domingo, 17 de julho de 2011

O Tempo e o Vento - O Continente I

O Tempo e o Vento não é só a obra prima de Erico Veríssimo, como também um tesouro do povo gaúcho. Os três livros da saga são apresentados em sete volumes (O Continente - 2 volumes, O Retrato - 2 volumes, O Arquipélago - 3 volumes) e têm mais de duas mil páginas. É nesse bocado de livros que é contada a história gaúcha através da família Terra-Cambará, de 1745, nas missões jesuítas, até 1945, no fim do Estado Novo. É em O Continente I que estão duas das maiores personagens de Erico, Ana Terra e o cap. Rodrigo Cambará, que representam os típicos mulher e homem gaúchos: Ana, sofrida e trabalhadora, e que passa boa parte da vida a esperar, enquanto que Rodrigo é um militar que ama a vida livre, as mulheres, a música, os excessos e a guerra.
O livro começa na revolução federalista de 1893, quando o líder republicano de Santa Fé, Licurgo Cambará, está sitiado em sua casa com sua família e seus partidários. O cerco já durava dias, a comida estava se acabando e sua mulher prestes a dar à luz. A partir daí, os capítulos sobre o Sobrado de Licurgo se intercalam com os capítulos que explicam a origem de sua família. A ordem dos capítulos é:
O Sobrado I: narra parte do cerco ao Sobrado.
A Fonte: Por volta do século XVIII a chamada colônia do Sacramento, parte do atual Rio Grande do Sul, pertencia à Espanha até o Tratado de Madri (1750) que aumentou o território da parte portuguesa. Na colônia haviam missões jesuíticas, os chamados Sete Povos das Missões, comandados por sacerdotes espanhóis. É nas missões que mora o jovem Pedro, um índio órfão criado pelos padres. Quando as terras ocupadas pelas missões passaram ao domínio português, foi determinado que os jesuítas e os índios deveriam ir para o território dos espanhóis, tarefa impossível devido à quantidade de pessoas, animais e a complexidade social que havia nas missões. Os índios, então, resistiram aos portugueses e espanhóis, comandados pelo capitão índio Sepé Tiaraju. A partir daí, Pedro passou a ter visões em que Tiaraju aparecia como um guerreiro divino. Os índios acreditavam no menino porque alguma das visões se confirmaram, como  a prisão do capitão, sua fuga e a vitória de algumas batalhas. Mas apesar dos esforços dos índios, o exército dos europeus era superior, e as missões foram destruídas, e seu povo, massacrado.
O Sobrado II: narra parte do cerco ao Sobrado.
Ana Terra, papel de Glória Pires
na minissérie O Tempo e o Vento
Ana Terra: A família Terra, de Sorocaba, havia conseguido ma sesmaria no continente do Rio Grande, e para lá se mudou, erguendo um pequeno rancho. Maneco Terra, sua mulher Henriqueta e os filhos Antônio, Horácio e Ana trabalhavam de sol a sol, isolados em suas terras, vulneráveis a perigos como ataque de bandidos, principalmente castelhanos. A vida dos Terra mudou quando um índio apareceu em suas terras, ferido. Eles cuidaram do índio, que após recuperado trabalhou para eles e foi conquistando a confiança da família, até que engravida Ana e é morto pelos irmãos dela. Ana tem seu filho e lhe dá o nome de Pedro. Os anos passam, o menino cresce e as poucos a felicidade volta ao rancho, até que todos os homens da família morrem num ataque de castelhanos, sobrevivendo apenas Ana, Pedro, a mulher e a filha de Antônio, que se mudam para um povoado chamado Santa Fé, fundado por um certo Ricardo Amaral, onde se torna parteira. Pedro cresce, e vai para uma das muitas guerras com os castelhanos, mas volta vivo, se casa e tem dois filhos, Juvenal e Bibiana. É de Ana Terra a frase que muito se repete na saga: "noite de vento, noite dos mortos"
O Sobrado III: narra parte do cerco ao Sobrado.
Tarcísio Meira como o cap Rodrigo,
na minissérie da rede Globo
Um certo Capitão Rodrigo: Anos depois da morte de Ana Terra, quem mandava em Santa Fé era a terceira geração dos Amaral, o coronel Ricardo Amaral Neto. Seu filho, Bento, era apaixonado por Bibiana Terra, neta de Ana. Mas a chegada do misterioso capitão Rodrigo Cambará atrapalha seus planos. Animado e espalhafatoso, Rodrigo vinha conquistando a simpatia de muita gente na cidade, inclusive de Juvenal, irmão de Bibiana. Depois de um duelo com Bento, em que quase saiu morto, Rodrigo consegue se casar com Bibiana, a contragosto do pai da moça. O que inicialmente era um casamento feliz foi se tornando difícil, pois Rodrigo começou a enjoar da vida sedentária, se entregando ao jogo, a álcool e às amantes. Com o nascimento de Bolívar, o primeiro filho do casal, seu comportamento melhora, mas por pouco tempo. Bibiana ficou grávida novamente, mas a menina morreu ainda criança. Quando estoura a revolução Farroupilha, Rodrigo, que era amigo pessoal do general Bento Gonçalves, apresenta-se às tropas rebeldes, e é ele quem comanda o ataque à Santa Fé, já que a família Amaral estava ao lado do governo. Antes do ataque ele visita Bibiana, que tinha ficado em casa mesmo com a ameaça da invasão, e havia mandado os filhos para a casa paroquial. Rodrigo manda Bibiana fazer comida e lhe prometeu que voltaria para casa ao amanhecer, após invadir o casarão Amaral. O capitão invade a casa, mata o velho Ricardo Amaral Neto, mas é morto pelos legalistas. Bento Amaral consegue fugir. Rodrigo deixa uma viúva, dois filhos e centenas de amigos no povoado onde era tão querido.
O Sobrado IV: narra parte do cerco ao Sobrado.




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