheia de discussões. Mas nada que um enredo não possa mudar.

Nota: 9,0/ 10
4. Clube da luta (Fight club, 1999)
A década de 90 não foi uma das melhores do cinema, mas alguns filmes fizeram história e até hoje são referência para profissionais e público da Sétima arte. Um dos maiores exemplos é Clube da luta, ícone da filmografia de David Fincher, que põe em xeque os valores de uma sociedade guiada pelo consumo e por definições vazias do que é sucesso ou felicidade - "trabalhamos em empregos que não gostamos para comprarmos coisas das quais não precisamos", diz Tyler Durden (Brad Pitt) para o narrador anônimo (Edward Norton). O narrador vive uma vida pacífica demais e é a convivência com Tyler, violento e rebelde, que vai mudá-lo, quando os dois iniciam um grupo que se reúne pra trocar porrada. Isso e a relação com Marla (Helena Bonham Carter), que ele conheceu frequentando grupos dos quais nenhum dos dois precisava. A proposta do filme e os segredos que vão sendo revelados são algo arrebatador que tão cedo não será esquecido. E vou encerrar aqui, afinal a primeira regra do Clube da Luta é não falar sobre o Clube da Luta.
Nota: 10
5. O Desprezo (Le Mépris, 1963)
Para o público mais exigente, a dica é um dos melhores filmes de Godard, e de todos os tempos. O desprezo acompanha a ruína de um casamento a partir de um ato repugnante do marido Paul (Michel Picoli) em relação à sua bela esposa Camille (Brigitte Bardot). Paul, que é convidado a escrever o roteiro de um filme de Fritz Lang, faz vista grossa às investidas do chefe, o produtor Jeremy (Jack Palance) sobre sua esposa - e quando ela percebe, passa a desprezá-lo. Enredo interessante, diálogos tensos e imagens deslumbrantes são alguns dos ingredientes que fazem deste um clássico universal.
Nota: 10

Luís F. Passos

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Filmes pro final de semana - 11/07

