Fernando Meirelles, um dos maiores diretores brasileiros da atualidade, diretor de Cidade de Deus (2002) e mais um injustiçado do Oscar - foi indicado a melhor diretor, merecia ganhar mas não ganhou - consolidou sua carreira no cinema internacional e vem há alguns anos trabalhando com forte elenco, como foi em Ensaio sobre a cegueira (Blindness, 2008). O longa baseado no romance consagrado de José Saramago contou com Mark Ruffalo, Juliane Moore, Gael García Bernal, entre outros. O trabalho mais recente de Meirelles, 360 (2012), também teve nomes de peso, como Anthony Hopkins e Jude Law, além dos brasileiros Maria Flor e Juliano Cazarré (sim, Adauto!).
360 começa em um estúdio fotográfico em que uma jovem chamada Mirkha tira fotos sensuais na esperança de ser modelo, mas acaba recebendo a proposta de se prostituir - que ela aceita. Seu primeiro cliente é Michael (Jude Law), que é casado com Rose (Rachel Weisz), que por sua vez mantém um caso com Rui (Juliano Cazarré); este é namorado de Laura (Maria Flor), que ao descobrir a traição decide sair de Londres e voltar ao Brasil. No voo de volta ela conhece John (Hopkins), um simpático senhor que se encanta pela jovem devido à semelhança desta com sua filha desaparecida anos atrás. No aeroporto Laura também conhece Tyler (Ben Foster), um cara que cumprira pena por estupro e tentava voltar à sociedade. Ainda entre as personagens temos dois homens da máfia austríaca e a irmã de Mirkha, que entrará na vida de um deles.
360, como o título sugere, traz variadas relações que juntas formam um círculo, fazendo com que ações se tornem cumulativas e atitudes de pessoas de um país acabem afetando outras que aparentemente não tem nada a ver com elas, em outro lugar, como as traições de Michael na República Checa que fazem sua mulher em Londres o trair com um brasileiro, que provoca a volta da namorada dele ao Rio de Janeiro, conhecendo no caminho um inglês e um americano. E como podemos ver, o combustível para todos esses movimentos é a traição - Meirelles não analisa os motivos, mas as consequências e a dor do arrependimento de quem trai. O filme nos lembra Babel (2006), mas sem toda a política trazida por Iñárritu; as reflexões aqui são mais particulares.
E como falei acima, o elenco é um mérito. Destaque para Anthony Hopkins, claro, cujas aparições não somam nem quinze minutos mas consegue se impor junto ao público como o senhor carismático de olhar vazio e lembranças tristes, que segundo o próprio Hopkins lembra um episódio de sua vida; Ben Foster, cuja personagem tem de lutar contra os instintos criminosos e ignorar a jovem que se aproxima dele; e Maria Flor, toda meiga e com ar inocente, tentando superar a traição do namorado e buscando novas pessoas para sua vida.
Nota: 8/ 10
Luís F. Passos
Nota: 8/ 10
Luís F. Passos
Oi, Luís!
ResponderExcluirTambém gostei desse filme; gosto muito do Meirelles.
Legal você ter postado sobre ele justo hoje, quando estou escrevendo uma resenha sobre o "A visita cruel do tempo", livro da Jennifer Egan, e fiz uma relação com o "360", justamente por causa das histórias que se ligam pelas personagens e pelo caráter cíclico da narrativa.
Aliás, é um livro sensacional! Fica a dica. :)
É muito bobo e óbvio, mas eu gostei da história da mocinha que lê livros e come doces enquanto espera a irmã terminar seus programas.
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Impossível citar a adaptação do Meirelles de "Ensaio sobre a cegueira" e não lembrar desse momento lindo!:
http://www.youtube.com/watch?v=Y1hzDzAvJOY
Continue escrevendo!
Até.