Depois de uma breve pausa na série de postagens, aqui estou eu para falar de alguns dos vencedores da categoria de melhor ator, uma das mais comentadas da cerimônia.
Todos já viram vários e vários bêbados no cinema, mas o verdadeiro drama do viciados em álcool foi mostrado pela primeira vez nesse filme de 1945. A personagem de Ray Milland sofre, e muito, durante todo o filme para tentar se recuperar do vício. É um filme tenso e muito forte, chocante até. O ator carrega o filme praticamente todo sozinho e faz muito bem seu papel.
Criminosos e violentos, uma gangue manda e desmanda num porto duma região pobre da cidade. Eles controlam tudo na região com mãos de ferro e parecem intocáveis, como se fosse impossível atingi-los ou lutar de alguma forma contra seu poder. Impossível até que o jovem Terry Malloy (Marlon Brando), que fazia parte do grupo, decide fazer justiça e ajudar a batalhadora Edie (Eva Marie Saint) que acaba de perder seu irmão. O papel de Marlon Brando aqui é um de seus melhores, junto com outros grandes filmes como Uma rua chamada pecado, O poderoso chefão e Último tango em Paris.
Mais clássico que Don Corleone, impossível. O chefão da máfia se tornou uma das personagens mais famosas, mais citadas e mais admiradas da história do cinema mundial. Tudo isso graças a interpretação do ator. Ninguém faria, faz ou fará um Don Corleone melhor que Marlon Brando, isso é impossível! Afinidade total entre ator e personagem, atuação forte e inesquecível. Filme obrigatório para cinéfilos.
Carismático, engraçado, corajoso e, principalmente, com um espírito de liberdade incrível. Esse é McMurphy, um bandido de quinta categoria muito metido a esperto que decide alegar insanidade para sair da prisão e ir parar num sanatório. Mal sabia ele que lá todos também são prisioneiros. Sua alma anti-repressão acaba então por transformá-lo numa espécie de líder do lugar, e ele passa então a tentar trazer um pouco de vida a todos aqueles homens subjugados que vivem no local. Primeiro Oscar de Jack Nicholson, é também seu melhor trabalho
Uma vítima do jogo de manipulação feito pela mídia, após simplesmente surtar ao vivo para toda rede nacional, ele ganha um programa sensacionalista, cuja função é justamente permitir que as pessoas o vejam surtando e falando todos os tipos de verdade em cadeia nacional exclusivamente porque isso dá audiência. Rede de intrigas é um dos meus filmes preferidos, e não seria muita coisa se não fosse a presença de Peter Finch. O revoltado Howard Beale e seus acessos de fúria em cadeia nacional são impressionantes e decisivos para todo o filme. também não é correto dizer que o ator carregue o filme sozinho, afinal, Faye Dunaway traz uma interpretação a altura com sua Diana.
Homem largado pela mulher tem que passas pela difícil missão de cuidar de seu filho sozinho, tendo de conciliar, de uma hora para outra, os cuidados com o filhos, com a casa e também seu exigente trabalho. Não é das tramas mias convencionais, mas o fato é que Kramer VS. Kramer é um filme excepcional, e Dustin Hoffman afirma aqui, mais uma vez, sua posição entre os melhores atores de sua geração.
Jake LaMotta. Lutador de boxe, violento, ignorante, incompreensível e muito perturbado. Touro indomável acompanha a trajetória do lutador (que realmente existiu) do início de sua carreira até seu fim, como um velho, gordo e decadente. Não é um filme qualquer. É o melhor filme que explora um esporte, mesmo que esse seja, de certa forma, secundário à trama. DeNiro mostra uma espécie de anti-Rocky, um homem totalmente insensível que não aprende absolutamente nada com seus erros e que não sabe se expressar de outra forma que não seja com seus punhos, seja na cara de seu irmão, na cara de sua esposa ou até mesmo nas paredes da prisão (dói só de lembrar dessa cena, quem viu sabe do que estou falando). O poderoso chefão é filme obrigatório pra cinéfilos? Bom, esse também é!
Alguém sabe quem foi Antonio Salieri? Tenho certeza que não (a menos que tenha visto esse filme). Agora, acredito que todos saibam quem foi Wolfgang Amadeus Mozart. Esse é o ponto. Amadeus explora justamente a figura desse pobre desconhecido que é Salieri, focando em sua relação com um irreverente e surpreendente Mozart. Relação essa mantida por inveja e ao mesmo tempo admiração sentidas por Salieri bem como sua grande dedicação, a construção e a perda de sua fé e devoção e sua decadência diretamente ao esquecimento. F. Murray Abraham trabalha Salieri em dois momentos: jovem, convivendo com o seu “inimigo” e velho, rancoroso e desesperado.
