O som chegou ao cinema em 1927; o primeiro Oscar ocorreu em 1928, único ano em que um filme mudou ganhou o prêmio principal - até 2012, quando O Artista venceu melhor filme. O longa franco-belga trata justamente da chegada do som às telonas e do impacto causado a muitos atores, no caso o protagonista, George Valentin (Jean Dujardin), maior astro de Hollywood e totalmente averso ao cinema falado. O filme acompanha a queda brusca de Valentin, ao mesmo tempo em que um novo rosto, Peppy Miller (Bérénice Bejo) faz sucesso nos inovadores talkies. Talvez o maior mérito de O Artista seja não caricaturar os filmes antigos, mas imitá-los com perfeição: desde as interpretações cheias de caras e bocas com legendas expressando os diálogos até a trilha sonora jazzística, além de várias referências ao cinema clássico.
Nota: 8,5/ 10
O surgimento do nome Sofia Coppola na direção de um filme antes de mais nada disse duas coisas ao mundo: Sofia não era só filha de um grande diretor e seu talento na direção era bem superior ao seu desempenho como atriz nove anos antes em O Poderoso Chefão pt. III. Logo em sua estreia, ficam evidentes suas características: a sensibilidade de um olhar feminino sem os excessos do feminismo raivoso e com um carinho especial pela condição humana. Assim, Sofia acompanha as cinco irmãs Lisbon, filhas de um casal católico e conservador; todas bonitas, loiras e encantadoras, cujo caso de suicídio múltiplo chocou a pequena cidade em que viviam. O primeiro suicídio, as relações familiares envolvidas, o isolamento e superproteção das meninas são esmiuçados pelo sólido roteiro, que também é da jovem Coppola. Uma estreia muito segura de uma carreira brilhante e muito promissora.
Nota: 8,5/ 10
Em meio ao clima de comodismo dos
anos 90, eis que explode nas telas a novidade. O original e visceral trabalho
de Quentin Tarantino encontrou no público de sua época o espectador perfeito
para seus exageros de sangue, risos nervosos e tensão. Tudo para que possamos
nos deliciar com a forma divertida e fora de qualquer padrão convencional com a
qual o diretor trabalha seus personagens e seus conflitos, ambos igualmente
numerosos. Seu trabalho de estréia, Reservoir
dogs, é tão impactante quanto os tiros e os palavrões lançados durante toda
a duração do filme. Um genuíno choque. Audácia e originalidade sem fim cercam
este conto sobre um grupo de homens perigosos envolvidos com um crime furado e
suas tentativas desesperadas de escaparem imunes, ou pelo menos vivos, da
confusão violenta em que se envolveram. E que violência. Litros de sangue se misturam
a piadas corriqueiras, dancinhas “simpáticas”, orelhas decepadas e, sim, Like a
Virgin de Madonna. Apesar de abusar de referências a grandes cineastas,
Tarantino é um diretor genuinamente pop, e seu universo é muito bem pontuado
por este elemento.
Nota: 10
Science fiction, double feature... o singular musical que combina uma bizarra ficção científica e horror se tornou cult com o passar das décadas e tem uma imensa legião de fãs apaixonados por todo o mundo. Quando o inocente casal Brad (Barry Botswick) e Janet (Susan Sarandon) encontra um castelo à beira da estrada numa noite chuvosa não podiam imaginar o que encontrariam: seu proprietário, o dr. Frank-N-Furter (Tim Curry), um "doce travesti da transsexual Transylvania", seus estranhos criados e também estranhos convidados, prestes a presenciar a criação de um Frankstein moderno e musculoso. Mais que um festival de músicas que grudam, The Rocky Horror Picture Show é uma mistura de sexualidade escancarada, frases irônicas ou de duplo sentido e figurino alucinante, que o que tem de estranho, tem duas vezes mais de qualidade. Let's do the time-warp again!
Nota: 9,5/ 10
Lembrei desse filme incrível porque já faz um tempo que o vi e não seria nada mal revê-lo (vou seguir minha própria recomendação). Escrito e dirigido por Billy Wilder, o filme acompanha o simpático C. C. Baxter (Jack Lemmon), funcionário de uma seguradora que caiu nas graças dos chefes por emprestar a eles seu pequeno apartamento ocasionalmente, por algumas horas, para que eles se encontrassem com suas amantes. As coisas se complicam quando Baxter se apaixona por uma dessas amantes, que também era sua colega de trabalho (Shirley MacLaine), e pela primeira vez questiona sua amoralidade diante dos favores que fazia a seus superiores - devidamente recompensados com promoções. Comédia imortal vencedora de cinco Oscars, incluindo melhor filme, roteiro e direção.
Nota: 10
Luís F. Passos
Luís F. Passos
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