Achei que já era hora de falar desse livro tão grandioso, que ajudou a dar nome a este singelo blog. E é sempre bom falar de Sagarana, que além de ser incrível do ponto de vista crítico, também é uma ótima leitura.
Em 1937, no concurso literário Humberto de Campos, da Editora José Olympio, um livro de doze contos e quinhentas páginas, assinado por um tal Viator (viajante em latim) surpreendeu o júri, presidido por Graciliano Ramos, e ficou com o segundo lugar. Quem era Viator? Nosso amigo João Guimarães Rosa, que no ano seguinte foi enviado à Europa numa missão diplomática e só retornou anos depois. Quando Guimarães conheceu Graciliano, este o aconselhou a publicar o livro, mas numa edição mais curta. Foi o que ele fez, excluindo três histórias e fazendo mudanças em boa parte das demais, reduzindo o número de páginas para pouco mais de trezentas.
Sagarana é uma palavra híbrida, formada por dois radicais: saga, de origem germânica, significa "canto heróico" e rana, de origem indígena, significa "espécie de". Então o livro é um tipo de narração heróica, mas de quê? Do sertão, de seus acontecimentos e personagens, muitos dos quais envolvem a terra natal do escritor, Codisburgo.
Ao longo dos nove contos, vários temas são abordados: os costumes interioranos, o misticismo, romances, violência e pobreza. Muitas dessas histórias são baseadas em experiências vividas pelo autor, ou que foram narradas a ele em suas andanças pelo sertão mineiro - em vários contos há a figura do "doutor", que sempre é bem visto pelos moradores. Esse doutor pode ser a representação do próprio Rosa nas narrativas, já que ele percorreu o interior de Minas como médico.
Outra coisa importante: Sagarana já traz a linguagem diferente criada por Guimarães, cheia de palavras antigas (o chamado arcaísmo) e outras que ele mesmo inventou (os neologismos). Por isso que no começo, precisei da ajuda do dicionário, mas dá pra se acostumar (difícil mesmo é Grande sertão: veredas), e é essa linguagem que faz muitos vestibulandos detestarem o livro (vide Fuvest). Convenhamos, é compreensível; sua leitura, apesar de prazerosa, não é fácil, principalmente pra quem tem tão pouco tempo como os vestibulandos.
No próximo post: sinopse dos contos.
Ao longo dos nove contos, vários temas são abordados: os costumes interioranos, o misticismo, romances, violência e pobreza. Muitas dessas histórias são baseadas em experiências vividas pelo autor, ou que foram narradas a ele em suas andanças pelo sertão mineiro - em vários contos há a figura do "doutor", que sempre é bem visto pelos moradores. Esse doutor pode ser a representação do próprio Rosa nas narrativas, já que ele percorreu o interior de Minas como médico.
Outra coisa importante: Sagarana já traz a linguagem diferente criada por Guimarães, cheia de palavras antigas (o chamado arcaísmo) e outras que ele mesmo inventou (os neologismos). Por isso que no começo, precisei da ajuda do dicionário, mas dá pra se acostumar (difícil mesmo é Grande sertão: veredas), e é essa linguagem que faz muitos vestibulandos detestarem o livro (vide Fuvest). Convenhamos, é compreensível; sua leitura, apesar de prazerosa, não é fácil, principalmente pra quem tem tão pouco tempo como os vestibulandos.
No próximo post: sinopse dos contos.