Quem acompanha a carreira de Woody Allen sabe que o diretor é um fã
de jazz. Ele mesmo toca em uma banda e gosta tanto da música que preferiu ir
fazer um show a ir ao Oscar de 1977, onde terminou sendo premiado a melhor
diretor e melhor roteirista por Annie
Hall. O jazz tem presença marcante em sua filmografia, mas jamais aparece
em tamanho destaque quanto em Poucas e
boas (Sweet and lowdown, 1999).
O filme
acompanha a trajetória do ex-cafetão, egocêntrico, excêntrico e genial
violonista Emmet Ray (Sean Penn) que considera a si mesmo o segundo melhor
violonista do mundo (atrás apenas de seu ídolo, Django). Emmet ama seu violão e
sua música. Parecem ser as coisas que mais importam para ele, mais importante,
inclusive, que as pessoas que estão ao seu redor. Esse egocentrismo e essa
fixação pelo seu próprio mundo acabam a afastar Emmet de pessoas importantes e
de seus próprios sentimentos que são transpostos e disfarçados nas músicas que
ele compõe. Sufocar sentimentos de uma vida sofrida e intensa é, ao mesmo
tempo, o que sustenta seu talento e o que o impede de se igualar a seu ponto de
referência, Django, famoso por se entregar totalmente em suas músicas.
Fato
interessante no filme: ele é apresentado quase como um documentário. De tempos
em tempos, as cenas são interrompidas e, às vezes, previamente apresentadas por
apaixonados por jazz e fãs do músico. Uma dessas pessoas, é claro, é o próprio
Allen.
Poucas e boas recebeu duas indicações ao
Oscar: melhor ator (Sean Penn) e melhor atriz coadjuvante (Samantha Morton).
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