sexta-feira, 10 de junho de 2011

A morte e a morte de Quincas Berro Dágua


Segundo a crítica, é a melhor novela de Jorge Amado. Infelizmente não posso afirmar nada, já que só li dois livros do baiano (esse e Capitães da Areia). Mas os dois já foram suficientes pra me tornar admirador do cara: a linguagem simples, com elementos bastante populares, tom lírico e representação das personagens urbanas da Bahia são características que imortalizaram a obra de Jorge Amado.
No dia do aniversário de setenta anos de Quincas Berro Dágua, rei dos vagabundos da Bahia, seus amigos preparam uma festa surpresa. Mas quem faz a surpresa é o aniversariante: depois de décadas de bebedeira, o fígado se rende e o famoso bebum morre. A família é chamada e decide velar o corpo escondidos no casebre onde Quincas morava, para que a sociedade soteropolitana não descubra a verdade, pois sua filha Vanda dizia a todos que o pai havia fugido para o exterior com uma amante rica.
O narrador explica que Quincas, que se chamava Joaquim Soares da Cunha, era um funcionário público e chefe de família exemplar que, cansado da vida medíocre da classe média, resolve cair na farra, trocando o convívio de sua família pelos bêbados, prostitutas, vagabundos e marinheiros.
Os amigos bebuns de Quincas, Curió, Pastinha, cabo Martim e Pé de Vento, achando que a morte não passava de uma brincadeira dele, tiram-no do caixão e saem pelas vielas de Salvador com o morto nos braços, passando por bares, festas e até se metendo em brigas. Enfim eles decidem levar Quincas para passear de barco, e no passeio uma forte tempestade os alcança, provocando ondas enormes, derrubando o corpo de Quincas no mar.
O título se refere às duas mortes do protagonista: a primeira, em terra firme, causada pelo álcool e a segunda, nas águas da Baía de Todos os Santos. A história é uma crítica à sociedade de Salvador, especialmente a classe média, acusada pelo autor de ser preconceituosa e hipócrita, a ponto de Quincas não aguentar mais a esposa, os irmãos e cunhados e nem seus colegas de trabalho, trocando a vida estável pela sarjeta do Pelourinho. O antes funcionário exemplar se tornara amigo dos bêbados, das prostitutas, vigaristas, Mães de santo e demais excluídos do povo soteropolitano.
Em 2010 foi lançado o filme Quincas Berro Dágua, baseado no livro de Jorge Amado.

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