Demorei a
conferir o último trabalho do diretor Wes Anderson. Na verdade, acho que
demorei tempo demais. Estou totalmente apaixonado pelo carisma e pela qualidade
de um filme que não reservava, exatamente, questionamentos sobre sua grande
qualidade, mas que mesmo assim mostrou-se, para mim, muito melhor do que o que
eu imaginava. Estou falando do sucesso de Cannes em 2012, Moonrise Kingdom.
O enredo é
simples e quase banal, mas a maneira como se desenrola é especial e cativante.
O filme conta a história de um casal de jovens de apenas 12 anos de idade que
decidem se encontrar em um local, marcado através de cartas pelas quais se
corresponderam por um tempo, na ilha em que vivem e fugirem juntos. Partir para
uma vida melhor, de novas perspectivas, longe das enfadonhas frustrações de
suas vidas cotidianas. O menino, Sam, é um órfão que sente-se incompreendido e
rechaçado pelo grupo de escoteiros ao qual faz parte. A menina, Suzy, sente-se
incompreendida e injustiçada dentro de um meio familiar desestruturado.
A vida em fuga
dos dois se inicia, mas logo é interrompida pelos adultos (policiais, chefe dos
escoteiros, assistente social, familiares) que querem impedir que esta loucura
infantil tomasse consequências trágicas. E, de fato, tragédias acontecem ao
longo da trama. Não por parte dos garotos, mas da intromissão de outros em seus
planos. O fato é que Sam e Suzy, apesar de guiados por sentimentos imaturos que
definitivamente não levariam a nada de bom na vida real, tem uma segurança e uma
coragem que contrasta com o descontrole dos adultos do filme, que não tem
qualquer controle sobre suas vidas e são apáticos demais para procurar alguma
nova direção – algo que os dois estão aptos e dispostos a fazer.
O interessante
em Moonrise Kingdom é que é um filme
extremamente diverso. Através de imagens e cenários belos, naturais e
minuciosos, Wes Anderson conta uma história que nos dá um pouco de tudo:
momentos de tristeza, momentos de comédia e momentos trágicos que são todos
marcados por grande sensibilidade e carisma. A tristeza e a tragédia são pontos
fundamentais tendo em vista o lado psicológico conflituoso das protagonistas.
Os momentos de comédia são quase todos fundamentados no absurdo – marca
registrada do trabalho de Wes Anderson. O romance também é um dos pontos altos
da trama, tendo em vista que o filme se esforça a retratar o improvável casal
com a máxima pureza de sentimento possível. Enfim, o filme é uma graça. Ah, além de tudo o elenco é fantástico.
Nota: 10
Lucas Moura
Nota: 10
Lucas Moura
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