sexta-feira, 8 de maio de 2015

Filmes pro final de semana - 08/05

1. Drive (2011)
Drive  centra-se na relação entre um homem misterioso, o qual nem sabemos o nome, interpretado por Ryan Gosling , que se encontra perdidamente apaixonado por sua jovem vizinha de modo a se dispor a protegê-la de todos os perigos que a envolvem, relacionados a seu marido recém saído da prisão e da máfia que os cercam. Tecnicamente falando, Drive é impecável. A fotografia é belíssima e acompanha as grandes mudanças de tom pelas quais o filme passa. Se num primeiro momento tudo é a magia da descoberta do amor, com paisagens bucólicas e ensolaradas ao entardecer, a metade final é negra, escura, sórdida e violenta. A violência é elevada aos limites conforme o conto torna-se cada vez mais perigoso e envolvente. A relação amorosa entre Ryan Gosling e Carey Mulligan é de uma pureza e uma sensibilidade que contrasta a todo o momento com o extremismo da violência onde aqueles personagens se encontram, tendo este antagonismo alcançado o ápice na já clássica cena do elevador. É quase um conto de fadas na verdade, onde um “príncipe encantado” luta a qualquer preço para defender sua “donzela” em perigo. A diferença é que no lugar de uma armadura de metal temos uma jaqueta prateada e em vez de cavalos brancos, carros envenenados dispostos a intensas cenas de perseguições.
Nota: 10
2. Preciosa - uma história de esperança (Precious, 2009)
Harlem, NY, década de 80.  Claireece Jones (Gabourey Sidibe), mais conhecida como Preciosa, é um poço de problemas. Com apenas 16 anos, a menina carrega o trauma de ser estuprada pelo pai, estar grávida do segundo filho dele, ser soropositiva, obesa, negra, e ter uma mãe (Mo'Nique) pra madrasta de Cinderela nenhuma botar defeito. A cereja em cima desse bolo de desgraças é o fato da coitada ser analfabeta. Apesar de tudo, ela não deixa de sonhar e às vezes se imagina rica, magra, famosa e desejada, mas isso não parece nada além de um sonho impossível. Felizmente Preciosa encontra em seu caminho algumas pessoas decentes, como sua professora miss Rain (Paula Patton), a assistente social sra Weiss (Mariah Carey) e o enfermeiro do hospital em que tem seu segundo filho, John (Lenny Kravitz). Como diz o título nacional, apesar dos pesares, é um título de esperança.
Nota:  9,0/ 10
3. Closer - perto demais (Closer, 2004)
And so it is... impressionante a qualidade e a capacidade de impactar deCloser. Dirigido por ninguém menos que Mike Nichols, veterano diretor de A primeira noite de um homem e Quem tem medo de Virginia Woolf?Closeraborda quatro pessoas em Londres e suas relações de amor, ciúme e ódio entre elas: a fotógrafa Anna (Julia Roberts), por quem o escritor frustrado Dan (Jude Law) se apaixona e cria uma certa obsessão. Indiretamente graças a Dan, Anna conhece o médico Larry (Clive Owen), com quem se casa, mas mais tarde mantém um caso com Dan. Nesse vai e vem, há também a stripper Alice (Natalie Portman), com quem Dan mantinha um relacionamento, e que também vai se aproximar de Larry. Um drama sólido e intenso que vai muito além da questão de relacionamentos e traições; uma grande produção coroada com a música The blower's daughter.
Nota: 9,0/ 10
4. Cassino (1995)
Cinco anos depois do enorme sucesso de Os bons companheiros , Robert De Niro e Joe Pesci se reencontram sob a direção de Martin Scorsese para fazer aquele que é por muitos considerado como a continuação do filme de 1990: Cassino. De Niro interpreta Sam, jogador profissional que cresceu próximo a jogos de azar e todo o tipo de apostas, e é um dos melhores na sua área. Devido a sua reputação, é contratado por mafiosos de Las Vegas para gerir um grande cassino. Pouco tempo depois de se instalar em seu novo emprego, chama seu velho amigo Nicky (Pesci) para ajudá-lo com a segurança. Nicky é muito parecido com Tommy, personagem de Pesci emGoodfellas: muito esquentado e violento. Os negócios prosperam bastante para a dupla, que se estabelece de vez na cidade; fulano monta uma rede de restaurantes (além de ter uma quadrilha de ladrões sob suas ordens) e Jimmy constrói uma família ao lado da ex-prostituta Ginger (Sharon Stone) – figura que aparece para desestabilizar os negócios e a amizade de longa data de Sam e Nicky. Mais um exemplo da primorosa direção de Scorsese, que consegue fazer com que as 2h45 de Cassino passem rápido e deixem um gosto de quero mais.
Nota: 8,5/ 10
5. O Circo (The Circus, 1928)
Há tempo não via filme de Chaplin, e me acertei vendo um que era novo pra mim. Em O Circo temos mais uma vez o Vagabundo, Carlitos, que após um mal entendido com a polícia se mete num espetáculo circense e faz a plateia ir ao delírio com sua performance acidental. Ele é contratado como comediante pelo proprietário, um homem egoísta que vive maltratando a filha, que é corista no circo. Carlitos apieda-se da moça, que vive sendo maltratada pelo pai, e acaba criando um carinho especial por ela - bem especial, chegando a ter ciúmes de um equilibrista contratado. Bem, o filme é mudo e é predominantemente uma comédia, tendo algumas das cenas mais famosas da filmografia de Chaplin, como a que Carlitos fica preso na jaula de um leão. Uma boa pedida pra quem curte as mais clássicas comédias do cinema.
Nota: 8,0/ 10

