sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O lado bom da vida - e o lado humano também

No Globo de Ouro desse ano uma atriz venceu Meryl Streep, Judi Dench e Maggie Smith. Quem? Natalie Portman? Glenn Close? Nicole Kidman? Não. Jennifer Lawrence. Um rosto desconhecido até o fim de 2010, quando foi indicada ao Oscar de melhor atriz por Inverno da alma (Winter bone, 2010), filme alternativo que concorreu ao Oscar de melhor filme pra preencher tabela (mas que nem por isso deixa de ser ótimo). Jennifer, inclusive, concorreu com Natalie Portman, Nicole Kidman, Michelle Williams e Annette Bening, só feras. Ano passado ela saiu do circuito alternativo estrelando o baladíssimo Jogos vorazes, e agora ganha mais destaque ainda com a comédia O lado bom da vida (Silver Linings Playbook, 2012).
O filme começa quando Dolores Solitano (Jacki Weaver) vai buscar seu filho Pat (Bradley Cooper) na clínica psiquiátrica onde ele esteve por oito meses.Pat está na pior: a mulher o traiu e o largou, ele foi diagnosticado como bipolar, perdeu a casa e o emprego, tendo que voltar a morar com os pais, que são um casal normal, com qualidades e defeitos. Sua mãe é um doce de pessoa, e seu pai Patrizio (Robert DeNiro) é um cara meio fechado, que teve pouca proximidade com seu filho na infância dele, e é um supersticioso e apostador profissional. Durante o filme há uma certa tensão entre pai e filho, que o próprio Patizio tenta por de lado.
Na noite em que é convidado para jantar na casa de um dos poucos amigos que lhe restaram (esqueci o nome da personagem), Pat conhece Tiffany (Jenniffer Lawrence), cunhada de seu amigo. Tiffany é uma jovem viúva que ainda sofre com a morte precoce do marido, é muito sensível, cheia de problemas - que ela faz questão de não ignorar e os abraça - e muito realista e sincera, chegando a ser agressiva. A partir daí o filme gira em torno das tentativas de Tiffany de se aproximar de Pat, que incluem a participação num concurso de dança, e os esforços de Dolores e Patrizio para ajudar o filho e rearranjar a família, isso porque Pat ainda acredita que conseguirá reconquistar a esposa, sua vida antiga, sem se tocar que sua felicidade tá bem embaixo de seu nariz.
O lado bom da vida é uma agradável surpresa. Muito bom saber que uma comédia romântica ainda é capaz de trazer um bom roteiro, ser dirigida por alguém de peso e trazer um grande elenco. Certo que o final é meio previsível, mas o filme é muito interessante, com ótimos diálogos e arranca risos sutilmente. A direção e roteiro são de David O. Russel, diretor de O vencedor (2010), filme que eu gosto muito. E quanto ao elenco... Bradley Cooper surpreendendo como Pat, Robert DeNiro voltando à sua glória depois de vinte anos sem fazer uma grande atuação (a última foi em Cabo do Medo, 1991), e aparecendo muito bem como um velho pai de família, cheio de rugas e carismático - capaz de ganhar seu terceiro Oscar! - e claro, Jenniffer Lawrence, o nome do momento. Lawrence faz um ótimo trabalho interpretando uma jovem problemática, uma personagem que aparentemente não exige muito mas que ganha destaque pela peformance da atriz, que provavelmente levará o Oscar de melhor atriz. Bacana saber que se Hollywood tá em crise de ideias, o mesmo não pode se dizer de seus atores, já que a nova geração é cheia de talento, o suficiente pra competir em pé de igualdade com os titãs do cinema. E fãs da comédia romântica, comemorem. O gênero ainda tem muito a oferecer.

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Luís F. Passos

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