O Continente, primeira parte da trilogia O Tempo e o Vento, termina com o fim da Revolução Federalista de 1895. Na época os filhos de Licurgo Cambará, Toríbio e Rodrigo, são crianças. Na continuação, O Retrato, também dividido em dois volumes, os dois já são adultos.
A história começa com a volta de Rodrigo a Santa Fé, depois de se formar em medicina na capital Porto Alegre. As coisas na cidade estavam bem diferentes: a população aumentara, o telefone e a ferrovia haviam chegado, e velhas figuras da cidade como dona Bibiana e o padre Romano estavam mortos. Rodrigo volta a sua terra natal entusiasmado com a carreira médica e decidido a levar a Santa Fé as maravilhas da cidade grande. Mas essa figura do "novo gaúcho" encarnada em Rodrigo esbarra no pai, típico "velho gaúcho". Licurgo concluiu seus estudos, mas dá muito mais valor ao trabalho no campo do que às ciências médicas e humanas que tanto encantam seu filho. Por isso, logo na chegada de Rodrigo, ele afirma que o rapaz desperdiçava dinheiro com "inutilidades": discos de vinil, livros, champanhe e inúmeras comidas estrangeiras como caviar. Entre o conservador Licurgo e o inovador Rodrigo está Toríbio, que apesar de gostar de muitas das ideias e manias do irmão, é mais parecido com o pai, tanto que prefere passar o tempo na estância da família.
Depois de abrir seu consultório e uma farmácia na cidade, Rodrigo vai deixando sua marca em Santa Fé. Generoso a ponto de não cobrar consultas e remédios aos mais pobres, ganha o respeito do povo, mas o ódio de alguns poderosos da região, como o prefeito Titi Trindade . Rodrigo começa a oferecer jantares e saraus em sua casa, reunindo pessoas ilustres como o padre Astolfo, o coronel do exército Jairo Bittencourt, além de seus velhos amigos e o pintor anarquista Pepe García. Pepe tem um papel chave no livro: é ele quem pinta o retrato de Rodrigo, dedicando-se de corpo e alma ao trabalho e tendo um resultado excelente - o retrato ficou famoso em Santa Fé, e as pessoas chegavam a dizer que a pintura só faltava falar para ser o próprio Rodrigo.
Assim como O Continente, O Retrato mistura ficção com fatos históricos, no caso, uma parte da República Velha, entre as décadas de 1910 e 1920. Rodrigo e sua família são contrários ao governo do Marechal Hermes da Fonseca, e o jovem médico era partidário de Rui Barbosa, principal inimigo político da política do café-com-leite. Rodrigo exaltava as qualidades do diplomata, homem culto e de prestígio internacional. Os Cambará também se envolvem com o senador Pinheiro Machado, o político mais poderoso da época no país, a quem a família era contrária, o que muda após uma visita do senador a Santa Fé.
A figura central de O Retrato é Rodrigo Terra Cambará. E é a pintura deste, feita por Pepe, que dá nome ao livro por um importante motivo: temos aqui uma espécie de O retrato de Dorian Gray às avessas. No livro de Oscar Wilde um jovem consegue beleza eterna enquanto que seu retrato vai se tornando feio e devastado, refletindo sua alma corrompida. Já no romance brasileiro, o retrato serve de comparação com a moral de Rodrigo, que mesmo depois de casado continua mulherengo, apronta todas com qualquer uma que esteja disposta a deitar com ele, e se torna vaidoso. Enquanto o Retrato permanece incrível, a honra de Rodrigo vai se sujando cada vez mais.
O Retrato prepara o leitor para a última e mais extensa parte da trilogia O Tempo e o Vento, O Arquipélago (dividido em três volumes). Aqui temos o começo da vida adulta de Rodrigo, seus ideais inovadores, sua bondade, suas aventuras amorosas e seu casamento com Flora. Fica marcada a semelhança que o rapaz tem com seu xará e bisavô, o inesquecível capitão Rodrigo Cambará. Os dois volumes de O Retrato são divididos em três partes; a primeira e a última se passam quando Rodrigo está velho, já a segunda é a que eu narrei acima. Interessante que ela se chama O Chantecler, título de uma ópera em que um galo acha que o sol nasce todos os dias porque ele canta para isso - e descobre que não é verdade quando acorda tarde e o dia já havia começado. E por quê isso é interessante? Só lendo pra saber. Recomendo.
Depois de abrir seu consultório e uma farmácia na cidade, Rodrigo vai deixando sua marca em Santa Fé. Generoso a ponto de não cobrar consultas e remédios aos mais pobres, ganha o respeito do povo, mas o ódio de alguns poderosos da região, como o prefeito Titi Trindade . Rodrigo começa a oferecer jantares e saraus em sua casa, reunindo pessoas ilustres como o padre Astolfo, o coronel do exército Jairo Bittencourt, além de seus velhos amigos e o pintor anarquista Pepe García. Pepe tem um papel chave no livro: é ele quem pinta o retrato de Rodrigo, dedicando-se de corpo e alma ao trabalho e tendo um resultado excelente - o retrato ficou famoso em Santa Fé, e as pessoas chegavam a dizer que a pintura só faltava falar para ser o próprio Rodrigo.
Assim como O Continente, O Retrato mistura ficção com fatos históricos, no caso, uma parte da República Velha, entre as décadas de 1910 e 1920. Rodrigo e sua família são contrários ao governo do Marechal Hermes da Fonseca, e o jovem médico era partidário de Rui Barbosa, principal inimigo político da política do café-com-leite. Rodrigo exaltava as qualidades do diplomata, homem culto e de prestígio internacional. Os Cambará também se envolvem com o senador Pinheiro Machado, o político mais poderoso da época no país, a quem a família era contrária, o que muda após uma visita do senador a Santa Fé.
A figura central de O Retrato é Rodrigo Terra Cambará. E é a pintura deste, feita por Pepe, que dá nome ao livro por um importante motivo: temos aqui uma espécie de O retrato de Dorian Gray às avessas. No livro de Oscar Wilde um jovem consegue beleza eterna enquanto que seu retrato vai se tornando feio e devastado, refletindo sua alma corrompida. Já no romance brasileiro, o retrato serve de comparação com a moral de Rodrigo, que mesmo depois de casado continua mulherengo, apronta todas com qualquer uma que esteja disposta a deitar com ele, e se torna vaidoso. Enquanto o Retrato permanece incrível, a honra de Rodrigo vai se sujando cada vez mais.
O Retrato prepara o leitor para a última e mais extensa parte da trilogia O Tempo e o Vento, O Arquipélago (dividido em três volumes). Aqui temos o começo da vida adulta de Rodrigo, seus ideais inovadores, sua bondade, suas aventuras amorosas e seu casamento com Flora. Fica marcada a semelhança que o rapaz tem com seu xará e bisavô, o inesquecível capitão Rodrigo Cambará. Os dois volumes de O Retrato são divididos em três partes; a primeira e a última se passam quando Rodrigo está velho, já a segunda é a que eu narrei acima. Interessante que ela se chama O Chantecler, título de uma ópera em que um galo acha que o sol nasce todos os dias porque ele canta para isso - e descobre que não é verdade quando acorda tarde e o dia já havia começado. E por quê isso é interessante? Só lendo pra saber. Recomendo.
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