sexta-feira, 5 de julho de 2013

Top 30: Filmes preferidos - Luís (1)

Os filmes fazem parte de nossas vidas, isso não é novidade e é inquestionável. É como sempre digo, o cinema nos mostra um mundo em que cabem os nossos sonhos - e como disse a Academia ano passado, "nós te mostramos como sonhar". E alguns filmes se aproximam mais de nós do que outros, os favoritos. Tá aí a diferença de uma lista de filmes favoritos de alguém e os melhores filmes que alguém viu. Enquanto os últimos têm a ver com a qualidade  (de elenco, de roteiro, trilha sonora, direção etc) os favoritos não precisam ser reconhecidamente ótimos (ou mesmo bons) para caírem no nosso gosto.
Particularmente, acho difícil elaborar uma seleção com filmes preferidos; primeiro por ter que selecionar um número limitado entre muitos, e mais difícil ainda ordená-los. Quanto mais eu penso em quais são meus filmes favoritos, mais títulos quero por na lista e mais confuso eu fico na hora de ordenar, então na preparação desse texto eu resolvi fazer tudo de vez e o que saísse seria publicado. A maior dificuldade foi excluir alguns, já que havia planejado fazer uma lista com trinta e na hora eram trinta e quatro os candidatos. Mas depois de alguns cortes, o top 30 ficou pronto:

30. Um corpo que cai (Vertigo, 1958)
Direção: Alfred Hitchcock. Com James Stewart e Kim Novak.
Eleito recentemente o melhor filme de todos os tempos e tirando Cidadão Kane de um lugar que ocupava há 50 anos, Um corpo que cai não foi bem recebido por público e crítica na época de seu lançamento, e só vinte anos depois passou a ser visto como uma das obras-primas de Alfred Hitchcock; francamente, não vejo o porquê de tal rejeição inicial. O filme tem uma das melhores reviravoltas do cinema, e aparenta não ter só um clímax, e sim um clímax principal que sucede e precede outros dois secundários. Na trama, James Stewart, que foi um dos mais frequentes parceiros de Hitchcock, interpreta um detetive que investiga a esposa de um antigo colega que aparentemente está possuída pelo espírito da bisavó. O filme é marcado pelo medo de altura da personagem de Stewart, que num acidente no alto de um prédio viu um colega da polícia morrer ao cair do telhado. Um suspense complexo e muito bem elaborado que envolve o espectador como poucos.

29. O demônio das onze horas (Pierrot le fou, 1965)
Direção: Jean-Luc Godard. Com Anna Karina e Jean-Paul Belmondo.
Dentre os poucos filmes de Godard que já vi, talvez Pierrot le fou seja o mais complexo, mas é de longe o que eu mais gosto. A história se desenvolve a partir da fuga de Ferdinand (Belmondo), um professor universitário que deixa pra trás a vida burguesa para cair na estrada com sua amante Marianne (Anna Karina). Se a Nouvelle vague queria quebrar princípios e reinventar o cinema, é só ver Pierrot para saber que eles conseguiram. A linearidade da história, marcada pela narração dos protagonistas, que se revezam  nos contando seus fatos e pensamentos, é quebrada várias vezes. Como bom filme de estrada, o que não falta aqui é filosofia e interrogações, até porque Godard mantém o padrão de diálogos que mais parecem interrogatórios. O casal de fugitivos é feliz? O que eles esperam do futuro? Afinal, Marianne corresponde aos sentimentos de Ferdinand? E mesmo sendo tantas as perguntas, as deixamos de lado porque parece que eles querem apenas seguir em frente, vendo beleza onde ninguém mais vê e estando lado a lado na jornada.
Obs: o título brasileiro não é mais uma viagem dos tradutores; é o nome do livro no qual se baseia o filme.

