Num dia em que perambulava pela cidade, o vagabundo Carlitos
(Chaplin) conhece uma jovem cega que vende flores na rua - e logo se
apaixona por ela. Por uma série de coincidências, a moça acha que se
tratava de um homem rico. O vagabundo percebe a situação, mas sai
discretamente sem corrigir o erro.
Mais tarde, enquanto
procurava um lugar para dormir, o vagabundo vê um homem bêbado tentando
se matar num rio e impede a tentativa. O homem percebe a besteira que
iria fazer e para agradecer, convida seu salvador para ir à sua casa.
Quando chegam lá, Carlitos descobre que seu novo amigo é muito rico, mas
bastante infeliz por morar sozinho. Os dois vão pra farra e quando
retornam à casa do rico, o vagabundo vê sua amiga florista, compra todas
as flores e a leva para casa no carro de seu amigo.
Carlitos volta à mansão, e o homem rico, que já despertara da
bebedeira, sem reconhecer o vagabundo, e o expulsa de sua casa. Mais
tarde os dois se reencontram na cidade, e como estava bêbado, o rico reconheceu o
pobre, o levando novamente para casa, onde havia uma festa. No outro dia a cena se
repete: quando despertou sóbrio, o rico esqueceu do pobre e manda seu mordomo expulsá-lo.
Como não encontrou a florista na rua, o Vagabundo foi procurá-la
em sua casa, e encontrou-a doente, de cama. A avó da moça não tinha como
pagar os remédios, então o Vagabundo decide arrumar um emprego para
ajudá-la. A partir daí o filme vira em torno das tentativas (hilárias)
do personagem de Chaplin de conseguir dinheiro para ajudar a moça a
pagar o aluguel e também na busca da cura de sua cegueira.
Quando Luzes da cidade (City lights, 1931)
foi produzido, o cinema falado já era uma realidade, mas Chaplin, assim
como outros cineastas cabeça dura, achava que som era uma modinha
passageira e o desprezava - seu primeiro filme (parcialmente) falado foi
Monsieur Verdoux, em 1937 e só em 1940 saiu seu filme totalmente falado, O Grande Ditador.
Mesmo assim, Chaplin usou aqui alguns elementos de sonoplastia: no
início do filme, durante a inauguração de uma estátua, políticos
discursam e o som que sai de suas bocas é incompreensível, parecendo
busina - mais uma das sátiras contra os poderosos. Há outra cenas cenas
em que ele repete o uso da sonoplastia.
Além dos típicos traços
humorísticos traz também um lado bonito, que é o da bondade do
vagabundo; mesmo pobre ele se dedica a ajudar a florista, passando por
situações engraçadas como lutar boxe, e até mesmo indo preso
injustamente.E aqui temos algumas das sequências mais famosas de
Chaplin, como quando Carlitos observa uma vitrine enquanto subia e
descia num elevador na calçada, e quando ele vai trabalhar como varredor
de rua, cena que inspirou até um episódio do Pica-pau! Mas a cena que
mais merece destaque é a do reencontro de Carlitos e da florista,
considerada por muitos uma das mais bonitas do cinema, e que prova que
olhares e gestos são suficientes para transmitir emoção, dispensando qualquer diálogo.
Obs: esse é,
provavelmente, o filme de Charles Chaplin mais querido pela crítica. Foi
o único dele a entrar na lista dos 50 melhores filmes de todos os
tempos. Pessoalmente, prefiro Tempos Modernos, mas quem sou eu pra discutir com críticos e cineastas?
Luís F. Passos
Nenhum comentário:
Postar um comentário