Dustin Hoffman de novo, agora como o inocente Ray Babbitt, homem com problemas mentais que acaba entrando numa longa viagem com seu irmão (Tom Cruise), que num primeiro momento aparece como um verdadeiro explorador. O fato é que esse tipo de personagem é muito complicado de se fazer, pois deve ser tomado exatamente na medida certa. Ray é muito inteligente e cheio de gestos e manias bem caricatas e muito difíceis de se fazer de um modo que pareça algo natural, o que é feito por Dustin Hoffman. Impossível ver Rain Man e esquecer Ray.
Drama pesadíssimo que acompanha a vida de um deficient físico e mental que não pode se mexer por não ter nenhum controle sobre seus membros, exceto pelo seu pé esquerdo. Christy passa então a se comunicar e até mesmo a fazer pinturas, tudo usando apenas esse pé, o que é algo simplesmente incrível. O filme também acompanha sua complicada relação com os pais, os irmãos e sua difícil adaptação a uma vida de tantas limitações. Acredito que seja o primeiro grande filme de Daniel Day Lewis (não conheço muitos filmes dele anteriores a esse), um ator excepcional que não faz muitos filmes, mas os faz com excelência.
Personagem clássico. Todo mundo conhece o famoso Dr. Hannibal Lecter, o seria killer canibal do filme O silêncio dos inocentes, que deu ao ator Anthony Hopkins não apenas seu melhor papel, como o filme que o transformou no ator popular e querido que é hoje. Raramente filmes desse gênero são bem vistos no Oscar, mas O silêncio dos inocentes é bom demais para ser ignorado, graças, em grande parte, a interpretação de Anthony Hopkins.
Demorou... demorou tempo demais para Al Pacino ganhar um Oscar, mas ele enfim chegou com Perfume de mulher, um drama muito interessante e envolvente sobre um tenente aposentado que está cego e que decide curtir muito por alguns dias e então se matar. É um filme excelente e Al Pacino leva ele sozinho. Perfume de mulher pode não ter a importância e a força de outros filmes de Al Pacino pelos quais ele também foi indicado ao Oscar (estou falando de O poderoso chefão, parte II e Um dia de cão) mas o fato é que sua atuação aqui como Frank Slate é gigantesca e não deve nada ao mafioso Michael Corleone (O poderoso chefão, parte II) ou o confuso Sonny (Um dia de cão).
Tá aí um ator interessante...Nicolas Cage não é um ator que eu goste muito, porque ele faz simplesmente qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo, o cara faz vários filmes seguidos mas o problema mesmo é que em sua grande maioria são filmes ruins, de roteiros fracos, de interpretações sem graça e muito previsíveis ou dependentes de efeitos especiais às vezes toscos também). Só que o ator mostra, vez ou outra, que ele presta pra alguma coisa e aparece fazendo um filme excelente! Assim é com Arizona nunca mais, Adaptação e, principalmente, Despedida em Las Vegas. Ê filme bom. Aqui ele vive um fracassado que resolve ir para Las Vegas e beber, beber, bebeeeeer...até morrer. Acaba se envolvendo com uma prostituta (Elisabeth Shue – perdeu o Oscar por esse filme INJUSTAMENTE!) e as coisas começam a ficar mais complicadas, os dois se envolvem demais durante o longa e aí vai. Filme de atores, acima de tudo! Sustentado exclusivamente pela atuação dos dois atores.
Abrindo as janelas das casas dos subúrbios de classe média alta dos EUA e mostrando todas as verdades sujas e a hipocrisia que existe por trás do padrão “feliz” de vida seguindo na “América”. É isso que Lester faz quando se propõe a jogar sua vida medíocre pro ar e tentar ser feliz do jeito que bem quiser. Muita coragem, muita ousadia, muita ironia. Kevin Spacey é um dos meus atores preferidos e aqui ele tem a chance de ir o mais longe possível, fazer Lester não é missão tão fácil pela mudança existente na personagem entre o começo do filme em que ele parece estar prestes a explodir até o momento em que ele liga o foda-se de vez.
Não morro de amores pelo filme mas uma coisa que ele tem de bom, com certeza são as atuações de seus personagens principais, liderados por Colin Firth, que consegue captar aqui toda a imponência e ao mesmo tempo toda a insegurança de um rei que simplesmente não consegue se comunicar diretamente com seu povo por ser...gago. Simplesmente isso. O ator consegue aqui captar toda a dificuldade e a complexidade do problema da gagueira, com gestos e com a maneira de falar na medida certa, passando sempre a imagem de intenso esforço, em vez da imagem ridicularizada a qual estamos acostumados a ver em filmes com relação a pessoas nessa situação. Também há um lado cômico que aparece vez ou outra, acompanhado de Geoffrey Rush.
por Lucas Moura
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