28. Tropa de Elite 2 - o inimigo agora é outro (2010)
Direção: José Padilha. Com Wagner Moura, Irandhir Santos, Milhem Cortaz, Sandro Rocha e Seu Jorge.
Nem Central do Brasil, nem Cidade de Deus (que aliás eu nem vi): o filme brasileiro tem lugar entre meus preferidos é a continuação do forte e polêmico Tropa de Elite. Trazendo um Nascimento que agora é tenente coronel, mais eficiente, solitário, consciente e que agora comanda todo o BOPE, o filme mostra que o problema da segurança pública vai muito além do tráfico dos morros e da corrupção dos policiais ligados a traficantes. Depois de assumir a subsecretaria de Inteligência e apertar o cerco contra o tráfico, Nascimento vê o surgimento das milícias, organizações formadas por policiais e bombeiros para dominar favelas antes ocupadas por traficantes e fornecer serviços clandestinos e "proteção" mediante pagamento. Uma forma de crime muito mais lucrativa e mais difícil de ser combatida - semelhante à máfia, são criminosos legitimando seu poder. A ação do primeiro filme deixa espaço para os conflitos do coronel com sua família, sua profissão e sua incansável luta pela honestidade daqueles que ocupam cargos públicos.

27. Luzes da cidade (City lights, 1931)
Direção (e roteiro, produção, música e edição): Charles Chaplin. Com Charles Chaplin, Virginia Cherril e Harry Myers.
Enquanto Hollywood se lançava na produção de filmes falados, muitos grandes artistas como Chaplin ainda achavam que a moda seria passageira e que a voz humana era desnecessária nas salas de cinema. Chaplin pode ter errado em relação à moda, mas tinha uma certa razão quanto à necessidade de se falar - e Luzes da cidade prova isso. A simplicidade e carisma desse filme provam que gestos e olhares são mais que suficientes para transmitir aquilo que o diretor e seu elenco propõem.
Mais uma vez, o mestre do cinema mudo trabalha  a solidariedade e a bondade inatas do ser humano com muito bom humor e cenas geniais. Em Luzes da cidade ele vive novamente o vagabundo Carlitos, que dessa vez conhece uma florista cega, que por uma série de mal entendidos, acha que ele era um milionário. Paralelamente, ele mantém uma estranha amizade com um milionário alcoólatra que se esquece dele quanto está sóbrio. Ao descobrir que pode ajudar sua amiga florista a recuperar a visão, o vagabundo se mete em inusitadas situações para conseguir pagar uma cirurgia. Na última cena, o emocionante reencontro com a florista, que o vê pela primeira vez, dá razão à Chaplin: a ausência de voz não o impedia de fazer cinema da mais alta qualidade.

26. V de Vingança (V for vendeta, 2006)
Direção: James McTeigue. Com Natalie Portman e Hugo Weaving.
Com a onda de protestos que está levando o povo às ruas, uma das coisas que mais se vê é máscara de Guy Fawkes, que tentou explodir o parlamento britânico no século XVII. A figura de Fawkes ficou mundialmente conhecida depois de V de Vingança, filme baseado nos HQ de Alan Moore publicados originalmente na década de 1980. Ambientada numa Inglaterra futurística dominada por um governo autoritário de extrema direita, a história acompanha a jovem Evey (Portman), funcionária da tv estatal que testemunha o primeiro ato do terrorista conhecido apenas por V (Weaving), que se esconde sob a máscara de Fawkes. Evey acaba se envolvendo com V, com quem aprende sobre arte e entende melhor os crimes e a repressão do governo. V na verdade não é um terrorista, diferente do que diz o governo, é um defensor ferrenho da justiça (que segundo ele traiu o povo) e da liberdade da qual se tornou símbolo.

25. Manhattan (1979)
Direção: Woody Allen. Com: Woody Allen, Diane Keaton, Michael Murphy, Mariel Hemingway e Meryl Streep.
Na primeira vez que vi, não gostei. Na segunda, percebi que era um bom filme. Na terceira, fiquei apaixonado. Homenageando sua amada Nova York, Woody Allen conta a história de um judeu nova iorquino "que não funciona fora de sua cidade" e sua relação com as três mulheres de sua vida: a ex-esposa que se assumiu lésbica, a namorada de 17 anos e a amante pedante (que é ex-amante de seu melhor amigo). Usando uma bela fotografia em preto e branco, Woody mostra diversos cartões postais de Nova York, inclusive a ponte da rua 52, que foi escolhida como pôster principal do filme, que é cheio de referências psicanalíticas, cinematográficas e literárias - e as referências muitas vezes vêm acompanhadas de tiradas ácidas. É como dizem em um dos melhores diálogos: em algum lugar, Nabokov está sorrindo.

