sexta-feira, 1 de julho de 2016

Filmes pro final de semana - 01/07

1. A pele que habito (La piel que habito, 2011)
Fúria. Loucura. Paixão. Elementos novelescos e claro, onipresentes da obra de Pedro Almodóvar. Este filme de 2011 ganhou imensa popularidade por trazer esses três elementos com mais intensidade que o normal a ponto de chocar o espectador; muitos o classificam como terror (inclusive o próprio diretor), mas eu prefiro chamar de horror. A diferença? A intenção aqui não é apavorar o espectador, e sim impressionar, e muito. Antônio Banderas interpreta um cirurgião plástico muito competente, um cientista inovador cujo único, mas grande defeito é o desprezo à ética. Um de seus mais promissores e polêmicos trabalhos é o desenvolvimento de uma pele artificial cuja aparência é a da pele humana, mas é mais resistente. E para cobaia, ele usa alguém que fez coisas que o atingiram fortemente naquilo que ele considerava mais precioso. O que? Assista para descobrir. Garanto que é um prazer imenso descobrir os segredos que Almodóvar tem a revelar pouco a pouco e que deixou boquiabertas plateias de todo o mundo.
Nota: 9,0/ 10
2. Educação (An Education, 2009)
Charmoso e encantador, Educação é um filme sobre a transição entre adolescência e idade adulta, com todas as expectativas e frustrações dessa fase. Jenny (Carey Mulligan) tem 16 anos e mora com a família num subúrbio de Londres. Inteligente e erudita, Jenny sonha com um diploma de Oxford e uma vida agitada e interessante, ao mesmo tempo em que vive no que chama de tédio da adolescência e aguarda ansiosa seus dias de independência. Quando conhece um carismático homem de mais de trinta anos, Jenny se vê envolvida num mundo novo e elegante, frequentando concertos, restaurantes caros, leilões de arte e outros eventos cheios de glamour - deixando Jenny no dilema entre sua educação formal e o aprendizado que tal vida poderia lhe oferecer. Ótimo em diversos aspectos, tem na atuação da até então pouco conhecida Carey Mulligan um show à parte.
Nota: 9,5/ 10
3. A vida dos outros (Das Leven der Anderen, 2006)
Pense duas vezes antes de dizer que o cinema não é mais o mesmo e que já não se produzem inesquecíveis obras-primas. A vida dos outros tá aí pra provar que o cinema de alta qualidade ainda resiste. Com roteiro e direção de Florian Henckel von Donnersmarck, um desconhecido até então, o filme é ambientado nos anos 80 na Alemanha Oriental, onde a Stasi, uma das mais controladoras polícias secretas da Cortina de ferro tocava o terror numa época em que não havia o menor indício de abertura política. O capitão da Stasi Gerd Weisler (Urich Müher) recebe a missão de espionar um dramaturgo e sua esposa, que é atriz, e se instala no mesmo prédio em que o casal mora, no andar de cima, ouvindo tudo o que se passa na casa deles. O que inicialmente era apenas uma missão e encarado com escárnio se transforma numa relação unilateral de solidariedade, levando o espião a duvidar de toda sua ética e crença no partido totalitário e questionar um estilo de vida sem liberdade e sem direito à individualidade. Em poucas palavras: um filme excepcional. Infinitos elogios ao roteiro, à direção e à atuação de Mührer, que era um experiente ator de teatro na Alemanha (inclusive fora espionado durante a Guerra Fria) e que infelizmente faleceu um ano após o lançamento do filme.
Nota: 10
4. Seven - os sete crimes capitais (Se7en, 1995)
Com Brad Pitt no elenco, David Fincher fez um dos melhores (senão o melhor) filmes da década de 90, Clube da luta. Alguns anos antes, também com Pitt, Fincher emplacou um de seus primeiros grandes sucessos: Seven. Pitt é David Mills, jovem e impulsivo policial que assume o cargo de detetive no lugar do experiente e culto William Somerset (Morgan Freeman), que está prestes a se aposentar. Um misterioso e cruel assassinato chama atenção da polícia e faz Somerset adiar um pouco sua aposentadoria e trabalhar em conjunto com seu sucessor. A partir de informações deixadas pelo próprio assassino e do imenso conhecimento de Somerset, é revelada a macabra trama da história, ao mesmo tempo em que o criminoso deixa outras vítimas - todas ligadas aos pecados capitais. Em meio a um clima de sujeira e depravação, Fincher conduz o filme a um final quase tão surpreendente quanto do filme que lançaria quatro anos depois - e por isso eu digo, esse é um filme que você tem obrigação de ver.
Nota: 9,0/ 10
5. Kramer vs Kramer (1979)
Ah, a Nova Hollywood. Uma geração brilhante, promissora, ousada, revolucionária, que salvou a indústria do cinema americano... mas que não demorou muito mais que uma década. E o início do fim foi na premiação do Oscar de 1979/1980, em que o épico e gigantesco Apocalypse Now de Francis Ford Coppola e todo seu horror da Guerra do Vietnã foram derrotados para o drama familiar de Kramer vs Kramer. Estrelado por Dustin Hoffman e Meryl Streep, premiados respectivamente com Oscar de melhor ator e atriz coadjuvante, o filme acompanha o súbito fim do casamento de Ted Kramer (Hoffman) e sua esposa Joanna (Streep), motivado pela dedicação dele ao trabalho e não à família. Joanna se vai e deixa Ted com o pequeno filho Billy, e o executivo precisa se desdobrar em pai e mãe, sendo que ele mal fazia o primeiro papel como deveria. E quando Ted se acostuma à nova rotina... Joanna volta para brigar pela guarda do filho. O resultado? Uma batalha judicial que comoveu os Estados Unidos e derrotou um dos melhores filmes já feitos. Mas como a gente sabe que qualidade não é o único aspecto analisado pela Academia... a gente deixa pra lá e aproveita essa beleza de filme.
Nota: 8,5/ 10
 
Luís F. Passos

Nenhum comentário:

Postar um comentário