1. Inside Llewyn Davis (2013)
Até agora o filme que mais gostei nesse ano. Os Irmãos Coen contam a história de Llewyn Davis (Oscar Isaac), cantor fracassado que não conseguiu emplacar sucesso, viu seu parceiro e melhor amigo falecer, a família lhe virar as costas e estragou um relacionamento com a mulher que amava (amava mesmo?) Ambientado no Greenwich Village dos anos 60, de onde saíram astros do quilate de ninguém menos de Bob Dylan, Inside Llewyn Davis é um tanto influenciado pela história real do cantor Dave Von Ronk, cuja problemática personalidade era digna de fama. Llewyn é um pobre coitado que sabe que é um coitado ao mesmo tempo que mantém um desdém por tudo e todos, inclusive Jean (Carey Mulligan), com quem teve um caso, Jim (Justin Timberlake), marido de Jean e cantor bem sucedido, além dos vários outros personagens. Mais um filmaço dos Coen sobre figuras fracassadas, dessa vez abrilhantado por uma excelente trilha sonora.
Nota: 10
2. Vicky Cristina Barcelona (2008)
Sem dúvidas um dos mais queridos entre os últimos filmes de Woody Allen, Vicky Cristina Barcelona esbanja sensualidade através de seus quatro protagonistas e beleza e encanto de seu cenário, a cidade de Barcelona e a região da Catalunha. Quando Vicky (Rebeca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) chegam à cidade, não imaginavam que em meio à rica cultura espanhola iriam encontrar o amor na figura do provocante pintor Juan Antonio (Javier Bardem), que as convida para um fim de semana cheio de lugares lindos, bons vinhos, pratos deliciosos e muito sexo. O inusitado convite é o ponto de partida para um breve contato entre Vicky e Juan Antonio e o início da relação do artista com Cristina - que será sacudido com a volta da ex mulher dele, Maria Elena (Penélope Cruz). Os cenários, o idioma, a música, a fotografia e o elenco são ingredientes que fazem deste um filme intenso, sexy e carismático, mostrando a versatilidade de Woody mesmo depois dos setenta anos, além de sua capacidade de criar grandes personagens femininas que presenteiam suas intérpretes com Oscar - Penélope Cruz foi vencedora na categoria atriz coadjuvante.
Nota: 9,0/ 10
3. Os Bons Companheiros (GoodFellas, 1990)
Violento, brutal, e estranhamente carismático. Um dos melhores filmes de Scorsese aborda a escória da máfia, gângsters nascidos no subúrbio que em nada lembram a elegante e cavalheiresca máfia romantizada em outras obras. Henry (Ray Liotta) desde garoto sabia que queria entrar na máfia e ter todos privilégios que o crime lhe proporcionaria, e ao lado de seus amigos Tommy (Joe Pesci) e Jimmy (Robert De Niro) ganha experiência e uma extensa ficha criminal que inclui agressão, extorsão, assassinato e tráfico de drogas. A amizade dos três beira a fraternidade, as famílias se dão muito bem, mas nem mesmo uma organização criminosa com base tão sólida pode ser resitente a tudo. A ascensão social a partir da máfia, o status que representa a gangue, as relações entre as personagens e a forte violência são mostradas com magestria e por incrível que pareça, com um humor um tanto irônico. (Funny? Funny how, motherfucker?)
Nota: 10
4. Nascido para Matar (Full Metal Jacket, 1987)
Um filme sobre a Guerra do Vietnã de arrepiar: além de mostrar soldados no campo de batalha, Nascido para matar se dedica a tratar da formação deles. O filme começa em solo americano, numa base de recrutas dos Fuzileiros Navais, onde um sargento terrorista afirma para seus comandados que a partir daquele momento até seus rabos pertenciam à pátria. Metade do longa é ambientada na base, mostrando o rígido treinamento e a disciplina de ferro do sargento, e a outra metade se passa em solo vietnamita, onde se prova que no fundo não há muita diferença entre soldados, sargentos ou oficiais: todos são vítimas da alienação da guerra, treinados apenas para matar, sem saber por que ou para quem. Um filme único, e sem dúvidas um dos melhores já feitos sobre guerra.
Nota: 10
5. Quanto mais quente melhor (Some like it hot, 1959)
Dois músicos pobretões que precisam fugir da máfia de Chicago, uma banda feminina bem assanhadinha, uma cantora loira de parar o trânsito e milionários na Flórida. Tudo isso, sob a direção de um mestre da comédia, vira um clássico que permanece incólume num pódio há mais de cinquenta anos. Joe (Tony Curtis) e Jerry (Jack Lemmon) são amigos que testemunham um massacre promovido pela máfia e precisam fugir da cidade, e o disfarce perfeito é encontrado junto a uma banda feminina que partia em direção à Flórida. Vestidos de mulher, passam a ser Josephine e Daphne. Mas na banda da controladora Sweet Sue, eles conhecem Sugar Kane (Marilyn Monroe), uma cantora que tenta esquecer seus amores fracassados com ajuda do uísque e da esperança de encontrar um milionário sensível que a ame. Enfim, tudo pode acontecer na Flórida, e quase de tudo acontece - romance, fugas e principalmente comédia escrachada. Ingredientes perfeitos pra uma obra-prima.
Nota: 10

Luís F. Passos

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Filmes pro final de semana - 04/07

