Ao lado de Jorge Amado, é o grande prosador do Nordeste e também um dos maiores nomes do Modernismo, especialmente da 2ª Fase, a regional. Ao retratar com maestria a decadência do engenho de cana-de-açúcar, José Lins do Rêgo conquistou um enorme espaço entre os gênios de nossa literatura.
Nascido em 1901 na cidade do Pilar, na Paraíba, era descendente da aristocracia canavieira. Depois de ficar órfão de mãe e abandonado pelo pai, foi morar no engenho Corredor, de seu avô materno. Passou a infância em contato com o mundo do engenho, e viu este ser pouco a pouco substituído pelas modernas usinas. Em 1920 ingressou na Faculdade de Direito do Recife, onde participava de diversas rodas de intelectuais, nas quais conheceu José Américo de Almeida (fundador da 2ª fase modernista com A Bagaceira); casou-se em 1924 e dois anos depois se mudou para Maceió, onde se tornou amigo de figuras como Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e Jorge de Lima.
José Lins escrevia muito bem, e por isso os amigos o instigaram a escrever um livro. A partir daí veio a ideia de escrever Menino de engenho, lançado em 1932. O romance tem um profundo caráter autobiográfico. Nele é contada a história do menino Carlos de Melo, o Carlinhos, que vai morar com o avô depois que a mãe é assassinada pelo pai. Não vou entrar muito em detalhes porque o próximo post será sobre esse romance. Depois de Menino de engenho vieram Doidinho (1933) e Bangüê (1934) (agora sem trema), que falam, respectivamente, da adolescência e da vida adulta de Carlos. Os livros seguintes, O moleque Ricardo (1935) e Usina (1936) se unem aos três primeiros formando o chamado "ciclo da cana-de-açúcar", fechado em 1943 com Fogo Morto, obra-prima de Lins e um de meus livros favoritos.
Adorado por público e crítica, foi traduzido para vários países. Menino de engenho, em 78 anos, vendeu mais de um milhão de exemplares e teve cem edições. O estilo de Lins era despojado, espontâneo, lembrando bastante a arte narrativa das ruas. Mas nem por isso perde em genialidade: aborda profundamente a falência dos engenhos e outros temas como pobreza, racismo e loucura. Além do ciclo da cana, sua obra também é dividida em ciclo do cangaço (Pedra bonita e Cangaceiros) e ciclo independente (Pureza, Riacho doce, etc). Sua última obra foi Meus verdes anos (1956), livro de memórias.
Outra qualidade do cara: era flamenguista. Torcedor apaixonado, foi também diretor do clube; em 2002 foi lançado o livro Flamengo é puro amor, uma coleção de 111 crônicas e contos do escritor.
Faleceu em 12 de setembro de 1957, vítima de hematopatia. Contraíra esquistossomose nas águas cheias de caramujos dos açudes nordestinos.
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