O filme que inicialmente imortalizou Ingmar Bergman como um dos melhores e mais criativos cineastas de todos os tempos representou uma grande mudança na temática e na postura dos filmes à época de seu lançamento. Em 1957, o cinema europeu ainda não havia chegado a seu ápice de criatividade e o cinema americano vivia num comodismo quase irritante – lembrando que a década de 50 não traz, necessariamente, nada de muito novo quando em comparação ao que havia sido apresentado na década interior – e foi neste cenário que o diretor propôs uma temática jamais trabalhada pelos grandes cineastas da época: a questão da mortalidade.
Um filme genuinamente mórbido e sombrio, O sétimo selo literalmente propõe um jogo de morte e vida, não apenas materializado na óbvia referência que é o jogo de xadrez entre um cavaleiro em suas últimas (Max Von Sydom) e, literalmente, a morte em sua personificação mais obscura e, ao mesmo tempo, humana o possível. A Morte (vamos colocar maiúsculo mesmo, interpretada pelo grande Bengt Ekerot) literalmente segue todas as personagens do longa, acompanha seus passos e espera pacientemente seu momento de levá-los em sua dança sombria. Para intensificar essa questão da presença opressiva da mortalidade e nossa incapacidade de driblá-la, Bergman transporta sua história para um dos cenários mais terríveis da história da humanidade: o período da Peste Negra que assolou todo o continente europeu. Desta forma, personagens principais, coadjuvantes ou mesmo figurantes são figuras extremamente melancólicas, temerosas e tensas que tem total percepção de seu fim eminente e de sua incapacidade de evitá-lo. Sendo assim, o filme ainda adquire um caráter bem apocalíptico, com uma visão muito reforçada de: o fim está próximo. Para mim, para você e para todos nós.
Um filme genuinamente mórbido e sombrio, O sétimo selo literalmente propõe um jogo de morte e vida, não apenas materializado na óbvia referência que é o jogo de xadrez entre um cavaleiro em suas últimas (Max Von Sydom) e, literalmente, a morte em sua personificação mais obscura e, ao mesmo tempo, humana o possível. A Morte (vamos colocar maiúsculo mesmo, interpretada pelo grande Bengt Ekerot) literalmente segue todas as personagens do longa, acompanha seus passos e espera pacientemente seu momento de levá-los em sua dança sombria. Para intensificar essa questão da presença opressiva da mortalidade e nossa incapacidade de driblá-la, Bergman transporta sua história para um dos cenários mais terríveis da história da humanidade: o período da Peste Negra que assolou todo o continente europeu. Desta forma, personagens principais, coadjuvantes ou mesmo figurantes são figuras extremamente melancólicas, temerosas e tensas que tem total percepção de seu fim eminente e de sua incapacidade de evitá-lo. Sendo assim, o filme ainda adquire um caráter bem apocalíptico, com uma visão muito reforçada de: o fim está próximo. Para mim, para você e para todos nós.
Além de colocar em foco seu próprio medo do desconhecido enfrentado pelo processo de morrer, Bergman também abusa de uma de suas temáticas preferidas: religião. Este também não é um tema muito fácil de tratar e pouquíssimos filmes do período ousavam esboçar críticas ou questionamentos à presença divina. Pois Bergman o faz. O filme é uma mistura entre uma visão extremamente religiosa (cristã) de vida e morte, de pecados e sacrifícios com a audácia de propor um contraponto: e se nossa existência em vida for a única coisa que temos? E se o nome que entoamos como Deus for apenas uma súplica a algo que não existe? Se não há um significado espiritual para nossa existência, qual a razão de viver em si? Uma visão muito amarga de um ponto de vista que, em termos de atualidade, faz-se muito presente nas artes em geral, mas que até então não havia sido muito bem difundido na sétima arte. O ponto de vista cristão é tão esmiuçado quanto em todos seus aspectos, tanto os mais agressivos e negativos quanto os mais esperançosos. Da mesma forma que as figuras religiosas são cruéis e ignorantes e há tantas pessoas se castigando em seu desespero por uma salvação (que não vai vir) também há a religiosidade de uma forma mais pura. Há até uma referência ao que poderia ser uma Sagrada Família, digamos assim, que, não por acaso, aparenta ser a mais próxima de uma salvação num sentido mais concreto da palavra. Bergman é famoso por ter passado por uma rigorosa e opressiva educação religiosa e a temática cristã faz-se valer em outros filmes de sua filmografia. Em A fonte da donzela ele literalmente usa tons alegóricos não tão discretos para narrar a passagem de uma Suécia pagã para a doutrina cristã nos períodos iniciais da Idade Média.
Nem tudo é depressão em O sétimo selo e o filme estranhamente tem muitos momentos leves e descontraídos. Também não por acaso, estes momentos provavelmente estão aqui para tornar a temática central ainda mais séria e profunda, dando um contraste interessante. Falando em contraste, este também traz inovações técnicas notáveis, sobretudo no que diz respeito à bela e pesada fotografia que em muitos momentos altera entre escuros profundos de perdição e iluminações precisas de salvação. Detalhe, não é assinada por Sven Nykvist, o fotógrafo imortal da obra de Bergman que participou de filmes reconhecidos por sua fotografia, entre muitos outros fatores, como Gritos e sussurros e Fanny e Alexander.
Nota: 10
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