1. Nebraska (2013)
Vi só alguns dos filmes que estiveram na corrida pelo Oscar esse ano, e sem dúvida foi Nebraska o meu preferido. A leve comédia familiar dirigida por Alexander Payne, diretor de Os Descendentes, acompanha a saga do velho e senil Woody Grant (Bruce Dern) em busca do suposto prêmio de 1 milhão de dólares que ganhou, na verdade uma propaganda que chegou pelo correio. Para receber sua fortuna, Woody deve ir até Lincoln, Nebraska, mas como ninguém quer levá-lo, ele decide ir a pé. Seu filho David (Will Forte) é o único que percebe que o pai não vai desistir por nada e resolve levá-lo de carro. No caminho, muita estrada, parentes há muito não vistos e outros de olho no prêmio de Woody. E acima de tudo, a relação entre um pai meio lunático e seu filho que viu a vida sufocar parte de seus sonhos. É a competência de Payne dedicada a um tema que ele provou que domina.
Nota: 9,0/ 10
2. Kill Bill vol. 2 (2004)
A segunda parte da sangrenta história de vingança da Noiva (Uma Thurman) pode não ser tão estilizada quanto a primeira (opinião minha), mas compensa com mais ódio, intensidade e tem o mérito de abordar os momentos que precederam o massacre na capela do Texas e também mostra como a Noiva se tornou uma máquina de matar sob o treinamento do milenar Pai Mei (Gordon Liu). A lista de vingança está mais curta, e falta o acerto de contas com Elle Driver (Daryl Hannah), Budd (Michael Madsen) e claro, Bill (David Carradine), o motivo de tudo acontecer. Mas a Noiva vai ver que nada é tão simples quanto pode parecer, e algo inesperado pode mudar seus planos. Um final de mestre pra um dos mais populares filmes de Tarantino.
Nota: 9,0/ 10
3. Cabo do Medo (Cape Fear, 1991)
Muitos dizem que foi em Cabo do Medo, última parceria De Niro e Scorsese, que o ator fez seu último trabalho notável em vinte anos, até O lado bom da vida (2012). De fato, a sucessão de papéis menores ou filmes de comédia no fim dos anos 90 e durante o ano 2000 nada condiziam com o grande ator que conquistou o mundo nos anos 70 e 80. Cabo do Medo é um filme de suspense em que Max Cady (De Niro) é um psicopata que ficou preso por estupro por 14 anos e atribui a culpa da prisão ao fracasso de seu advogado de defesa, Sam Bowden (Nick Nolte). Libertado, Cady passa a perseguir o advogado e sua família, além de seduzir a filha adolescente dele. Inteligente e muito violento, Cady transforma a vida da família Bowden num inferno.
Nota: 8,5/ 10
4. Rebeldia Indomável (Cool Hand Luke, 1967)
Mesmo antes da onda de filmes inovadores e icônicos dos anos 70, vez ou outra Hollywood presenteava o mundo com obras inconformistas. Esse é um dos melhores exemplos: Paul Newman interpreta Lucas Johnhon, mais conhecido como Luke, que ganha ainda a alcunha de Cool Hand, que foi parar na cadeia por vandalizar parquímetros. Uma vez preso, Luke se vê dentro de um sistema ainda mais rígido e opressor, e seu espírito rebelde traz punições cada vez mais graves. A atuação de Newman é impressionante, desde os olhares fixos e o magnetismo emanado de seus profundos olhos azuis, até sua presença e a personificação da personagem, através de discursos tensos. Diálogos ricos, cenas marcantes, um ótimo time de coadjuvantes e a direção ambiciosa são os outros ingredientes que fazem deste um filme imperdível.
Nota: 10
5. Sabrina (1954)
Depois de sua triunfante estreia no cinema em A princesa e o plebeu, dirigido por William Wyler, que de cara lhe deu um Oscar de melhor atriz, Audrey Hepburn trabalhou com outro grande diretor, Billy Wilder. Na pele da protagonista Sabrina, Audrey interpreta a jovem filha do motorista de uma das famílias mais ricas de Nova York, que é apaixonada por um dos filhos do patrão. Decepcionada pelo fato do amado David (William Holden) ser um cafajeste, Sabrina viaja para a Europa para estudar, e volta anos depois transformada numa elegante mulher. A nova Sabrina vai voltar a mexer com o mulherengo David mas também com seu irmão mais velho, o austero Linus (Humphrey Bogart). Filme simples, mas prato cheio de elegância e do humor ácido de Billy Wilder.
Nota: 8,5/ 10

Luís F. Passos