24. Não se preocupe, estou bem! (Je vais bien, ne t'en fais pas, 2006)
Direção: Phillipe Lioret. Com: Mélanie Laurent, kad Merad, Isabelle Renauld e Julien Boisselier.
Nada como ver um filme bom sem saber nada sobre ele - não criar expectativas faz com que o que vier seja lucro. Neste caso, o lucro é uma história simples mas muito bem construída de uma garota que chega de viagem e descobre que seu irmão gêmeo, a quem é muito apegada, fugiu de casa. Lili (Melanie), a partir do sumiço do irmão, entra num processo de autoconhecimento e muda o rumo de sua vida. Ótimo filme sobre relações familiares, com direito a uma excelente música tema. E o melhor de tudo, o típico final surpreendente que atualmente os franceses sabem fazer como ninguém.
(Falei pouco porque o mínimo detalhe pode ser spoiller. E se não argumentei... é porque eu adoro o filme e ponto final.)

23. Batman: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008)
Direção:Christopher Nolan. Com Christian Bale, Heath Ledger, Aaron Eckhart, Maggie  Gyllenhall, Gary Oldman, Michael Caine e Morgan Freeman.
O segundo filme da trilogia Batman de Christopher Nolan se consagrou como um dos melhores da década de 2000. Dando continuidade à luta de Batman/ Bruce Wayne (Bale) para resgatar Gotham do crime, o diretor nos apresenta um vilão sádico, genial e imprevisível: o Coringa (Ledger). Atuação excepcional e incrivelmente popular junto ao público que deixou no chinelo até mesmo o Coringa de Jack Nicholson (que riu quando o jovem Ledger morreu em 2008). A presença do vilão e a técnica usada por Nolan deixam o filme sombrio, sem esperanças e dotado de um magnetismo que prende o espectador do começo ao fim. Para mim é uma bênção um filme de ação ter tanto conteúdo, numa era em que o que mais importa são explosões e heróis de corpo definido.
22. Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds, 2009)
Direção: Quentin Tarantino. Com: Brad Pitt, Christoph Waltz, Mélanie Laurent e Michael Fassbender
Na França ocupada pelos nazistas, um pequeno pelotão americano formado apenas por judeus e comandado pelo tenente Aldo "o Apache" (Pitt) desembarca com um único objetivo: matar nazistas. O terror espalhado pelos Bastardos Inglórios se espalha pelas fileiras alemãs e chega ao próprio Hitler. Paralelamente, há uma jovem dona de cinema (Mélanie) que anos antes viu sua família ser morta pelo genial e sádico coronel da SS Hans Landa (Waltz), que tem a chance de vingar seus parentes e todos os judeus mortos pelos nazistas. Utilizando a violência típica de seus filmes, enchendo a tela de sangue e fazendo referências cinematográficas e à  cultura pop, Tarantino cria uma história que é considerada por muitos a melhor dos anos 2000. O roteiro é excelente, envolvente e divertido; e também merece toda a glória Christoph Waltz, até então um desconhecido ator austríaco, que levou o Oscar de melhor ator coadjuvante pelo maravilhoso trabalho como Hans Landa. Bingo! (entendedores entenderão).
21. Meia-noite em Paris (Midnight in Paris, 2011)
Direção: Woody Allen. Com: Owen Wilson, Marion Cotillard, Rachel McAdams e Carla Bruni.
Se arrependimento matasse, eu morreria por não ter visto Meia-noite em Paris no cinema. O filme de 2011 de Woody Allen se tornou sua maior bilheteria, ganhou Oscar de melhor roteiro original (o que não acontecia em 25 anos), foi indicado por direção (o que não acontecia em 17 anos) e também a melhor filme (antes disso as únicas indicações foram Annie Hall em 1977, que saiu vitorioso, e Hannah e suas irmãs em 1986).
A partir de um roteirista de Hollywood que queria ser escritor de romances (Wilson), Woody nos leva à Paris dos anos 20 onde escritores, músicos, cineastas, fotógrafos e artistas plásticos promoviam uma efervescência cultural como poucas vezes a cidade luz viu. Tudo isso pra dizer que é besteira achar que seria mais feliz vivendo em outra época; o importante é aproveitar o presente e buscar a felicidade - uma coisa impressionante, partindo da cabeça de um homem que na época tinha 75 anos. Mais que um gigante cartão-postal, Paris é personagem, influenciando e inspirando os artistas do passado e do presente.
Leia também:

Um comentário:

  1. Massa! =D
    Tem alguns que ainda não assistir, mas irei ver depois dessa lista. Amo filmes! s2

    ResponderExcluir