1. Os sonhadores (The dreammers, 2003)
Que Bernardo Bertolucci é um diretor polêmico, nem preciso dizer; basta lembrar de filmes como O último tango em Paris. E um de seus mais conhecidos trabalhos dos últimos anos (e consequentemente, polêmicos) foi Os sonhadores,
de 2003, que acompanha um jovem americano que estuda em Paris, Matthew
(Michael Pitt) que conhece os irmãos gêmeos Theo (Louis Garrel) e
Isabelle (Eva Green), ambos apaixonados por cinema como eles. Os irmãos
são filhos de um casal de intelectuais que parte numa viagem, e Matthew é
convidado para passar um tempo na casa deles. Não preciso dizer que a
estadia de Matthew é marcada por eventos no mínimo estranhos, que são um
misto de cinefilia, filosofia e sexo – não exatamente relações sexuais,
mas várias formas de expressão do sexo. Por trás da sexualidade e
eventuais bizarrices, temos aqui um ótimo filme sobre o cinema antigo
das décadas de 20 e 30 e a nouvelle vague nos anos 60, além de
acompanhar o espírito juvenil durante a inquietação política que marcou a
França no ano de 68.
Nota: 9,0/ 10
2. Moulin Rouge - amor em vermelho (Moulin Rouge!, 2002)
O cabaré mais famoso do mundo chegou às telonas nesse inesquecível filme
do habilidoso e extravagante diretor Baz Luhrmann. Na Paris do fim do
século XIX, uma geração de jovens e pobres artistas buscava deixar sua
marca na cultura da época, visando uma arte que girasse em torno da
beleza, da verdade, da liberdade e do amor. Entre esses artistas há o
escritor Christian (Ewan McGregor), que se apaixona pela mais bela das
cortesãs do Moulin Rouge, Satine (Nicole Kidman) - mas entre os dois
havia os planos de transformar o cabaré num teatro, um rico e maléfico
barão e a doença que era o mal do século. Moulin Rouge fascina
pelo exagero, brilho, beleza, músicas (apesar de não ter nenhuma música
original, usando clássicos como Diamonds are the girls best friends e
Like a virgin) e tem o grande mérito de ressuscitar o decrépito gênero
dos musicais, sendo o primeiro musical em mais de vinte anos indicado ao
Oscar de melhor filme.
Nota: 9,5/ 10
3. O Pianista (The pianist, 2002)
O diretor Roman Polanski apresenta uma visão do Holocausto diferente da
comumente mostrada nos filmes, dos campos de concentração, e foca no
gueto de Varsóvia através do pianista Władysław Szpilman (Adrien Brody),
famoso músico polonês que assiste à invasão de seu país pelas tropas
nazistas em setembro de 1939 e a implantação das absurdas leis contra os
judeus, que culminou na implantação dos guetos. É impressionante a
realidade do filme ao acompanhar a perda da dignidade de um homem na
busca pela sobrevivência, e parece que os obstáculos não param de
surgir. E no filme, a representação de um dos pontos altos do
Holocausto: o levante do Gueto de Varsóvia, quando operários deram
início a uma revolta contra os soldados que resistiu por mais de vinte
dias até ser totalmente esmagada pelos alemães. A emocionante história
de Polanski foi vencedora da Palma de Ouro, além dos Oscar de melhor
direção, ator e roteiro adaptado.
Nota: 9,5/ 10
Nota: 9,5/ 10
4. Tudo sobre minha mãe (Todo sobre mi madre, 1999)
Este longa de 1999 é
centrado em Manuela (Cecilia Roth), enfermeira que perde seu único filho
num acidente depois de assistir à peça Uma rua chamada pecado. Ela
então vai à Barcelona em busca do pai do garoto para dar a notícia, mas
não o encontra; quem ela reencontra é a travesti Agrado (Antonia San
Juan), sua amiga de muitos anos atrás, e através de quem conhece a
freira Rosa (Penélope Cruz), que descobre estar grávida e soropositiva.
Manuela se vê mantendo Rosa sob seus cuidados e responsabilidade ao
mesmo tempo em que se aproxima do elenco de Uma rua chamada pecado, cuja
protagonista Huma (Marisa Paredes) vive Blanche DuBois dentro e fora
dos palcos. Com referências ao cinema clássico, Almodóvar mais uma vez
constrói perfis femininos através da ótica de um homem crescido entre
mulheres, especialmente a figura materna simbolizada por Manuela. O
resultado é um filme maravilhoso, vencedor do Prêmio de direção de
Cannes e do Oscar de melhor filme estrangeiro.
Nota: 10
Nota: 10
5. O pecado mora ao lado (The seven year itch, 1955)
Verão, Nova York, calor dos infernos e famílias em férias. Mas muitos
maridos permanecem na cidade por causa dos empregos; é o caso de Richard
Scherman (Tom Ewell), editor que se vê sozinho em casa e ganha uma
vizinha loira, sensual e meio burra, uma modelo cujo nome é ignorado
(Marilyn Monroe). Cria-se uma tensão sexual engraçadíssima entre os
dois; Richard sente-se muito atraído, mas ao mesmo tempo temeroso de
trair a esposa, enquanto a garota parece desconhecer o efeito que tem
sobre o pobre Richard, perseguido por delírios de infidelidade. Em meio
aos divertidos diálogos muito bem construídos, temos a cena em que o
vestido de Marilyn levanta com o sopro do respiradouro do metrô, uma das
mais famosas do cinema - e que apesar de toda a popularidade, não dura
mais que poucos segundos.
Nota: 9,0/ 10
Luís F. Passos
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