Depois de muitos anos sem emplacar sucessos junto ao grande publico (apesar de lançar ótimos filmes como Desconstruindo Harry, 1997), e de uma má fase que inclui aquele que é considerado seu pior filme, O escorpião de jade, Woody Allen retorna aos holofotes em 2005 com o intenso e envolvente Match Point, longa singular em sua carreira por alguns motivos: dura mais de duas horas (mais longo até então), é rodado em Londres e se afasta das comédias, assumindo um clima carregado e tenso durante quase todo o filme.
Chris Wilton é um jogador de tênis irlandês que não alcança o estrelato e chega em Londres para dar aulas particulares. Ele acredita muito na influência da sorte na vida das pessoas - e a sua logo lhe sorri. Ele consegue vários alunos, entre eles Tom Hewett, um jovem membro da aristocracia inglesa. Tom passa a gostar muito de seu instrutor e o apresenta à sua família, inclusive à sua irmã Chloe, que se apaixona pelo tenista. Chris também conhece Nola Rice, a noiva americana de Tom, uma loira espetacular, e fica encantado por ela. Mesmo começando a se relacionar com Chloe, Tom passa a assediar a cunhada, que resiste a seu charme, mas chega uma hora que cede e eles começam um caso.
Quando Tom e Nola rompem o noivado e a loira some, Chris, conformado, casa com Chloe. Seu sogro simpatiza com ele e passa a incentivar sua carreira como executivo, lhe conseguindo um bom emprego. Nola reaparece e volta a manter um caso com Chris, que tem vontade de largar a esposa e ficar com a amante, mas não o faz pelo risco de perder tudo o que havia conquistado profissionalmente. A loira então começa a pressioná-lo, criando um clima tenso que culmina num fim trágico.
Como disse antes, Match Point marca a grande volta de Woody Allen. Ô filme bom! Desde o início o longa tem um clima carregado, seja pela fotografia, pela trilha sonora (praticamente só ópera) ou pelo próprio enredo, que prende a atenção do espectador do inicio ao fim. Match Point se afasta do estilo cômico de Woody e assume caráter dramático, tendo como temas sorte/azar, ambição, beleza, crime e sensualidade. É muito interessante a decadência moral de Chris, cuja ambição o leva a extremos, passando por cima de seus sentimentos e de todos os princípios que algum dia ele teve. Aliás, isso lembra um pouco a obra de Dostoiévski, só não digo qual o livro porque pode ser spoiller.
Outro mérito de Match Point é seu elenco, começando por Jonathan Rhys Meyers, que dá vida ao charmoso, ganancioso e perturbado Chris, e chama mais a atenção Scarlett Johansson, que desde 2003 vinha chamando atenção por sua atuação num filme de Sofia Coppola e em 2005 já havia consolidado sua carreira. Linda, sedutora e ótima atriz, Scarlett interpreta Nola com perfeição, chegando a ser chamada de Marilyn Monroe do século 21. Exagero, claro, mas difícil não se impressionar com tamanha combinação de beleza e talento.
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Luís F. Passos
ok! Contou tudo menos como acaba a história. Agora vou ter que assistir o filme pra saber! rsrs
ResponderExcluir#curiosa