sexta-feira, 18 de março de 2016

Filmes pro final de semana - 18/03

1. Inside Llewyn Davis (2013)
Os Irmãos Coen contam a história de Llewyn Davis (Oscar Isaac), cantor fracassado que não conseguiu emplacar sucesso, viu seu parceiro e melhor amigo falecer, a família lhe virar as costas e estragou um relacionamento com a mulher que amava (amava mesmo?) Ambientado no Greenwich Village dos anos 60, de onde saíram astros do quilate de ninguém menos de Bob Dylan, Inside Llewyn Davis é um tanto influenciado pela história real do cantor Dave Von Ronk, cuja problemática personalidade era digna de fama. Llewyn é um pobre coitado que sabe que é um coitado ao mesmo tempo que mantém um desdém por tudo e todos, inclusive Jean (Carey Mulligan), com quem teve um caso, Jim (Justin Timberlake), marido de Jean e cantor bem sucedido, além dos vários outros personagens. Mais um filmaço dos Coen sobre figuras fracassadas, dessa vez abrilhantado por uma excelente trilha sonora.
Nota: 10
2. The Bling Ring - a gangue de Hollywood (The Bling Ring, 2013)
O último e badalado trabalho de Sofia Coppola foi baseado num episódio de anos atrás, quando jovens de classe média foram presos por invadir mansões de famosos em Los Angeles e roubar itens de grife que para eles eram verdadeiros tesouros por causa dos donos. Aparentemente, sem necessidade alguma. Mas é isso que o filme procura debater: a futilidade de uma geração. Remetendo a clássicos como Juventude transviada, Sofia mostra a que ponto pode chegar a falta de personalidade, a perda de valores, a desorientação pessoal e a desvalorização do indivíduo e claro, o culto às celebridades. Todos esses aspectos apresentados num filme com as marcas já conhecidas de Sofia Coppola: roteiro bem elaborado, a delicadeza da fotografia, os diálogos ágeis e a trilha sonora que é, no mínimo, impecável.
Nota: 9,0/ 10
3. (500) dias com ela ((500) days of Summer, 2009)
Não, essa não é uma história de amor. A comédia romântica que foge do besteirol americano e conquistou milhões de fãs logo de cara mostra que o relacionamento de Tom (Joseph Gordon-Levitt) e Summer (Zooey Deschanel) não deu certo. Eles se conhecem no emprego, uma empresa de cartões, em que Tom cria cartões (mesmo sendo formado em arquitetura) e Summer, recém chegada na cidade, é secretária. Ele se apaixona logo por ela, mas é meio difícil saber o que se passa na cabeça dela. O filme vai e volta no tempo, viajando pelos 500 dias em que Summer ficou no pensamento de Tom; os bons momentos, as brigas, as muitas vezes em que ele ficou bêbado sofrendo por ela, as situações engraçadíssimas e o que ele levou da relação com a louquinha de olhos verdes. É pra se divertir - ou sofrer - muito.
Nota: 9,5/ 10
4. Ligações Perigosas (Dangerous Liaisosons, 1988)
Esqueça a ideia de que filmes de época devem retratar belas histórias de amor ou intensos conflitos políticos, ou mesmo guerras. O negócio aqui é bem mais sujo. A Marquesa de Merteuil (Glenn Close), ícone de riqueza e beleza, é miserável em termos de escrúpulos. Junto do igualmente charmoso e mau caráter Visconde de Valmont (John Malkovich), ela se diverte seduzindo corações inocentes visando roubar-lhes a virtude e a honra, humilhando as vítimas depois de usá-las. A sordidez do hobby dessa desprezível dupla é posta à prova quando eles escolhem como vítima a jovem Madame de Tourvel (Michelle Pfeiffer), cujo marido partiu numa longa viagem de trabalho. O filme serve como uma rica fonte de estudo comportamental e psicológico de suas personagens, abrindo espaço para o espectador observar os costumes e vícios da nobresa francesa no século 18, no seu mesquinho jogo de aparências e interesse.
Nota: 10
5. Gata em teto de zinco quente (Cat on a Tin Hoof, 1958)
"Nós não vivemos juntos, apenas dividimos a mesma jaula". Ver o filme e esquecer essa frase é mais difícil que ganhar na Mega da virada sozinho.  Tais palavras são ditas por Maggie (Elizabeth Taylor) para seu marido Brick (Paul Newman), jogador de futebol americano entregue à bebida após um incidente no trabalho envolvendo um amigo - coisa que não é totalmente esclarecida e que dá brecha para a suspeita de um caso gay. E por que Maggie disse uma frase tão forte para o esposo? É porque Brick simplesmente despreza a mulher, assim como toda a família, em especial o pai, "Big Daddy" Harvey (Burl Ives), com quem nunca teve boa relação. Bid Daddy está com câncer, não há perspectiva de cura e se preocupa com a possibilidade de deixar toda sua fortuna para o filho mais velho, Gooper, que é uma lesma e casado com uma mulher gorda e chata, e tem vários filhos gordos e chatos. A tensão entre Brick e Maggie e Brick e Big Daddy abre espaço para discussões diálogos brilhantes - afinal, o filme é baseado numa peça de Tennessee Williams, influente dramaturgo da Broadway. Também chama a atenção as espetaculares atuações de Paul Newman e Liz Taylor e claro, a beleza inesquecível da atriz.
Nota: 9,5/ 10

Luís F. Passos

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