A família Collins sai da cidade de Liverpool, no século XVIII em direção ao novo mundo, onde se instalam no Maine fundando uma cidade, Collinsport, criando um império do comércio de furtos do mar e fundando Collinswood, o castelo da família que simbolizava todo o poder dos Collins.
Ao mesmo tempo, Barnabas Collins (Johnny Depp) vê-se envolvido por duas mulheres: Jossete, seu amor verdadeiro, e Angelique (Eva Green), empregada da família desde a infância e apaixonada por Barnabas e mantém um relacionamento com ele (que não a ama). O problema é que Angelique é uma bruxa e, quando Barnabas decide por terminar o caso dos dois e seguir sua vida com Jossete, ela jura vingança à família Collins, a qual almeja destruir, e lança uma maldição no amado transformando-o num vampiro além de fazer com que ele fique preso num caixão por quase 200 anos até que seja desenterrado, por acaso, em escavações numa obra.
Quando livre, o vampiro Barnabas volta para Collinswood que agora é um completo caos. Em estado de quase abandono, é habitada apenas pelos últimos quatro membros falidos da família, uma psiquiatra estranha (Helena Bonham Carter), a jovem e misteriosa Vicky (que, aparentemente, tem alguma relação com Jossete) e os dois velhos e quase inúteis funcionários do local (ambos hilários!). Seu objetivo passa a ser, então, retomar o poder e a influência dos Collins, com a ajuda, principalmente, de Elizabeth (Michelle Pfeiffer), a matriarca da família. Paralelamente, ele tem que se adaptar ao máximo ao estilo de vida de 1972 e lutar contra sua antiga rival Angelique, que, agora, manda na cidade de Collinsport.
Sombras da noite (Dark Shadows, 2012) não é uma maravilha. Fato. Na verdade, é um filme no máximo bonzinho. Poderia descrevê-lo como uma comédia com leves toques de filme de terror, com direito a vampiros, bruxas, fantasmas e o kit completo que vem com eles. Ele tem alguns méritos. Gosto muito do estilo irônico de Tim Burton em criar situações engraçadas que são, ao mesmo tempo, levemente sombrias e Sombras da noite tem algumas delas. Geralmente, são pequenas sequências ou apenas certo elemento na cena que dão o ar cômico necessário, sem deixar de lado a bizarrice do momento. Isso fica muito claro na cena dos hippies (que é uma das melhores). Outra coisa muito bacana no filme é estar sempre puxando o ar dos anos 70 para Collinsport, que é uma cidade no fim do mundo.
Então, temos várias referências, que incluem globos de discoteca como quesito obrigatório numa festa, Amargo Pesadelo (Deliverance, 1972) em cartaz no cinema local, Alice Cooper numa festa na mansão dos Collins, o figurino do elenco e por aí vai. Apesar de contar com um ótimo elenco, não tem atuações fantásticas. Depp, em seu milésimo trabalho com Burton, já fez coisa muito melhor do que Barnabas. Helena Bonham Carter...puts, achei muito sem graça. Mas eu curti Michelle Pfeiffer (sempre ótima), Chloe Moretz (de Hugo Cabret) como a jovem, revoltada e meio chapada Carolyn, filha de Elizabeth e Eva Green, a obsessiva, sensual e divertida vilã.
O problema de Sombras é que é um filme meio... perdido. Você pensa que é um filme de vampiros, aí do nada começa a virar história de fantasmas...e de bruxaria...e aí aparece um lobisomem (?!)...enfim, é tudo muito solto. As coisas acontecem do nada e...não fazem muito sentido. Não parecem muito convincentes. Tim Burton, apesar de sempre trabalhar com mundos estranhos e impossíveis, consegue fazer com que eles pareçam reais dentro de seus próprios limites. Infelizmente, em Sombras ele não conseguiu esse feito. Isso sem falar no final...
Sombras da noite é o segundo lançamento seguido de Burton que não me agradou. Depois de Alice (que foi uma decepção) já não andava muito confiante no diretor. De certa forma, isso me ajudou em Sombras, pois fui vê-lo sem criar expectativas que, no fim das contas, não seriam atendidas mesmo. Sendo assim, o que me resta é continuar admirando os bons trabalhos que ele fez há uns anos atrás (Beetlejuice, Edward, Batman e por aí vai) e esperar que ele volte a fazer ótimos filmes como antes.
Lucas Moura