sábado, 20 de outubro de 2012

Eu sou o mensageiro

São tempos difíceis para Ed Kennedy. Com apenas dezenove anos o cara já se considera um fracassado. Sem estudo, acabou sendo taxista. Sem o amor da mãe e com a morte do pai, acabou morando sozinho com um cachorro velho, fedorento e viciado em café chamado Porteiro. Sem nada melhor para fazer, passa boa parte das noites jogando cartas com seus amigos igualmente fracassados. Sem ter namorada, fica babando por sua melhor amiga Audrey.
Bem, Ed é um coitado, só mais um entre muitos. Até o dia em que ajuda a impedir um assalto a banco e se torna herói, ganhando seus quinze minutos de fama. Parecia que logo depois tudo voltaria ao normal, mas Ed passa a receber cartas de baralho que continham endereços. No primeiro, ele descobre um marido violento que bate em sua mulher e sua filha. No segundo, uma senhora solitária que aguarda eternamente por seu marido falecido na guerra. Aos poucos Ed percebe que o objetivo das cartas - e de quem as envia - é fazer com que o taxista faça algo para mudar a realidade dos moradores dos endereços; a princípio ele fica receoso, mas aceita as missões e se surpreende com a mudança feita em sua vida.
Eu sou o mensageiro passa uma mensagem bem legal sobre como a vida pode melhorar se soubermos deixar de lado o conformismo e ousarmos mudar não só a própria realidade como a de outras pessoas - e isso sem ser clichê nem usar psicologia barata. Ed Kennedy descobre que pode deixar de ser só o Ed, o carinha legal, pra ser o cara que pode fazer algo por alguém e por ele mesmo, percebendo que a felicidade estava ao alcance de suas mãos.
Mark Zusak escreve de um jeito tão bom, tão bacana, que durante o tempo em que lemos o livro parece que estamos sentados ao lado de Ed, conversando e tomando um café. O texto tem uma ótima fluidez, que combinada com a estória envolvente e o carismático protagonista faz de Eu sou o mensageiro um livro admirável - nesses últimos anos, poucos best sellers conseguiram atingir tal patamar de qualidade. Zusak, que é autor do mais famoso ainda A menina que roubava livros (lindo, lindo, lindo), aqui mostra novamente que existem razões para continuar acreditando na literatura e na capacidade de criação de autores.

Leia também:
A cidade do sol
O vendendor de armas

Luís F. Passos

2 comentários:

  1. Muito bom post. Tenho o livro há algum tempo e ainda não consegui tempo para ler!
    Com certeza arranjarei um tempinho para ele!

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  2. Muito bom. Parabéns! (:

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