Alguns diretores sabem como explorar a alma feminina, mas poucos o fazem com tanta maestria quanto o cineasta espanhol Pedro Almodóvar. De um modo geral, em sua filmografia, temos películas que são verdadeiras obras de adoração à mulher. Muitos dos filmes são contados a partir do ponto de vista dessas, explorando todas as faces de sua complexa existência. Até mesmo quando não se tem mulheres propriamente ditas, Almodóvar gosta de pontuar seus contos com personagens femininas como os transexuais que aparecem em alguns de seus trabalhos. Dentro de sua obra, ele enalteceu suas mulheres em filmes como Mulheres à beira de um ataque de nervos, Tudo sobre minha mãe, Fale com ela e, um dos mais notáveis, Volver.
Em Volver o diretor constrói a trajetória de Raimunda (Penélope Cruz), sua irmã Sole, sua filha Paula e sua falecida mãe. Todas as personagens vivem, de certa forma, seus dramas particulares que possuem uma conexão central. É importante frisar que Volver é um filme que foca muito bem na força, mas também na fragilidade deste pequeno grupo de mulheres. Seus dramas são o solo perfeito para o desenvolvimento de uma estória passional sobre coragem e esperança. Uma pequena guerra feminina dentro de um mundo dominado por uma opressiva presença masculina. Vale lembrar que todo o drama relacionado à história de vida das personagens está intimamente ligado a presença masculina, apesar de basicamente não vermos nenhum homem em tela. Por mais que não estejam presentes no filme, foi a presença de homens machistas e violentos que as colocaram na dura realidade com a qual devem lidar. É como se os homens – que mal vemos – fossem apenas obstáculos no caminho destas mulheres. Os dramas particulares de cada uma, eu não posso dizer, pois isto é boa parte da diversão do filme, mas basta falar que são histórias envolvendo traição, violência e abandono.
Volver respira a alma feminina em tudo. Sejam nos diálogos, nas situações, nas famosas cores de Almodóvar (sempre vivas e fortes), na trilha sonora (sempre com uma música tão bonita quanto emotiva) e até mesmo nas curvas tão femininas, sensuais e bonitas de uma Penélope Cruz no auge de seu desempenho como atriz. Além destes aspectos, devo salientar que os méritos do filme não se estendem apenas ao feminismo enraizado, mas é um filme genuinamente bom, não apenas pelo roteiro simples e direto, porém pouco usual, como também por aspectos técnicos que o tornam muito bonito e muito bem realizado.
Tudo se desenvolve não apenas na cidade de Madrid, mas também numa vila espanhola das mais tradicionais. Esta é uma das coisas que mais me agradam em Volver, pois, ao desenvolver boa parte da trama num lugar tão tradicional, Almodóvar pode muito bem dar uma boa pincelada na questão dos costumes e na cultura de seu povo, mostrando uma Espanha religiosa, supersticiosa e acolhedora que acaba sendo escondida pelos avanços do mundo moderno. Acho que todo diretor de cinema que se preze deve ter uma boa conexão não apenas com seu país, como também com a realidade em que vive e o mundo que melhor conhece e saber expô-lo tão bem, é uma arte. Woody Allen faz isso com NY – assim como Scorsese que mostra outra face da cidade –, Walter Sales faz isso muito bem com o Brasil no icônico Central do Brasil e Almodóvar expõe sua amada e tradicionalmente rica Espanha para o mundo. Enfim, não é o aspecto central do filme, mas é um adereço que me chamou muita atenção e, pra mim, o torna ainda mais rico e completo.
Em Volver o diretor constrói a trajetória de Raimunda (Penélope Cruz), sua irmã Sole, sua filha Paula e sua falecida mãe. Todas as personagens vivem, de certa forma, seus dramas particulares que possuem uma conexão central. É importante frisar que Volver é um filme que foca muito bem na força, mas também na fragilidade deste pequeno grupo de mulheres. Seus dramas são o solo perfeito para o desenvolvimento de uma estória passional sobre coragem e esperança. Uma pequena guerra feminina dentro de um mundo dominado por uma opressiva presença masculina. Vale lembrar que todo o drama relacionado à história de vida das personagens está intimamente ligado a presença masculina, apesar de basicamente não vermos nenhum homem em tela. Por mais que não estejam presentes no filme, foi a presença de homens machistas e violentos que as colocaram na dura realidade com a qual devem lidar. É como se os homens – que mal vemos – fossem apenas obstáculos no caminho destas mulheres. Os dramas particulares de cada uma, eu não posso dizer, pois isto é boa parte da diversão do filme, mas basta falar que são histórias envolvendo traição, violência e abandono.
Volver respira a alma feminina em tudo. Sejam nos diálogos, nas situações, nas famosas cores de Almodóvar (sempre vivas e fortes), na trilha sonora (sempre com uma música tão bonita quanto emotiva) e até mesmo nas curvas tão femininas, sensuais e bonitas de uma Penélope Cruz no auge de seu desempenho como atriz. Além destes aspectos, devo salientar que os méritos do filme não se estendem apenas ao feminismo enraizado, mas é um filme genuinamente bom, não apenas pelo roteiro simples e direto, porém pouco usual, como também por aspectos técnicos que o tornam muito bonito e muito bem realizado.
Tudo se desenvolve não apenas na cidade de Madrid, mas também numa vila espanhola das mais tradicionais. Esta é uma das coisas que mais me agradam em Volver, pois, ao desenvolver boa parte da trama num lugar tão tradicional, Almodóvar pode muito bem dar uma boa pincelada na questão dos costumes e na cultura de seu povo, mostrando uma Espanha religiosa, supersticiosa e acolhedora que acaba sendo escondida pelos avanços do mundo moderno. Acho que todo diretor de cinema que se preze deve ter uma boa conexão não apenas com seu país, como também com a realidade em que vive e o mundo que melhor conhece e saber expô-lo tão bem, é uma arte. Woody Allen faz isso com NY – assim como Scorsese que mostra outra face da cidade –, Walter Sales faz isso muito bem com o Brasil no icônico Central do Brasil e Almodóvar expõe sua amada e tradicionalmente rica Espanha para o mundo. Enfim, não é o aspecto central do filme, mas é um adereço que me chamou muita atenção e, pra mim, o torna ainda mais rico e completo.
Nota: 10
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