Nos anos 70 a moda espacial ainda estava por cima. É desta década que surgiram grandes clássicos com esta temática como Star Wars de George Lucas e Contatos imediatos do terceiro grau de Steven Spielberg, ambos de 1977, e, no início dos anos 80, surgiu também o grande clássico infantil (para todas as idades) ET – o extraterrestre, também de Spielberg. De certa forma, apesar de relatarem vida extraterrestre, estes filmes guardam uma grande semelhança. Neles, os ETs não são caracterizados de forma hostilizada como as figuras aterrorizantes já fixadas no imaginário popular. Em Contatos imediatos do terceiro grau, os ETs realmente só estão interessados em fazer contato. Nada mais que isso. Em Star Wars, a vida extraterrestre é tão organizada e estratificada quanto a que levamos na Terra, de modo que tudo se organiza como uma sociedade no sentido mais completo da palavra. Em ET – o extraterrestre, o ET é a figura mais inocente, amigável e gentil possível, sendo alguém muito melhor que muito terráqueo por aí. Uma criatura irresistível.
O que importa é que no meio de toda essa tranqüilidade o ousado diretor Ridley Scott (mais conhecido pelo público moderno pelo filme Gladiador) resolveu inovar usando a fórmula clássica. Nada de pacifismo, pura selvageria. Em Alien, o oitavo passageiro (Alien, 1979) temos os sete tripulantes da nave cargueira Nostromo, que, após terem que parar em um planeta desconhecido pela detecção de sinais que poderiam indicar a presença de alguma forma de vida no local, acabam sendo cercados dentro de sua própria nave pela mais terrível das criaturas. Um ser fisiologicamente perfeito, adaptado a toda e qualquer condição, com inteligência acentuada e, principalmente, nenhuma motivação maior que sobreviver e matar.
O perigo é crescente e, infelizmente, os tripulantes demoram demais para perceber a intensidade do risco. Quando se dão conta, aparentemente já é tarde demais, pois seu inimigo se fortalece muito rápido. É preciso acabar com ele de qualquer jeito. O que é levado ao extremo em Alien, e que muitas vezes é deixado de lado em filmes de ficção científica, é o homem no sentido mais primitivo da palavra. Numa situação de violência extrema, mesmo cercados por todas as inovações e falsas seguranças que a tecnologia pode garantir, todas aquelas pessoas prosseguem em uma luta altamente desvantajosa contra um gigante muito mais poderoso munidas quase que exclusivamente por medo e um grande instinto de sobrevivência. Isso é capaz de elevar o filme a um nível de franca selvageria dificilmente vista em outros do gênero. A maior personificação desta forte característica é nossa querida protagonista, Ripley (Sigourney Weaver), a terceira no comando da nave. É a personagem mais puramente humana, seguindo, em todos os momentos do filme, os mais puros instintos que vão da subjetividade do pressentimento aos limites da coragem, sendo testada física e psicologicamente durante toda a árdua luta contra o inimigo extraterrestre.
O que Ridley Scott conseguiu construir em Alien foi, de fato, algo novo. O clima é muito sério, a caracterização tanto da nave quanto do planeta desconhecido são as mais reais possíveis para um enredo tão fantasioso feito em 1979, contando com toda a tecnologia disponível no cinema da época para tornar a experiência mais forte. Fazendo às vezes de Tubarão de Spielberg, Alien também se dispõe a mostrar muito pouco de seu vilão. Muitas vezes, o que não vemos ou, principalmente, o que não conhecemos é capaz de causar muito mais pânico. E assim o é. Ambientes escurecidos ou esfumaçados sempre cercam a figura de nosso caro assassino e só vamos tendo aos poucos a noção de sua estrutura. Cada ataque, ao maior estilo filme de terror adolescente, obviamente é acompanhado pela clássica trilha sonora de terror. A mente inovadora de Scott ainda foi capaz de reservar momentos impagáveis e Alien conta com cenas simplesmente inesquecíveis, não superadas nem por sua continuação tão excelente quanto, Aliens – o resgate, de direção assinada por James Cameron.
A personagem de Ripley é o que podemos chamar de heroína típica, figura que não é incomum na filmografia de Ridley Scott. Afinal, são dele os filmes Thelma e Louise e Prometheus – lançado no ano passado e que faz conexão com Alien como se fosse algum tipo de prólogo deste – cujas protagonistas são três das mulheres mais guerreiras do cinema. Dessa forma, é uma das personagens femininas mais fortes já feitas e transformou uma até então desconhecida Sigourney Weaver em uma super estrela de reconhecimento mundial, com sua Ripley guerreira capaz de lutar mesmo nas condições mais vulneráveis possíveis (quem ver vai entender do que estou falando).
A personagem de Ripley é o que podemos chamar de heroína típica, figura que não é incomum na filmografia de Ridley Scott. Afinal, são dele os filmes Thelma e Louise e Prometheus – lançado no ano passado e que faz conexão com Alien como se fosse algum tipo de prólogo deste – cujas protagonistas são três das mulheres mais guerreiras do cinema. Dessa forma, é uma das personagens femininas mais fortes já feitas e transformou uma até então desconhecida Sigourney Weaver em uma super estrela de reconhecimento mundial, com sua Ripley guerreira capaz de lutar mesmo nas condições mais vulneráveis possíveis (quem ver vai entender do que estou falando).
Nota: 10/10
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