quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Jerry Maguire - a grande virada pessoal, amorosa e profissional

 Jerry Maguire (Tom Cruise) está no topo do mundo. Um ambicioso e bem sucedido agente de atletas que trabalha numa grande empresa do ramo e que, aparentemente, tem tudo e todos a suas mãos. Por mais que esteja no auge, Jerry passa a se sentir incomodado com a situação em que vive. O modo como trabalha e como ele e sua empresa tratam os atletas os quais assistem, de modo a vê-los como cifrões e não como pessoas, passa a perturbá-lo a ponto de chegar o momento de um grande desabafo. Ele escreve no plano de metas da firma mais de 20 páginas apontando todos os erros e a podridão na qual eles vivem e a qual ajudam a sustentar, propondo um atendimento mais humanitário, visando o bem estar dos clientes e conseqüentemente diminuindo os lucros. O que ele ganha disso tudo? Uma demissão. Sai da empresa que ajudou a construir almejando voltar aos negócios a sua própria maneira. 
Jerry Maguire está no fundo do poço. Da noite pro dia, perdeu tudo e percebeu que, na verdade, sempre esteve sozinho. Todas as pessoas que estavam a sua volta, as quais julgava como amigos, e até mesmo sua noiva, na verdade não tinham o menor interesse por ele como pessoa, mas sim pela figura admirável de poder e controle que ele fazia questão de exibir. Ele só não está completamente sozinho por causa de duas pessoas, que serão as responsáveis por sua grande virada: Rod Tidwell (Cuba Gooding Jr.) e Dorothy (Renée Zellweger). Tidwell é um jogador de futebol americano e o único atleta que não largou Jerry quando este decidiu tocar seus negócios por conta própria após ser demitido. É um bom jogador, mas seu comportamento e sua postura consigo mesmo o impedem de ser um jogador brilhante e famoso. Dorothy era a contadora da empresa em que Jerry trabalhava e foi a única funcionária do lugar que decidiu largar tudo e seguir o sonho dele de construir uma nova agência de atletas com um tratamento mais humanitário. Isso porque ela realmente acredita nessa ideologia e sente-se profundamente inspirada pelo desabafo do memorando. Ah, ela é mãe solteira de um garotinho muito legal e facilmente se apaixona por Jerry e os dois passam a viver um complicado relacionamento amoroso.
Juntos, os três têm a difícil missão de dar a volta por cima em suas próprias vidas. Achar um caminho digno e correto para elas, por mais complicada e árdua que seja a jornada. Entre altos e baixos, Jerry, Dorothy e Tidwell vão trilhando um relacionamento interessante de amizade, união e companheirismo que vão transformá-los.
Eu simplesmente adoro esse filme. Não sei dizer exatamente qual o motivo, pois filmes cheios de lição de moral geralmente não fazem muito meu estilo. Afinal, qual a graça de Jerry Maguire (1996)? Tem uma temática de superação através de uma grande mudança de vida em que uma personagem central, no caso, Jerry, larga um estilo de vida moralmente incorreto e passa a seguir um novo caminho bem comportado, feliz e humano, e tem também uma história de amor complicada, mas altamente previsível. Mesmo assim, consegue se destacar entre tantos outros tão similares. Isso pode vir da gigante simpatia que o filme imprime. É um filme cativante que prende o espectador. Cheio de piadas divertidas, inteligentes, bem colocadas e personagens marcantes e fáceis de provocar empatia e identificação. Isso não se limita aos três principais, mas a todo o elenco. A família de Dorothy, a família de Tidwell e até mesmo o antigo e nojento ciclo social de Jerry são muito bons e geram momentos impagáveis. Cuba Gooding Jr. mostra não apenas seu melhor desempenho como o escandaloso Tidwell como também interpreta seu melhor papel (disparado). Renée Zellweger na época ainda era uma atriz qualquer, sem muito reconhecimento e sem muita credibilidade. Foi Dorothy que a colocou no mundo e abriu definitivamente as portas para sua bem sucedida carreira, sobretudo para os grandes papéis que ela conseguiu no início dos anos 2000. Isso não veio apenas de sua grande química com Tom Cruise, mas também de seu desempenho pessoal. Quem lidera tudo, no entanto, é o próprio Tom Cruise. Aqui ele nos mostra um de seus melhores trabalhos em um de seus melhores filmes. Posso dizer inclusive que, para mim, Jerry Maguire é o início do fim do período áureo da carreira do ator. Venhamos e convenhamos, Cruise não apresenta mais papéis tão bons quanto fazia entre os anos 80 e 90 e Jerry é um destes. Claro que ele fez bons filmes dos anos 2000 pra cá, mas nada que equivalesse ao que ele fez antes, em filmes como Rain Man, Nascido em 4 de julho, De olhos bem fechados e o próprio Jerry Maguire. Se a carreira dele dependesse só do que ele fez nos últimos 12 anos, seu nome não teria o peso que tem. De qualquer forma, é um ator que gosto muito. 
Quer ver um filme simples, bonito, feito pra agradar, que arranque boas risadas e ainda um pouco de emoção, mas tem medo de acabar vendo uma bobagem? Veja Jerry Maguire. Você não vai se arrepender.
Vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante (Cuba Gooding Jr.) e indicado a mais outros quatro prêmios, incluindo melhor ator para Tom Cruise (derrotado por Geoffrey Rush em Shine) e melhor filme (derrotado por O paciente inglês, filme preferido de Elaine Benes da série Seinfeld).

Lucas Moura

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