segunda-feira, 22 de abril de 2013

Jack Nicholson


A geração cinematográfica dos anos 70 foi responsável por uma grande revolução na indústria. Uma revolução que se espalho por todas as áreas do cinema, desde os conceitos técnicos, a forma como escrever os roteiros e a direção ao estilo de atuação. Atrizes e atores da época fizeram história encarnando papéis dos mais variados possíveis, geralmente sem grandes conexões entre si, mas unidos pelo mais puro talento de seus intérpretes. Um dos maiores nomes dentre estes, é o de Jack Nicholson. 
Dono de uma carreira impecável que já dura mais de quatro décadas, Jack Nicholson é um dos atores mais queridos da Nova Hollywood, tendo crescido e se formado dentro de seu manifesto. Seu primeiro papel de destaque foi justamente no road movie alucinógeno Sem destino (Easy rider, 1969) que é o grande pontapé inicial do movimento. Seu papel em Sem destino o elevou, da noite pro dia, de ator desconhecido a um dos nomes mais requisitados da década, permitindo que ele pudesse expor seu incontestável talento em filmes dos mais diversos nos anos que se seguiram. No início dos anos 70, sua atividade fez-se presentes em grandes marcos do cinema americano como Cada um vive como quer (Five easy pieces, 1970) e Chinatown (1974). 
O Oscar de melhor ator veio apenas na quinta indicação. Apesar de já ser a quinta indicação, a vitória aconteceu em 1975, apenas seis anos após sua descoberta, por Um estranho no ninho (One flew over the cuckoo’s nest, 1975), um filme anti-sistema sobre a liberdade física e espiritual do indivíduo e que é até hoje um filme de importância histórica para a premiação (tendo em vista que só ele e mais dois – Aconteceu naquela noite e O silêncio dos inocentes – saíram vencedores dos cinco prêmios principais). Mesmo após o Oscar, o ritmo acelerado de sua carreira não diminuiu durante os anos 70. 
Nos anos 80, passou por uma pequena queda em sua popularidade motivada por alguns motivos que incluem a queda do movimento da Nova Hollywood, que deixou de lado grandes atores que estavam totalmente envolvidos no movimento (Nicholson nem tanto, mas alguns como Jon Voight e Ellen Burstyn tiveram uma queda bem acentuada) e  o primeiro grande fracasso da sua carreira, o atualmente cultuado longa de terror de Stanley Kubrick O iluminado (The shinning, 1980), que na época de seu lançamento foi um fracasso de público e crítica. Isso pouco importa, pois hoje em dia O iluminado é apontado como um dos pontos altos da carreira de Nicholson e Jack Torrance é uma personagem icônica. A popularidade restaurou-se ainda na primeira metade dos anos 80, com a produção familiar tão adocicada quanto emocionante Laços de ternura (Terms of endermeant, 1983) um papel tipicamente de comédia em que Nicholson contracena em sintonia perfeita com Shirley MacLaine. Pelo filme, recebeu seu segundo Oscar, agora como ator coadjuvante.
Sempre se reinventando, Laços de ternura deu início a uma sucessão de filmes do ator mais voltados para a comédia, devido a seu brilhante timing cômico. O ator passaria, então, a intercalar bem papéis cômicos e dramáticos, mostrando a versatilidade que é marca registrada do trabalho de um grande ator. O ápice cômico de Jack Nicholson veio nos anos 90, na sua terceira vitória ao Oscar – sendo segunda como melhor ator – por Melhor é impossível (As good as it gets, 1997), também do diretor James L. Brooks que havia o dirigido em Laços de ternura, em que interpreta um hilário e irritantemente neurótico escritor de livros de romance que se envolve emocionalmente com uma garçonete desesperada (Helen Hunt) e seu vizinho artista e homossexual (Greg Kinnear). Mais um grande sucesso de público e crítica em sua carreira e seu filme de maior destaque nos anos 90.
Já nos anos 2000, passou a enfrentar a típica queda de produção que atores mais velhos sempre costumam passar (De Niro, Al Pacino e Dustin Hoffman, que são mais ou menos da mesma época, sofrem pelo mesmo problema hoje em dia). Mesmo assim, com uma produção que contabiliza menos de dez filmes, emplacou pelo menos três grandes sucessos: sua participação em Os infiltrados (The departed, 2006) de Martin Scorsese, sua parceria perfeita com Diane Keaton na comédia romântica Alguém tem que ceder (Something’s gotta give, 2003) e sua última indicação ao Oscar (última de 12 – Nicholson é o ator mais indicado ao Oscar) pela divertidíssima comédia irônica de Alexander Payne, Confissões de Schmidt (About Schmidt, 2002).
Bom, com uma filmografia dessas pouco importa se no presente sua produção é baixa. Quem liga? Nicholson fez mais pela indústria do que metade dos atores sensação do momento juntos, que representam muito mais quantidade do que qualidade. É parte da história viva do cinema americano.

Lucas Moura

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