Em Um divã para dois (Hope springs, 2012), acompanhamos a trajetória de um casal já pela casa dos 60 anos, que vive um casamento totalmente estagnado e sem nenhum tipo de contato físico. O distanciamento emocional entre Kay (Meryl Streep) e Arnold (Tommy Lee Jones) é tão grande, tão grande que eles nem dormem mais no mesmo quarto. Boa parte desse afastamento se dá por parte de Arnold, que parece ser muito mais irredutível e ter uma visão muito antiquada sobre o que é um casamento de tantos anos (com filhos adultos e tudo mais), como se o fato de eles estarem juntos por tanto tempo numa relação aparentemente estável pudesse substituir a paixão presente em relacionamentos joviais. Para Kay, não pode. Ela está cansada da monotonia e decide propor ao marido que eles abalem a estrutura familiar indo encontrar um terapeuta de casais (Steve Carell) que serva para duas coisas: ou para consertar casamentos ou para quebrá-los de vez.
Nessas poucas sessões de terapia de casal intensiva (algo que é negado por Arnold durante grande parte do filme), os dois vão passar a se conhecer melhor, recuperar aos poucos a intimidade perdida, dialogar e se confrontar, em momentos que vão expô-los a diferentes emoções e levá-los a diferentes situações, das mais românticas às mais constrangedoras, onde eles vão buscar se encontrar e encontrar um ao outro.
Um divã para dois é só isso mesmo. História simples, direta e fácil de entender, mas que sabe muito bem a hora de ser engraçada, de ser romântica e de ser dramática, como também dosar a intensidade de cada um desses elementos. Apesar de falar muito de sexo, o filme não se torna vulgar e nem com humor forçado; apesar de ter muito romance, não te faz querer vomitar e apesar de ter muito drama, não te faz querer se matar. Nos pouco mais de 100 minutos de filme, o espectador recebe porções adequadas de cada um deles.
Um divã para dois é só isso mesmo. História simples, direta e fácil de entender, mas que sabe muito bem a hora de ser engraçada, de ser romântica e de ser dramática, como também dosar a intensidade de cada um desses elementos. Apesar de falar muito de sexo, o filme não se torna vulgar e nem com humor forçado; apesar de ter muito romance, não te faz querer vomitar e apesar de ter muito drama, não te faz querer se matar. Nos pouco mais de 100 minutos de filme, o espectador recebe porções adequadas de cada um deles.
Trabalhar com relacionamentos já duradouros envolvendo casamentos de décadas com pessoas mais velhas parece ser mais difícil de fazer. A postura desse tipo de pessoa com relação ao amor é totalmente diferente da dos jovens, pois parecem ser muito mais fechados para isso. No filme mesmo, fica bem claro uma certa dificuldade do casal em assumir seus próprios desejos colocando sua idade como um fator limitante. Outros filmes que batem um pouco nessa tecla: Alguém tem que ceder (Something’s gotta give, 2002) e Simplesmente complicado (It’s complicated, 2009) em que Diane Keaton e Meryl Streep, respectivamente, têm a difícil missão de se abrirem à possibilidade de um namoro depois de anos na inércia.
O que mais chama a atenção em Um divã para dois é, obviamente, Meryl Streep e Tommy Lee Jones. Dois atores muito bons, muito experientes e muito admirados por todos que tem uma sintonia perfeita nos momentos mais próximos, e também nos mais distantes, de Kay e Arnold. Adorei Meryl, como sempre. Kay é totalmente diferente de seu papel anterior, Margareth Tatcher em A dama de ferro (The iron lady, 2011), mas também não deixa de ser uma mulher forte a sua maneira, até porque toda a tentativa de mudança foi proposta por ela. Devo admitir que por mais que Meryl tenha estado ótima, gostei mais de Tommy Lee Jones. Arnold é o maior barato como todo seu jeito rude, meio grosso, metódico, pragmático e ao mesmo tempo engraçado, e também com uma certa sensibilidade por trás daquilo tudo. Mas digo e repito: melhor que os dois separados só os dois juntos. Formam um casal perfeito.
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