1. Ilha do medo (Shutter Island, 2010)
Mais uma parceria de sucesso entre Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio, Ilha do medo acompanha o investigador do FBI Edward Daniels (DiCaprio) e seu parceiro Chuck Aule (Mark Ruffalo) chegam a um hospital psiquiátrico localizado numa pequena ilha em que estão internados pacientes condenados pela justiça - um manicômio judiciário. Os agentes estão investigando a fuga de uma paciente, a única fuga na história do hospital, e totalmente inexplicável, pois cada canto do hospital é vigiado e o litoral da ilha é cheio de rochedos, havendo apenas um pier. À medida em que Daniels tenta aprofundar seu trabalho, encontra resistência do diretor e de outros funcionários, além de se ver diante de situações que vão contra a ética médica e outras que o atingem em cheio, por estarem relacionadas à morte de sua família. Ilha do medo é um filme cheio de suspense e tensão como poucos, aflitivo na medida certa e com reviravoltas de arrepiar. Palmas para Scorsese, palmas para DiCaprio.
Nota: 9,0/ 10
2. Maria Antonieta (Marie Antoinette, 2006)
Quando Sofia Coppola lançou Maria Antonieta no Festival de Cannes dividiu opiniões; enquanto uns se levantaram para aplaudir, outros vaiaram o filme. Mas a opinião do público é quase unânime: genial. Deixando de lado o contexto político que antecedeu a Revolução Francesa, o filme foca a vida pessoal da polêmica rainha, desde o acordo firmado por sua família (os Habsburgo, soberanos da Áustria) com a França que arrumou seu casamento com Luís, príncipe herdeiro. Os medos diante do casamento, a distância de seu marido, a demora em engravidar e a vida dentro do ninho de cobras que era a Corte em Versalhes atormentam a jovem princesa, que aos poucos vai criando uma vida em paralelo às obrigações reais: dias inteiros dedicados à escolha de vestidos, chapéus e sapatos, a paixão por doces finos, passeios no campo e pequenas festas regadas a muito vinho e champanhe. Em poucas palavras: é As patricinhas de Beverly Hills do século XVIII. Elogiado pela fotografia que realça os cenários deslumbrantes, pelo figurino vencedor do Oscar e pela trilha sonora composta por rock, Maria Antonieta é mais um grande filme da nova geração dos Coppola.
Nota: 8,5/ 10
3. Platoon (1986)
A emblemática frase no pôster e na capa do DVD já diz tudo - na guerra, a primeira vítima é a inocência. Para provar isso, nada melhor do que um jovem soldado no Vietnã. Charlie Sheen é Chris, garoto de classe média, branco, que se recruta ao Exército por idealismo e ignorando os horrores que iria encontrar. Duas figuras que ele logo encontra e marcam sua permanência na guerra são os sargentos Elias (Willem Dafoe) e Barnes (Tom Berenger), figuras antagonistas que parecem disputar a admiração dos recrutas e a alma de Chris; enquanto Elias é meio hippie, pacifista e usuário de drogas que o afastam um pouco da realidade bélica, Barnes é um assassino nato que só precisa ver um par de olhos estreitos para puxar o gatilho. As cartas que Chris escreve para a família vão ganhando um tom mais sombrio e negativo com o passar do tempo, reflexo da mudança sofrida pelo garoto diante da barbárie da guerra. O diretor Oliver Stone dá início aqui a uma série de bem sucedidos filmes de guerra, merecendo este especial atenção por ser baseado em algumas experiências dele próprio, que é veterano do Vietnã; aliás, Platoon é considerado um dos melhores filmes de guerra já feitos, perdendo apenas para Apocalypse now (e para alguns, para Nascido para matar).
Nota: 9,5/ 10
Nota: 9,5/ 10
4. O pecado mora ao lado (The seven year itch, 1955)
Verão, Nova York, calor dos infernos e famílias em férias. Mas muitos maridos permanecem na cidade por causa dos empregos; é o caso de Richard Scherman (Tom Ewell), editor que se vê sozinho em casa e ganha uma vizinha loira, sensual e meio burra, uma modelo cujo nome é ignorado (Marilyn Monroe). Cria-se uma tensão sexual engraçadíssima entre os dois; Richard sente-se muito atraído, mas ao mesmo tempo temeroso de trair a esposa, enquanto a garota parece desconhecer o efeito que tem sobre o pobre Richard, perseguido por delírios de infidelidade. Em meio aos divertidos diálogos muito bem construídos, temos a cena em que o vestido de Marilyn levanta com o sopro do respiradouro do metrô, uma das mais famosas do cinema - e que apesar de toda a popularidade, não dura mais que poucos segundos.
Nota: 9,0/ 10
5. A regra do jogo (La règle du jeu, 1939)
Desde o início de sua carreira o diretor francês Jean Renoir mostrou talento invejável pelo domínio da técnica de filmar e pelos temas inovadores de seus filmes. Em A regra do jogo, temos o que o próprio diretor chamou de uma descrição exata da burguesia de seu tempo, não só dos ricos como também dos trabalhadores que o servem. Tudo começa quando o aviador André Jurieux cruza o Atlântico e causa agitação, mas se diz decepcionado por não ter uma certa dama o aguardando. A dama é Christine, casada com o rico colecionador de aviões Robert; este, por sua vez, mantém um caso de longa data com Geneviève. Por trás do luxo dos salões da burguesia, na cozinha, vemos que os empregados também aprontam das suas: a acompanhante de Christine, Lisette, é casada com o caseiro Schumacher mas se deixa levar pela lábia de Marceau, ladrão contratado por Robert como criado. Na casa de campo de Robert, encontros e desencontros dos protagonistas e dos amigos de Robert, incluindo Octave, vivido pelo próprio Renoir e figura chave na história. Um filme excelente e muito agradável que critica muito sagazmente o mundo de aparências, mentiras e hipocrisia dos ricos.
Nota: 10
Luís F. Passos
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