Há uns anos atrás uma americana escreveu 1000 lugares para conhecer antes de morrer, e o livro virou best-seller. A partir de então, fizeram livros de 1001 tudo. 1001 filmes, discos, vinhos, comidas, livros, invenções. E também escreveram 501 escritores, artistas, crimes, etc. São guias que valem a pena pra quem quer saber mais sobre cada tema, e apresentados de um jeito bem bacana. Deles, posso opinar sobre o 501 Grandes Escritores, que ganhei esse ano. Gostei bastante, ele abrange nomes famosos de Homero até os contemporâneos, passando por Platão, Virgílio, Santo Agostinho, Dante, Bocaccio, Erasmo de Roterdã, Camões, Cervantes, Shakespeare, Voltaire, Rousseau, Goethe, Heine, Victor Hugo, Edgar Allan Poe, Dickens, Flaubert, Dostoiévski, Tolstói, Proust, Kafka, James Joyce, Fernando Pessoa, Agatha Christie, Neruda, Sartre, Simone de Beauvoir, Camus, Saramago, García Márquez, Vargas Llosa, Stephen King e J.K. Rowling.
Dentre os 501, apenas três brasileiros: Machado de Assis, Jorge Amado e Paulo Coelho. Por isso a edição brasileira traz um apêndice com outros 24 de nossos escritores. É aí que a gente se pergunta: por quê só três brasileiros? E pior, por quê Paulo Coelho? Vou explicar direito minha indignação.
1. Machado de Assis: merecido, aliás, merecidíssimo. Machado, quando não é chamado de maior escritor brasileiro, fica com a segunda posição (atrás do nosso amigo Guimarães Rosa). A própria história pessoal dele é digna de admiração: pobre, neto de escravos, trabalhou desde jovem. Mas a sorte lhe sorriu, e o fez autodidata. Machado trabalhou como jornalista e depois ingressou no serviço público, onde teve carreira meteórica. Depois de escrever livros de características românticas, Machado inaugurou o Realismo no Brasil em 1881 com Memórias Póstumas de Brás Cubas. Fundou e foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Com seus livros realistas, foi o primeiro brasileiro a escrever literatura universal, e foi quem colocou a literatura brasileira no mapa. Machado de Assis faleceu em 1908, ano em que escreveu seu último livro, Memorial de Aires, onde deixa evidente a tristeza e a saudade provocada por sua esposa, Carolina, falecida anos antes.
2. Jorge Amado: claro que merece, afinal é o segundo brasileiro que mais vendeu livros em todos os tempos. Baiano de Itabuna, imortalizou os diferentes tipos da Bahia em suas muitas obras. Trabalhou como jornalista, foi comunista (assim como os outros escritores de sua geração, a 2ª fase modernista), escreveu livros de cunho esquerdista, chegando a ter exemplares queimados em praça pública. A partir dos anos 50, passou a escrever romances sobre o cotidiano urbano, retratando com humor a sociedade baiana. Na década de 60 chegou a ser indicado ao Nobel de Literatura por Dona Flor e seus dois maridos. Foi o escritor com mais obras adaptadas para o teatro, cinema e televisão. Membro da Academia Brasileira de Letras, quando faleceu em 2001, teve sua vaga ocupada por sua mulher, a também escritora Zélia Gattai.
3. Paulo Coelho: não posso falar muito, já que apéssima fama do cara fez com que eu não tivesse vontade alguma de lê-lo. O cara é acusado de escrever mal, plagiar, enfim. Além de escrever um livro chamado Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei - quem diabos dá um título desses a um livro? Mas minha intenção não é (só) falar mal de Paulo Coelho, e sim apontar quem deveria estar no lugar dele: Guimarães Rosa. E não é coisa de fã, é pra fazer justiça mesmo. Guimarães foi um dos maiores nomes da literatura universal no século XX, e um dos reinventores da prosa (post sobre Guimarães aqui).
Até dá pra perdoar o erro, já que o livro é estrangeiro. Mas engrandecer Paulo Coelho desse jeito... é pra perder a paciência. Sacanagem não só com Guimarães Rosa, mas com os vários (e verdadeiros) gigantes da literatura nacional como José de Alencar, Aluízio de Azevedo, Lima Barreto, Mário de Andrade, José Lins do Rêgo, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, Drummond de Andrade, Erico Verissimo e Clarice Lispector.
3. Paulo Coelho: não posso falar muito, já que a
Até dá pra perdoar o erro, já que o livro é estrangeiro. Mas engrandecer Paulo Coelho desse jeito... é pra perder a paciência. Sacanagem não só com Guimarães Rosa, mas com os vários (e verdadeiros) gigantes da literatura nacional como José de Alencar, Aluízio de Azevedo, Lima Barreto, Mário de Andrade, José Lins do Rêgo, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, Drummond de Andrade, Erico Verissimo e Clarice Lispector.
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