De todos os heróis estadunidenses, sejam eles fictícios ou não, o mais importante, o mais querido e o mais respeitado no país é o político e ex-presidente Abraham Lincoln, o principal responsável por uma fatia importantíssima da história dos EUA, e, de certa forma, do mundo, por ter sido o presidente que permitiu a abolição da escravidão em solo estadunidense e foi durante seu mandato que se deflagrou a Guerra de Secessão, sangrento conflito armado baseado em interesses políticos, culturais e principalmente econômicos, que iam muito além da questão racial, entre o Norte abolicionista e o Sul escravocrata do país. Conflito este que demorou muitos anos e levou milhares de vítimas diretas e indiretas. Todos sabem que o Norte industrial e economicamente mais forte e melhor estruturado, levou a melhor sobre o Sul rural. Nesse contexto histórico, ainda havia a formação do que viria a se tornar a democracia americana como a temos hoje em dia.
Lincoln, a mais nova super produção de Steven Spielberg, mergulha neste fatídico e importantíssimo ano de 1865. Escancara as portas da Casa Branca e do Congresso para nos mostrar toda a sequência de fatos, debates, conspirações, alianças e, até mesmo, chantagem e corrupção por trás da sanção da chamada 13ª emenda. Esta emenda, que viria a ser incluída a até então intocada constituição do país, viria a pôr em modos legais que todos os homens são iguais perante a lei. Ou seja, que não havia sentido manter o opressivo e desumano sistema escravocrata. No meio de tantos homens envolvidos, um, obviamente, era a cabeça e a alma de tudo: Abraham Lincoln. Se a lei foi sancionada foi devido a seu envolvimento pessoal e sua determinação em fazer o que acreditava ser o melhor para a “América” e para os “americanos”, indo de encontro a uma oposição política e social que se posicionava impassível a tal transformação, seja por motivos econômicos, culturais e até mesmo religiosos (“como tratar com igualdade a quem Deus criou desigual?”).
O filme apresenta-se com excelência em diversos pontos. Aqui, Spielberg saiu quase totalmente dos campos de guerra, onde já mostrou ser mestre, e fixou-se nos debates. Nas discussões. Na vida política dos EUA do século XIX e na mentalidade do homem da época, gerando momentos que vão dos mais tensos aos mais cômicos. Seu trabalho de caracterização da figura legendária de Abraham obviamente é nacionalista. Não tem como evitar. Por mais que o filme não traga, a nós brasileiros, um caráter efetivamente emocional, imagino que tenha um grande significado para os estadunidenses, pois se trata de uma figura extremamente presente na vida do país mesmo após um século e meio de sua morte (assassinado num teatro após a legalização da 13ª emenda) e Spielberg não tem como fugir dessa influência maciça. De certa forma, o filme faz parecer que o interesse pelo fim da escravidão foi mais baseado em valores morais que em valores econômicos, sendo que não é assim que as coisas funcionam. Desde que o mundo é mundo, quem manda é o dinheiro.
De qualquer forma, o maior mérito da produção é a humanização de Lincoln. Ele nos é apresentado em seus mínimos detalhes pessoais que vão muito além de discursos eloqüentes, mas de pequenos detalhes, inseguranças, medos, motivações e de toda a construção de seu relacionamento familiar, principalmente em relação a esposa Molly (Sally Field). A sua interpretação coube ao sempre fantástico e sempre excelente Daniel Day-Lewis, que transformou uma dificílima personagem em alguém por quem se interessar pessoalmente. Não pelos seus feitos, e sim pela sua pessoa. Sensibilidade sem perder uma força gigante.
Lincoln, a mais nova super produção de Steven Spielberg, mergulha neste fatídico e importantíssimo ano de 1865. Escancara as portas da Casa Branca e do Congresso para nos mostrar toda a sequência de fatos, debates, conspirações, alianças e, até mesmo, chantagem e corrupção por trás da sanção da chamada 13ª emenda. Esta emenda, que viria a ser incluída a até então intocada constituição do país, viria a pôr em modos legais que todos os homens são iguais perante a lei. Ou seja, que não havia sentido manter o opressivo e desumano sistema escravocrata. No meio de tantos homens envolvidos, um, obviamente, era a cabeça e a alma de tudo: Abraham Lincoln. Se a lei foi sancionada foi devido a seu envolvimento pessoal e sua determinação em fazer o que acreditava ser o melhor para a “América” e para os “americanos”, indo de encontro a uma oposição política e social que se posicionava impassível a tal transformação, seja por motivos econômicos, culturais e até mesmo religiosos (“como tratar com igualdade a quem Deus criou desigual?”).
O filme apresenta-se com excelência em diversos pontos. Aqui, Spielberg saiu quase totalmente dos campos de guerra, onde já mostrou ser mestre, e fixou-se nos debates. Nas discussões. Na vida política dos EUA do século XIX e na mentalidade do homem da época, gerando momentos que vão dos mais tensos aos mais cômicos. Seu trabalho de caracterização da figura legendária de Abraham obviamente é nacionalista. Não tem como evitar. Por mais que o filme não traga, a nós brasileiros, um caráter efetivamente emocional, imagino que tenha um grande significado para os estadunidenses, pois se trata de uma figura extremamente presente na vida do país mesmo após um século e meio de sua morte (assassinado num teatro após a legalização da 13ª emenda) e Spielberg não tem como fugir dessa influência maciça. De certa forma, o filme faz parecer que o interesse pelo fim da escravidão foi mais baseado em valores morais que em valores econômicos, sendo que não é assim que as coisas funcionam. Desde que o mundo é mundo, quem manda é o dinheiro.
De qualquer forma, o maior mérito da produção é a humanização de Lincoln. Ele nos é apresentado em seus mínimos detalhes pessoais que vão muito além de discursos eloqüentes, mas de pequenos detalhes, inseguranças, medos, motivações e de toda a construção de seu relacionamento familiar, principalmente em relação a esposa Molly (Sally Field). A sua interpretação coube ao sempre fantástico e sempre excelente Daniel Day-Lewis, que transformou uma dificílima personagem em alguém por quem se interessar pessoalmente. Não pelos seus feitos, e sim pela sua pessoa. Sensibilidade sem perder uma força gigante.
Obs: Day-Lewis caminha a passos largos para seu terceiro Oscar.
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