Já parou pra pensar em como você e seus amigos estarão daqui a vinte anos? Será que continuarão próximos? E o mundo, vai ter mudado muito? Essa reflexão é a proposta de Maria Adelaide Amaral em Aos meus amigos, livro que trata de antigas amizades que se desgastaram ao longo do tempo.
Leo, escritor e publicitário, era um cara que apesar de ser muito generoso e dar muito valor às pessoas com quem convivia, era depressivo e tinha grandes alterações de humor. Numa dessas crises de depressão, Leo comete suicídio, mas havia planejado previamente que sua morte fosse um pretexto para que sua antiga turma de amigos se reunisse. Esse grupo se conhecia desde os anos 70, nos anos de faculdade, e era unido o suficiente para ser intitulado de "A família". Acontece que o último encontro em que todos os amigos estiveram presentes foi no réveillon de 1981/82, e depois a vida deles seguiu caminhos bem diferentes, reencontrando-se apenas em 1989, após a morte de Leo.
À medida em que os antigos amigos se reencontram, fica visível o quanto cada um deles mudou e como as relações tão fortes de outrora estavam frágeis. Casais que haviam se separado ou estavam em crise. O escritor que estava em auge mas entrou em decadência após a morte da esposa. O jornalista comunista que estava desiludido após a queda do Muro de Berlim e a consequente crise do socialismo. É aí que a história deixa de ser restrita ao grupo e se torna uma crônica de gerações, tendo como plano de fundo o mundo do fim da Guerra Fria e as grandes mudanças na cultura, política e sociedade do país.
Diferente do que o título possa sugerir, Aos meus amigos não é um livro feliz, em que tudo é motivo de vomitar arco-íris e mil trocas de afeto entre os velhos amigos, pelo contrário. A turma que se reencontra é cheia de rancor e feridas que o tempo não conseguiu fechar - e que nem todos estavam dispostos a esquecer. Enquanto alguns achavam que deveriam aproveitar a oportunidade dada por Leo e reconstruir "A família", outros queriam apenas homenagear o falecido e voltar à vida cotidiana. Um desses é Beny, editor milionário que se tornara amargurado e pessimista. Mas Beny, em seus piores momentos, percebe que ainda pode contar com o apoio daqueles que um dia ele chamou de irmãos.
Aos meus amigos inspirou a minissérie Queridos amigos, exibida pela Globo em 2008 (a própria autora fez a adaptação). Na telinha a história teve algumas diferenças; a princial é que Leo não se matou, mas havia sido diagnosticado com um câncer terminal e decidira dedicar seus últimos meses de vida numa tentativa de reunir "A família". Assisti à minissérie, gostei muito, e meses depois ganhei o livro (uhu!).
Apesar das diferenças, a essência é a mesma: a história parece ser pessimista mas não o é, na verdade é muito realista ao retratar um grupo que amadureceu junto a grandes transformações políticas e sociais da década de 80. As personagens são exemplos de uma geração que entrou em crise e percebeu que não conseguiu mudar o mundo, e ainda precisava levantar a cabeçae tocar a vida adiante.
O livro é baseado em experiências pessoais da autora, e a personagem Leo é inspirada em Décio Bar (a quem o livro é dedicado), amigo de Maria Adelaide.
Luís F. Passos
Diferente do que o título possa sugerir, Aos meus amigos não é um livro feliz, em que tudo é motivo de vomitar arco-íris e mil trocas de afeto entre os velhos amigos, pelo contrário. A turma que se reencontra é cheia de rancor e feridas que o tempo não conseguiu fechar - e que nem todos estavam dispostos a esquecer. Enquanto alguns achavam que deveriam aproveitar a oportunidade dada por Leo e reconstruir "A família", outros queriam apenas homenagear o falecido e voltar à vida cotidiana. Um desses é Beny, editor milionário que se tornara amargurado e pessimista. Mas Beny, em seus piores momentos, percebe que ainda pode contar com o apoio daqueles que um dia ele chamou de irmãos.
Aos meus amigos inspirou a minissérie Queridos amigos, exibida pela Globo em 2008 (a própria autora fez a adaptação). Na telinha a história teve algumas diferenças; a princial é que Leo não se matou, mas havia sido diagnosticado com um câncer terminal e decidira dedicar seus últimos meses de vida numa tentativa de reunir "A família". Assisti à minissérie, gostei muito, e meses depois ganhei o livro (uhu!).
Apesar das diferenças, a essência é a mesma: a história parece ser pessimista mas não o é, na verdade é muito realista ao retratar um grupo que amadureceu junto a grandes transformações políticas e sociais da década de 80. As personagens são exemplos de uma geração que entrou em crise e percebeu que não conseguiu mudar o mundo, e ainda precisava levantar a cabeçae tocar a vida adiante.
O livro é baseado em experiências pessoais da autora, e a personagem Leo é inspirada em Décio Bar (a quem o livro é dedicado), amigo de Maria Adelaide.
Luís F. Passos
Nenhum comentário:
Postar um comentário