quinta-feira, 30 de maio de 2013

O Hobbit: Uma jornada inesperada - de volta à Terra Média

Eu tenho alguns pecados de cinéfilo - filmes que todo mundo viu e eu não. Por exemplo, trilogia Matrix e a série Piratas do Caribe. Um pecado que eu tinha e do qual me livrei há poucos meses foi a trilogia O Senhor dos Anéis. E no meio tempo em que via os filmes das aventuras de Frodo e companhia, assisti O hobbit: Uma jornada inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey, 2012), que sem dúvida foi um dos filmes mais aguardados do ano, e só saiu em dezembro. A reação da crítica não foi muito boa, mas eu decidi conferir o longa no cinema.
Voltemos ao primeiro filme da trilogia O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel (2001): um hobbit, Bilbo Bolseiro (Martin Freeman), prepara uma grande festa no seu vilarejo para comemorar seu aniversário. Uma das muitas visitas que recebe é a de seu sobrinho Frodo (Elijah Wood) um de seus familiares mais próximos; e esse dia é o pontapé inicial para toda a saga de Frodo na tentativa de destruir o Um Anel. Enfim, este dia de festa também é o ponto inicial de O Hobbit. No momento da visita de Frodo, Bilbo relembra sua juventude, quando foi visitado pelo mago Gandalf, o Cinzento (Ia McKellen), que lhe fez um inusitado convite: viver grandes aventuras junto a ele e a um grupo de anões liderado por Thorin Escudo-de-Carvalho (Richard Armitage), na tentativa de recuperar o legado dos anões na Montanha Solitária, uma cidade repleta de tesouros que fora roubada pelo dragão Smaug.
A cada lugar em que o grupo chegava, um novo desafio, quase todos representados pelos orcs, seres das profundezas e inimigos mortais dos anões - e de qualquer coisa que não seja um orc. Os orcs se multiplicaram de tal forma pela superfície que haviam ocupado até mesmo as ruínas da cidade de Dol Gudur, uma espécie de local sagrado, informação dada ao grupo pelo mago Radagast, o Cinzento (um mago como Gandalf, mas com muito menos juízo e um tanto caricato). E o consequente confronto entre mago, hobbit e anões contra orcs acaba sendo o evento mais importante do filme, e ocupa boa parte dele. Bem, é isso.
A principal bronca com O Hobbit foi o fato de que o livro em que ele é baseado é relativamente pequeno e será usado para uma trilogia - enquanto que O Senhor dos Anéis também é uma trilogia nos livros e tem mais de 1200 páginas. Dos 19 capítulos do livro, só 6 foram utilizados, e lógico, o jeito foi prolongar as sequências; a critica caiu em cima dizendo que o diretor Peter Jackson encheu linguiça. Bem, é inegável que é um filme exagerado, que não precisava ter cerca de 2h50, que um corte de vinte ou trinta minutos faria bem; também é um pouco cansativo, não só pela duração mas também por ter sido gravado em 48 quadros por segundo (não entendo muito disso, mas pra simplificar, teve informação demais em pouco tempo), isso em 3D e alta definição. Mas francamente, se todos os filmes enchessem linguiça como aqui, o cinema seria outro. Mesmo as passagens visivelmente prolongadas são muito ágeis e interessantes, tanto visualmente como por ter um conteúdo implícito, e não só pura ação. Um dos destaques dos ótimos efeitos visuais é Gollum (Andy Serkis), que já impressionava dez anos atrás, e que agora retoma confirmando que é um dos melhores personagens já criados em 3D, com mais detalhes e possibilidades de expressões. E falando no diabo, aqui vemos como Bilbo tomou de Gollum o Um Anel sessenta anos antes de passá-lo a Frodo, com direito a passagens de século atrás, quando o anel ainda não havia desfigurado o hobbit Sméagol, que viria a se transformar na criatura Gollum. E vamos ser sinceros, por mais feio e malvado que seja, Gollum sabe cativar o espectador.

E depois disso tudo, afinal, qual a minha opinião? Apesar de todo o excelente trabalho por trás dele, O hobbit é inferior aos filmes da trilogia do Anel. Falta o carisma de atores como Viggo Mortensen ou Orlando Bloom, que interpretaram Aragorn e Legolas, respectivamente, ou mesmo o encanto que O Senhor dos Anéis tinha, capaz de seduzir espectadores e criar expectativa para os próximos filmes. 

Nota: 7,5/10

Luís F. Passos

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