quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Interlúdio - espionagem e elegância

Hoje o Cinema de quinta traz outro grande filme de Hitchcock. Alicia Huberman (Ingrid Bergman) é uma jovem festeira que se afasta do seu pai após descobrir seu envolvimento em atividades relacionadas ao nazismo. Devlin (Cary Grant) é um policial que está trabalhando na investigação de ações de grupos nazistas fora da Alemanha. Devlin recruta Alicia para uma missão anti-nazismo: se infiltrar no meio do rico Alexander Sebastian (Claude Rains), que vive no Rio de Janeiro e é um dos membros de um grupo nazista instaurado na cidade.
A história fica um pouco mais complicada quando são acrescentados à trama de espionagem um caráter mais romântico. Primeiro, Devlin e Alicia se apaixonam, apesar das diferenças e da falta de crença por parte de Devlin de que a moça se tornou uma pessoa melhor e mais responsável. Enquanto isso, Alicia não foi recrutado à toa: é sabido que Sebastian já foi apaixonado pela moça no passado, chegando à pedi-la em noivado, algo rejeitado por Alicia. Para complicar mais ainda, a missão de Alicia começa a ficar cada vez mais séria, e à medida que a moça vai conquistando cada vez mais a simpatia de Alexander os chefes pedem para que ela case-se com ele o que inviabiliza seu relacionamento com Devlin. Na frente de Sebastian, os dois se tratam apenas como meros conhecidos, o que não impede o ciúme de Devlin.
Após o casamento, Alicia passa a se aprofundar cada vez mais na sua missão. Conhecemos então quem são aqueles homens envolvidos no nazismo e do que eles são capazes. Também é apresentada com mais detalhes a mão de Devlin, uma senhora fria e cruel. 
O filme é bem elegante e interessante. Torna-se ainda mais interessante a partir da cena da festa feita por Alicia onde um jogo tenso relacionado à chave da adega, local da casa que esconde, em elegantes garrafas de vinho, a prova das reais intenções do trabalho daqueles homens em território brasileiro e à quantidade de bebida da festa, afinal, só Sebastian tem a chave da adega e Alicia a pegou escondida. A quantidade de bebida que vai diminuindo foi um ótimo recurso pra dar noção do tempo na seqüência. . A partir daí, o filme só faz melhorar. As pequenas suspeitas que Sebastian tinha quanto a relação entre Alicia e Devlin são confirmadas, ele também descobre que a moça esteve na adega e que está muito próxima a saber a verdade sobre seu trabalho. Descobre que ela é uma espiã a serviço do governo dos EUA, apesar de ter sangue alemão. É preciso dar um fim nela, matá-la, mas sem deixar rastros. A decisão tomada então, pela mãe, é cruel: matar Alicia aos poucos, envenenada, para que pareça que a moça está doente e que sua morte foi “natural”. Provavelmente a forma mais fácil de calá-la sem levantar suspeitas.
Hitchcock trabalha bem com espionagem e esse filme não é uma exceção. As intrigas, as investigações, o clima tenso, e, porque não, um romance meio tortuoso. Tudo está aqui e tudo funciona muito bem. Interlúdio (Notorious, 1946) é um filme de muita qualidade, e um dos meus favoritos da filmografia do diretor (confesso que vi apenas cerca 10 dos muitos filmes dele, mas Interlúdio realmente me agradou). Cary Grant ficou bem no papel, mas, para mim, as atenções voltam-se à Ingrid Bergman e Claude Rains, os personagens mais complexos e bem trabalhados da trama. Quanto o Sebastian de Claude Rains, não consegui detestá-lo, apesar de ele ser um vilão e de ter adotado uma maneira relativamente sádica de matar Alicia. Ele é daqueles vilões amor e ódio, que em certas horas faz coisas horríveis e em outras coisas incríveis. Prova disso é o final, onde ele mostra um certo heroísmo meio torto. Não vamos esquecer, lógico, da querida mamãe de Sebastian que tem papel crucial no filme com seu sadismo.

por Lucas Moura

Um comentário:

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