2010
Melhor filme
127 horas
A origem
A rede social
Bravura indômita
Cisne negro
Inverno da alma
Minhas mães e meu pai
O discurso do rei
O vencedor
Toy Story
Depois de uma década sem muitos filmes excepcionais, enfim tivemos uma corrida pelo Oscar realmente empolgante. Foram dez os filmes que concorreram na principal categoria: a animação Toy Story 3, fim da muito bem sucedida série de Woody, Buzz e seus amigos; os semi-alternativos Inverno da Alma e Minhas mães e meu pai, cujos destaques foram principalmente suas protagonistas, ambas indicadas a melhor atriz; Bravura indômita, dos irmãos Coen, remake de um clássico de John Wayne; O vencedor, filme que usa o boxe como fundo para falar de família e vitórias pessoais; A origem, de Christopher Nolan, que dividiu opiniões (brilhante ou confuso?) e deu um show de efeitos especiais; 127 horas, em que James Franco leva sozinho 90 minutos de filme numa atuação incrível; Cisne negro, que mostra uma bailarina em busca da perfeição e acaba entrando num processo de auto-destruição; A rede social, que usa a história da criação do Facebook para falar de uma geração de jovens prodigiosos e poder; e claro, O discurso do rei, sobre os desafios do rei George VI para vencer sua gagueira e ser a voz de seu povo. Sabe Deus como, O discurso do rei ganhou força e levou o Oscar, derrotando pelo menos cinco filmes bem melhores que ele. Seu diretor também faturou estatueta, seu roteirista também. Nas atuações, em compensação, não houve surpresas e os vencedores foram os esperados: melhor atriz pra Natalie Portman por Cisne negro, melhor ator pra Colin Firth por O discurso do rei, e coadjuvantes Melissa Leo e Christian Bale por O vencedor. Uma coisa que achei muito bacana foi a indicação de Nicole Kidman ao prêmio de melhor atriz por Reencontrando a felicidade; depois de alguns anos sem fazer nada de destaque, o botox dela afrouxou um pouco e lhe permitiu boas expressões que foram fundamentais para seu trabalho, na minha opinião o segundo melhor do ano - porque com Natalie Portman no páreo, era difícil superar.
2011
Melhor filme
A árvore da vida
A invenção de Hugo Cabret
Cavalo de guerra
Histórias cruzadas
Meia-noite em Paris
O artista
O homem que mudou o jogo
Os descendentes
Tão forte e tão perto
A última edição do Oscar foi
marcada por um momento interessantíssimo na história da indústria. Como todos
sabem, a tecnologia no cinema avança cada vez mais e o uso do 3D é cada vez
mais freqüente e otimizado (As aventuras
de Pi está aí para nos mostrar isso). No entanto, em meio a tanta
transformação, cabe a pergunta: e o passado, como fica? A antiga arte no
cinema, a magia do cinema mudo e o valor da história da sétima arte tem espaço
no mundo atual? 2011 provou que sim, mostrando filmes que se voltavam
totalmente a um olhar do passado, nos primórdios do cinema. A invenção de Hugo Cabret, do diretor
Martin Scorsese, provavelmente o filme mais popular do ano, aliou perfeitamente
esses dois elementos. Através do uso do que havia de mais alto em tecnologia,
Scorsese criou um universo todo baseado nos antigos tempos do cinema, na arte
do cinema mudo e nos princípios das bases técnicas que futuramente se tornariam
o que vemos hoje. O próprio George Mélies (para que não sabe, Mélies é um dos
nomes mais importantes do cinema. Sua obra conta com centenas de filmes –
muitos deles, perdidos – e seu trabalho constitui o alicerce da tecnologia
cinematográfica) é uma personagem vital no longa, que alia fantasia com fatos
reais. O grande vencedor da noite, O
artista, é um filme mudo sobre o fim do cinema mudo. Sobre as
transformações que ocorreram na indústria durante os anos 30 e sobre a
decadência dos astros do silêncio (personificados na figura de George Valentin
– vencedor do Oscar de melhor ator, Jean Dujardin). Filme mudo cuja técnica
remete automaticamente aos filmes da época que retrata. Nesse ano, foram nove
os indicados a melhor filme. Destes, os destaques ficaram em torno de cinco: A invenção de Hugo Cabret, Meia noite em Paris, Os descendentes, Histórias cruzadas e O
artista. O melhor, em minha opinião, é Hugo,
mas gosto de todos os cinco. Meia noite
em Paris, do diretor Woody Allen, também volta suas atenções ao passado,
quando seu protagonista, Gil (Owen Wilson), na noite mágica de Paris, acaba
encontrando-se na década de 20 em meio a seus grandes ídolos literários. Os descendentes, mais novo trabalho de
Alexander Payne, não é excelente, mas tem capacidade suficiente de agradar a
todos. Histórias cruzadas discursa sobre racismo e intolerância no sul dos
Estados Unidos, através da visão das empregadas domésticas, sendo as principais
interpretadas por Viola Davis (indicada ao Oscar de melhor atriz) e Octavia
Spencer (vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante). 2011 também coroou dois
grandes nomes do cinema: Christopher Plummer, um dos atores mais experientes do
cinema atual (pode ser visto, por exemplo, no clássico musical A noviça rebelde de 1965), ganhou o
prêmio de ator coadjuvante (pelo filme Toda
forma de amor) e tornou-se o ator mais velho a vencer na categoria (82 anos
nas costas); e Meryl Streep! Quase três décadas após sua última vitória por A escolha de Sofia e umas doze
indicações depois disso, a atriz mais respeitada do cinema atual voltou a
receber a estatueta por seu trabalho como Margareth Tatcher, no filme A dama de ferro. O desfalque principal
da cerimônia ficou a cargo da ausência de indicações para o filme Melancolia, de Lars Von Trier. O via em
pelo menos cinco categorias: melhor filme, melhor diretor (Trier) melhor atriz
(Kirsten Dunst), melhor atriz coadjuvante (Charlotte Gainsbourg, que também
poderia entrar como atriz) e melhor fotografia, com potencial de vitória em
todas. No entanto, não recebeu sequer uma. Esnobe total relacionado à
escandalosa coletiva de imprensa dada por Trier em Cannes.
Leia também:
Lucas Moura e Luís F. Passos
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