Lucas Moura e Luís F. Passos

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Filmes pro final de semana - 01/05

1. Os sonhadores (The dreammers, 2003) 

Que Bernardo Bertolucci é um diretor polêmico, nem preciso dizer; basta lembrar de filmes como O último tango em Paris. E um de seus mais conhecidos trabalhos dos últimos anos (e consequentemente, polêmicos) foi Os sonhadores, de 2003, que acompanha um jovem americano que estuda em Paris, Matthew (Michael Pitt) que conhece os irmãos gêmeos Theo (Louis Garrel) e Isabelle (Eva Green), ambos apaixonados por cinema como eles. Os irmãos são filhos de um casal de intelectuais que parte numa viagem, e Matthew é convidado para passar um tempo na casa deles. Não preciso dizer que a estadia de Matthew é marcada por eventos no mínimo estranhos, que são um misto de cinefilia, filosofia e sexo – não exatamente relações sexuais, mas várias formas de expressão do sexo. Por trás da sexualidade e eventuais bizarrices, temos aqui um ótimo filme sobre o cinema antigo das décadas de 20 e 30 e a nouvelle vague nos anos 60, além de acompanhar o espírito juvenil durante a inquietação política que marcou a França no ano de 68.  
Nota: 9,0/ 10 

2. Moulin Rouge - amor em vermelho (Moulin Rouge!, 2002)
O cabaré mais famoso do mundo chegou às telonas nesse inesquecível filme do habilidoso e extravagante diretor Baz Luhrmann. Na Paris do fim do século XIX, uma geração de jovens e pobres artistas buscava deixar sua marca na cultura da época, visando uma arte que girasse em torno da beleza, da verdade, da liberdade e do amor. Entre esses artistas há o escritor Christian (Ewan McGregor), que se apaixona pela mais bela das cortesãs do Moulin Rouge, Satine (Nicole Kidman) - mas entre os dois havia os planos de transformar o cabaré num teatro, um rico e maléfico barão e a doença que era o mal do século. Moulin Rouge fascina pelo exagero, brilho, beleza, músicas (apesar de não ter nenhuma música original, usando clássicos como Diamonds are the girls best friends e Like a virgin) e tem o grande mérito de ressuscitar o decrépito gênero dos musicais, sendo o primeiro musical em mais de vinte anos indicado ao Oscar de melhor filme.
Nota: 9,5/ 10
3. O Pianista (The pianist, 2002)
O diretor Roman Polanski apresenta uma visão do Holocausto diferente da comumente mostrada nos filmes, dos campos de concentração, e foca no gueto de Varsóvia através do pianista Władysław Szpilman (Adrien Brody), famoso músico polonês que assiste à invasão de seu país pelas tropas nazistas em setembro de 1939 e a implantação das absurdas leis contra os judeus, que culminou na implantação dos guetos. É impressionante a realidade do filme ao acompanhar a perda da dignidade de um homem na busca pela sobrevivência, e parece que os obstáculos não param de surgir. E no filme, a representação de um dos pontos altos do Holocausto: o levante do Gueto de Varsóvia, quando operários deram início a uma revolta contra os soldados que resistiu por mais de vinte dias até ser totalmente esmagada pelos alemães. A emocionante história de Polanski foi vencedora da Palma de Ouro, além dos Oscar de melhor direção, ator e roteiro adaptado.
Nota: 9,5/ 10
4. Tudo sobre minha mãe (Todo sobre mi madre, 1999)
Este longa de 1999 é centrado em Manuela (Cecilia Roth), enfermeira que perde seu único filho num acidente depois de assistir à peça Uma rua chamada pecado. Ela então vai à Barcelona em busca do pai do garoto para dar a notícia, mas não o encontra; quem ela reencontra é a travesti Agrado (Antonia San Juan), sua amiga de muitos anos atrás, e através de quem conhece a freira Rosa (Penélope Cruz), que descobre estar grávida e soropositiva. Manuela se vê mantendo Rosa sob seus cuidados e responsabilidade ao mesmo tempo em que se aproxima do elenco de Uma rua chamada pecado, cuja protagonista Huma (Marisa Paredes) vive Blanche DuBois dentro e fora dos palcos. Com referências ao cinema clássico, Almodóvar mais uma vez constrói perfis femininos através da ótica de um homem crescido entre mulheres, especialmente a figura materna simbolizada por Manuela. O resultado é um filme maravilhoso, vencedor do Prêmio de direção de Cannes e do Oscar de melhor filme estrangeiro.
Nota: 10
5. O pecado mora ao lado (The seven year itch, 1955)
Verão, Nova York, calor dos infernos e famílias em férias. Mas muitos maridos permanecem na cidade por causa dos empregos; é o caso de Richard Scherman (Tom Ewell), editor que se vê sozinho em casa e ganha uma vizinha loira, sensual e meio burra, uma modelo cujo nome é ignorado (Marilyn Monroe). Cria-se uma tensão sexual engraçadíssima entre os dois; Richard sente-se muito atraído, mas ao mesmo tempo temeroso de trair a esposa, enquanto a garota parece desconhecer o efeito que tem sobre o pobre Richard, perseguido por delírios de infidelidade. Em meio aos divertidos diálogos muito bem construídos, temos a cena em que o vestido de Marilyn levanta com o sopro do respiradouro do metrô, uma das mais famosas do cinema - e que apesar de toda a popularidade, não dura mais que poucos segundos.
Nota: 9,0/ 10 

Luís F. Passos