quinta-feira, 5 de julho de 2012

Para Roma com amor - divertidas histórias paralelas tendo Roma como palco

Após alguns anos participando apenas como diretor e roteirista de seus próprios filmes, Woody Allen volta a atuar em Para Roma com amor (To Rome with Love, 2012), sua nova comédia, que se passa inteiramente na cidade imortal e que acompanha uma pequena parte da história de diferentes personagens, centrados em quatro núcleos sem conexão entre si, que vão passar pelas mais diversas e inusitadas situações.
Primeiro, temos um cidadão romano de classe média típico, Leopoldo, interpretado por Roberto Benigni, que, da noite pro dia, se torna uma celebridade instantânea sem nem saber o motivo. A partir daí, ele passa a ser perseguido e assediado pela mídia que acompanha todo o ritual de sua vida monótona e corriqueira ao mesmo tempo em que passa a sair da esfera do cidadão comum e freqüentar chiques estréias de filmes e a se envolver com belíssimas mulheres. Essa vertente de Para Roma com amor explora temas como a fama e o anonimato, as vantagens e desvantagens de cada um, o amor e o ódio que celebridades têm pela sua vida pública, e qual das duas opções é mais viável para ser feliz.
Temos também um núcleo centrado em um jovem arquiteto, Jack (Jesse Eisenberg), que se vê apaixonado por Mônica (Ellen Page), a sexy e pseudo-intelectual que parece motivada a atrair homens apenas pelo prazer da conquista, melhor amiga de sua namorada Sally. Ele se vê em uma encruzilhada: seguir sua vida comum e meio entediante com Sally ou mergulhar de cabeça num relacionamento intenso, e provavelmente rápido, com Mônica. Sempre acompanhando a personagem de Jesse Eisenberg, temos John (Alec Baldwin), rico e conhecido arquiteto estadunidense. A história deixa em aberto duas opções viáveis: ou John é fruto da imaginação de Jack, ou Jack simboliza uma parte da juventude de John que está revivendo seus dias como estudante na cidade (a segunda opção me parece mais viável e mais interessante também).
Milly e Antonio. O casal bonzinho e bem comportado vindos do interior da cidade que acabam se envolvendo com outras pessoas. Ele, um inseguro empresário que se esforça para causa boas impressões para os tios ricos e que vê tudo ir por água abaixo quando se vê envolvido com uma prostituta chamada Anna (Penélope Cruz). Ela, a comportada esposa, se vê seduzida por um famoso ator italiano. Dessas relações extraconjugais, os dois vão descobrir, ao mesmo tempo, porém separados, como sair da monotonia e realizar seus próprios desejos e vontades.
Por fim, mas não menos importante, o núcleo que detêm o próprio Woody Allen. Aqui, ele aparece como um aposentado diretor de ópera, com talento duvidoso, que viaja com sua esposa, psiquiatra interpretada por Judy Davis, para a cidade de Roma a fim de conhecer o noivo de sua filha. Ao conhecer a família do noivo, ele descobre que o pai dele é ume excelente cantor de ópera e, tendo em vista sua total infelicidade com a aposentadoria, decide investir nele para montar um novo espetáculo que é, digamos assim... único e surpreendente, ao mesmo tempo em que é fadado ao fracasso.
À semelhança de Meia noite em Paris (Midnight in Paris, 2011), Para Roma com amor também é um filme atemporal. A semelhança entre Roma e Paris é mais notável no núcleo Jesse Eisenberg – Ellen Page – Alec Baldwin. A única coisa que sabemos é que todas passam na cidade, mas não ao mesmo tempo e não tem a mesma duração. Elementos básicos e recorrentes na cinebiografia do diretor também estão aqui: personagens inseguros, confusos, neuróticos, obsessivos, cheios de dúvidas, cheios de desejos reprimidos e com problemas nos relacionamentos. Tudo está por aqui. Interessante mesmo, é a volta da persona de Allen. É claro, que o diretor interpreta grande parte das características de sua persona, como é comum, mas trações de sua personalidade são distribuídas a todas as personagens masculinas do longa: Antonio, Jack e Leopoldo. Cada um pega uma fatia para si e trabalha bem com elas.
Infelizmente, Roma não ficou tão apaixonante assim no longa. Tudo bem, as paisagens e cenários são bonitos, mas não há aquele impacto que temos com a Nova York de Manhattan (1979), a Barcelona de Vicky Cristina Barcelona (2008) e, principalmente, a Paris de Meia noite em Paris (2011). Mesmo assim, tá valendo.

Lucas Moura

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