Em suas já cinco décadas de carreira, o diretor Roman Polanski reuniu em sua filmografia uma boa quantidade de obras clássicas e diversas, unidas pelo menos em um ponto principal: a altíssima qualidade. Se nos anos 70 ele reinventou o cinema noir com Chinatown, nos anos 60 sua visão era mais voltada a inovações cinematográficas relacionadas a filmes de tensão extrema e palpável, com personagens confinadas em apartamentos pequenos e com a difícil missão de sempre ter que se confrontar consigo mesmo, lutando contra monstros interiores ou se perdendo em devaneios da mente. É assim com O bebê de Rosemay e principalmente com a primeira grande incursão do diretor pelo cinema experimental, Repulsa ao sexo (Repulsion, 1965).
A história de enredo cruelmente simples, centra-se exclusivamente na figura da jovem Carole (Catherine Deneuve), banal manicure cuja mente aparentemente simplória vive a beira da loucura. Loucura esta intimamente relacionada com comportamento sexual. Por motivos jamais explicados em nenhum momento do longa, qualquer contato sexual desencadeia em Carole delírios psicóticos e mudanças comportamentais, que vão da histeria à catatonia. Esses contatos sexuais não envolvem necessariamente nenhum tipo de toque. O simples ato de ouvir a irmã fazendo sexo com o namorado (que, aliás, é casado) no quarto ao lado já é capaz de levar a moça a um estado de neurose. Um simples beijo e até mesmo uma camisa suja esquecida no banheiro já são elementos mais que suficientes para provocar grande desconforto físico e psicológico.
Quando sua irmã viaja por alguns dias com o namorado, a mente frágil de Carole torna-se cada vez mais susceptível a seus delírios psicóticos, pois agora um novo elemento foi interligado: a solidão. Confinada e isolada no pequeno apartamento que parece cada vez mais sufocante e sombrio, sua mente vai mergulhando por caminhos mais profundos que levam a manifestações da mais pura violência, atingindo um nível de agressividade que jamais poderia ser previsto.
Polanski mostra em Repulsa ao sexo toda sua capacidade de criar clima, visto a trilha sonora pulsante e estridente sempre acompanhada das feições transtornadas de uma incrível atuação da grande musa Catherine Deneuve e seguidas por silêncios profundos e incômodos, onde as imagens do apartamento cada vez mais bagunçado, sujo e legitimamente podre são capazes de causar, realmente, repulsa. A fotografia consegue aliar closes reveladores do rosto hora agonizante hora apático e perdido da protagonista como também tornar os poucos metros quadrados em que quase toda a história se desenrola em cubículos ou hectares, dependendo apenas do ponto de vista e da situação.
Produção visceral, Repulsa ao sexo é capaz de chocar. Àqueles que não aguentam nem ver Nina Sayers se autodestruindo em Cisne Negro, não recomendo este filme. No entanto, para os mais firmes, preparem-se para uma experiência cinematográfica genuinamente única, pois é um filme extremista (não num sentido físico, mas psicológico). Não espere respostas, esclarecimentos ou muito menos conseqüências. Apenas aproveite este delírio sombrio.
Polanski mostra em Repulsa ao sexo toda sua capacidade de criar clima, visto a trilha sonora pulsante e estridente sempre acompanhada das feições transtornadas de uma incrível atuação da grande musa Catherine Deneuve e seguidas por silêncios profundos e incômodos, onde as imagens do apartamento cada vez mais bagunçado, sujo e legitimamente podre são capazes de causar, realmente, repulsa. A fotografia consegue aliar closes reveladores do rosto hora agonizante hora apático e perdido da protagonista como também tornar os poucos metros quadrados em que quase toda a história se desenrola em cubículos ou hectares, dependendo apenas do ponto de vista e da situação.
Produção visceral, Repulsa ao sexo é capaz de chocar. Àqueles que não aguentam nem ver Nina Sayers se autodestruindo em Cisne Negro, não recomendo este filme. No entanto, para os mais firmes, preparem-se para uma experiência cinematográfica genuinamente única, pois é um filme extremista (não num sentido físico, mas psicológico). Não espere respostas, esclarecimentos ou muito menos conseqüências. Apenas aproveite este delírio sombrio.
Nota: 10
Lucas Moura
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