Há quase um ano atrás afirmei aqui no blog que uma das coisas que mais gosto no cinema francês é o quanto os filmes são surpreendentes. Pra ser bem sincero, ver filme francês é uma questão de ser paciente. Isso porque os longas costumam começar mornos, se desenvolver mornos pra no fim esquentar de vez. Você tá lá pensando "é, é legal, mas nada demais", e quando chega o final e tudo é explicado pensa "caramba, que filmaço!".
Comigo não foi diferente quando vi Il y a longtemps que je t'aime, filme sem título em português, mas que traduzindo ao pé da letra seria "Faz muito tempo que eu te amo". A história começa quando Juliette, depois de cerca de vinte anos na prisão, ganha sua liberdade e vai morar com sua irmã mais jovem, Léa, que é casada e tem duas filhas adotivas. Léa tenta ao máximo se aproximar de Juliette, mas esta é triste, amarga e parece viver em uma concha, protegida e isolada do mundo exterior. A personagem é tão dura que chega a assustar em alguns momentos, já que inicialmente não se sabe nada de seu passado nem o que a levou à prisão.
Aos poucos - bem aos poucos - Juliette vai se rendendo aos esforços da irmã e à doçura da sobrinha, com direito a umas cenas muito bonitas em que lhe dá lições de piano. E assim segue o filme, quase que no mesmo tom. Nos últimos vinte minutos, BUM! O espectador nem consegue piscar, fica de boca aberta e abençoa a hora em que decidiu ver o filme.
Como disseram os críticos, o longa pode não ter os melhores direção e roteiro, mas flui e envolve de um jeito tão bom, e tem atuações tão boas (principalmente Kristin Scott Thomas) que se faz merecidamente notável.
Luís F. Passos
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