Quando se fala em sertão na Segunda Fase Modernista, todos logo se lembram de Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Não é pra menos, já que o livro descreve de maneira genial o sofrimento de uma família que luta contra a pobreza e a fome no sertão nordestino. Mas pra mim O Quinze, de Rachel de Queiroz, merece a mesma (ou até maior) notoriedade, já que retrata de maneira mais forte a problemática da seca.
A seca de 1915 aconteceu de verdade e é considerada uma das piores da história nordestina. Na época, Rachel de Queiroz era uma menina de cinco anos, e mesmo não sendo pobre, sua família também sentiu as consequências da estiagem. A seca atingiu boa parte do Nordeste, inclusive Sergipe, onde carne bovina se tornou artigo de luxo (segundo minha bisavó, só se comprava em Itabaiana) e provocou uma grande onda migratória rumo à Amazônia, que na época vivia a febre da borracha.
Os dois focos do livro são a família do vaqueiro Chico Bento e o sentimento que há entre Conceição e Vicente. Chico Bento, depois de ser demitido da fazenda onde trabalhava por falta de serviço vaga com sua mulher e seus cinco filhos pelo sertão, em busca de oportunidades. Na viagem acontecem diversos infortúnios, como o desaparecimento de um dos filhos e a morte de outro, que na agonia da fome comeu mandioca crua, indo a óbito por envenenamento.
Conceição, comadre de Chico Bento, é professora na capital e mora com sua avó, dona Inácia. Sempre nutriu um sentimento por seu primo Vicente, que tem uma fazenda no sertão e trabalha nela, sendo portanto um homem rude e sem estudo, diferente de Conceição. E essa diferença intelectual representa a distância entre os primos, que ao final do livro não tinham se entendido.
Outros fatos reforçam o lado social da obra: os Campos de Concentração onde Conceição era voluntária, em que o governo mantinha os migrantes, temendo que eles se revoltassem e promovessem uma onda de violência; e uma certa ocasião em que Chico Bento mata uma cabra achando que ela não tinha dono, mas quando este aparece o chama de ladrão e dá apenas as tripas do animal para a família do vaqueiro comer.
Rachel de Queiroz escreveu O Quinze com apenas dezenove anos, e desde então foi aclamada por público e crítica. Escreveu vários outros romances, com destaque para Dôra, Doralina e Memorial de Maria Moura, que conquistou o Brasil ao ser adaptado numa minissérie da Rede Globo. Foi a primeira mulher a entrar na Academia Brasileira de Letras (1977) e a ganhar o Prêmio Camões (1993), o prêmio mais importante da língua portuguesa.
A escritora cearence faleceu em sua casa no Rio de Janeiro, em 2003, às vésperas de completar 93 anos de idade, enquanto dormia em sua rede.
Os dois focos do livro são a família do vaqueiro Chico Bento e o sentimento que há entre Conceição e Vicente. Chico Bento, depois de ser demitido da fazenda onde trabalhava por falta de serviço vaga com sua mulher e seus cinco filhos pelo sertão, em busca de oportunidades. Na viagem acontecem diversos infortúnios, como o desaparecimento de um dos filhos e a morte de outro, que na agonia da fome comeu mandioca crua, indo a óbito por envenenamento.
Conceição, comadre de Chico Bento, é professora na capital e mora com sua avó, dona Inácia. Sempre nutriu um sentimento por seu primo Vicente, que tem uma fazenda no sertão e trabalha nela, sendo portanto um homem rude e sem estudo, diferente de Conceição. E essa diferença intelectual representa a distância entre os primos, que ao final do livro não tinham se entendido.
Outros fatos reforçam o lado social da obra: os Campos de Concentração onde Conceição era voluntária, em que o governo mantinha os migrantes, temendo que eles se revoltassem e promovessem uma onda de violência; e uma certa ocasião em que Chico Bento mata uma cabra achando que ela não tinha dono, mas quando este aparece o chama de ladrão e dá apenas as tripas do animal para a família do vaqueiro comer.
Rachel de Queiroz escreveu O Quinze com apenas dezenove anos, e desde então foi aclamada por público e crítica. Escreveu vários outros romances, com destaque para Dôra, Doralina e Memorial de Maria Moura, que conquistou o Brasil ao ser adaptado numa minissérie da Rede Globo. Foi a primeira mulher a entrar na Academia Brasileira de Letras (1977) e a ganhar o Prêmio Camões (1993), o prêmio mais importante da língua portuguesa.
A escritora cearence faleceu em sua casa no Rio de Janeiro, em 2003, às vésperas de completar 93 anos de idade, enquanto dormia em sua rede.
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