terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O grande Gatsby - o grande romance americano

Os fãs de Meia-noite em Paris, como eu, lembram bem da primeira vez em que Gil chega aos anos 20 e quem são seus primeiros guias pela boemia parisiense: o casal Scott e Zelda Fitzgerald. No filme ambos parecem muito carismáticos, como eram de fato; essa participação, além dos vários comentários tecidos por Gil despertaram minha curiosidade em relação a eles.
Francis Scott Fitzgerald nasceu em Minnesota, EUA, em 1896. Publicou seu primeiro livro em 1920 (Este lado do paraíso), graças ao qual teve dinheiro para casar com Zelda Sayre, uma rica moça do Alabama. O sucesso de Scott permitiu ao casal manter um alto padrão de vida, dividindo-se entre os EUA e algumas cidades da Europa. As farras dos Fitzgerald eram tão conhecidas quanto a obra de Scott, regadas a muito bourbon e tulmutuadas desde que Zelda passou a apresentar problemas psicológicos - na verdade ela nunca fora muito boa do juízo, mas piorou com sua frustração por não ter talento para escrever e sua insegurança e medo de que Scott a largasse. Zelda foi internada numa clínica em 1932; poucos anos depois Scott passou a escrever roteiros para Hollywood. Faleceu em 1940 vítima de um ataque cardíaco.
O grande Gatsby (1925) é considerado a  obra prima de Scott Fitzgerald. É ambientado nos prósperos e loucos anos 20, quando a Europa se recuperava da Primeira Guerra Mundial e os Estados Unidos lucravam com isso. Nessa época a classe média americana aumentou muito, e passou a ostentar riqueza e conforto, o chamado American Way of Life. Também nesse tempo estava em vigor a Lei Seca, que proibia o comércio de bebidas alcoólicas, o que aumentou bastante o contrabando destas e consequentemente enriqueceu o mercado negro.
É nesse contexto que o ingênuo comerciante Nick Carraway chega em Long Island, cidade próxima a Nova York em que os milionários do estado mantinham mansões à beira da praia - mas morava em uma casa simples o suficiente para que pudesse pagar o aluguel. Também em Long Island, mas do outro lado da baía, morava a prima de Nick, Daisy, que era casada com um rico atleta, Tom Buchanan. Foi em um almoço na casa de Daisy que Nick conheceu Jordan Baker, uma jovem meio misteriosa por quem o rapaz se interessou.
Dias depois do tal almoço, Nick recebeu uma carta de seu vizinho, Jay Gatsby, que o convidava pra uma festa no próximo sábado. Essas festas semanais eram famosas por serem regadas a muita bebida e só acabarem no amanhecer do domingo. O estanho é que nem os frequentadores mais assíduos dos festões de Gatsby o conheciam; seu passado e a origem de sua fortuna sempre rendiam muitos boatos, mas ninguém sabia nada verdadeiro ou concreto. Mais estranho ainda foi Nick conhecer seu anfitrião logo na primeira festa - Gatsby foi bastante cordial, chegando a convidar o vizinho para um passeio de aeroplano.
Com o passar das semanas, Gatsby vai revelando a verdade a Nick. Ele e Daisy haviam namorado anos antes, durante a guerra, mas o romance não deu certo porque ele era muito pobre. Jay caiu no mundo enquanto Daisy havia se casado com Tom. Anos depois ele retornou rico e ao descobrir o paradeiro da ex, decidiu construir uma .mansão próxima à de Daisy, mas do outro lado da baía. As festas incríveis eram feitas na esperança de que Daisy e Tom aparecesem; como isso nunca havia acontecido, Gatsby pediu a Jordan que o aproximasse de Nick, para assim, reencontrar Daisy.
O grande Gatsby não só é considerado a obra-prima de F. Scott Fitzgerald como também um dos melhores livros do século. Isso porque é o perfeito retrato de uma década áurea, ao mesmo tempo em que é uma forte crítica ao Sonho americano. Fitzgerald era um boêmio, mas mesmo assim criticava o materialismo exacerbado e a decadência moral que cercava a alta sociedade estadunidense. É fácil perceber essa futilidade no romance: desde as centenas de pessoas que frequentavam as festas na mansão, até o próprio Gatsby, que usava seus convidados como fantoches; a única intenção das festas era atrair seu antigo amor. E a partir da relação Gatsby-Daisy-Nick, o autor trata de outros temas, como a traição; Nick é errado por arrumar um encontro para a prima casada, e esta e Gatsby são errados por manter um caso. Também aparecerão indícios de traição por parte de Tom, e é aí que os esqueletos sairão de todos os armários (oi, drama?).
E claro, o maior mistério do livro é Gatsby. Quem é ele? De onde veio? De onde surgiu sua fortuna? Herança, roubo e contrabando são as principais hipóteses. Mas aos poucos os segredos são revelados e o grande Jay Gatsby vai se mostrando cada vez menor - ou mais humano? - aos olhos de Nick. Talvez, por trás da lenda do milionário de Long Island exista apenas um homem solitário. Por fim descobrimos que acima de tudo o livro trata da recusa da maturidade, a incapacidade de envelhecer e a obsessão por beleza e riqueza eternas.

E dedos cruzados! Está prevista para março a estreia da nova adaptação de O grande Gatsby para o cinema, com Leonardo Dicaprio, Carrey Mulligan e Tobey Maguire.

Luís F. Passos

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