Me desculpem, mas eu não achei Malévola a última coca do deserto como todo mundo achou. Gostei? Sim, gostei. Muito bacana ver uma história que explica os motivos da vilã ter se tornado vilã e o que há por trás de uma das histórias da Disney que mais gosto. Maaaas... é muito raso. Passa muito pouco tempo entre o início do filme, com uma Malévola ainda criança, até o mulherão Jolie em que ela se transforma e com o coração amargo. O mérito do filme é um só: Angelina Jolie. Sexy e com ar de sou-melhor-que-você-na-balada, ela faz o que pode pra dar ação ao enredo, mas não é suficiente. Nenhuma personagem ou trecho do filme é sólido o suficiente pra empolgar (opinião minha), e acaba sendo só mais uma dentre as muitas adaptações de contos de fadas.
Nota: 7,0/ 10
Falar em Julie e Julia é falar de um filme que eu via quase quinzenalmente e achava a coisa mais linda do mundo. Quase quatro anos depois não tenho a mesma opinião, mas ainda gosto muito dele. É muito bacana ver o resgate de duas histórias reais de mulheres que tinham na culinária e no casamento os pilares de suas vidas. Na década de 1950, Julia Child (Meryl Streep), americana que em Paris aprendeu a cozinhar e começou a escrever um livro com duas amigas francesas; a publicação do livro deu fama e um programa de TV a ela. Cinquenta e dois anos depois, em Nova York, Julie (Amy Adams) é uma mulher que chega aos trinta com a sensação de que não fez nada na vida, e decide escrever um blog sobre a experiência de fazer todas as 524 receitas do livro de Julia no prazo de um ano. Ambas concluíram seus projetos com o apoio de seus maridos e sempre mantendo um bom humor que arranca boas risadas de quem assite ao filme. Bon appétit!
Nota: 8,0/ 10
Esse é um filme imperdível - afinal, não é fácil achar um bom filme em que Nicolas Cage faça um ótimo trabalho. Vivendo o alcoólatra Ben Sanderson, Cage mostra a que ponto um homem pode chegar por causa do alcoolismo: viver na solidão, perder o emprego, e quando a esperança de dias melhores parece acabar, resolve ir a Las Vegas para beber até morrer. Simples, trágico e chocante. Em Las Vegas, Ben conhece a prostituta Sera (Elizabeth Shue), com quem inicia um estranho relacionamento baseado num acordo: ela não reclamaria da bebida e ele não reclamaria da profissão dela. O problema é que mesmo que Ben tente sair de seu deplorável estado, ele já parece irreversível.
Nota: 9,5/ 10
Depois de vencer o Oscar nas categorias filme, direção e roteiro com sua inovadora comédia romântica Annie Hall, Woody Allen mostra sua versatilidade no seu primeiro filme de drama: Interiores. Bastante influenciado pela filmografia do ídolo Ingmar Bergman, Woody cria a trama de três irmãs que pouco se conhecem e são distantes, já que sempre esconderam seus medos e verdades dentro de si. Mas o centro da história é a mãe delas, Eve (Geraldine Page), que vê seu casamento de décadas desmoronar e se descobre sem chão e sem rumo. Por sugestão das filhas, Eve começa a trabalhar como decoradora, mas nem o novo emprego consegue fazê-la arrumar a bagunça que tem dentro de si. Este é mais um dos filmes de Woody que infelizmente não são muito conhecidos, apesar da qualidade - altíssima.
Nota: 9,5/ 10
Resolvi incluir Tempos Modernos na lista porque há um tempo venho pensando que há muito não revejo filmes de Chaplin nem procuro algum que ainda não assisti. E este é um de meus favoritos junto a Luzes da cidade e O grande ditador. Nele Chaplin vive mais uma vez Carlitos, seu nobre vagabundo, que se torna uma vítima do fordismo e da 2ª revolução industrial. No início ele é operário e acaba surtando por causa do trabalho monótono, e ao longo do filme ele vai viver outras tantas crueldades do capitalismo: fome, luta de classes, vai encontrar uma criança órfã cuja família desmoronou por causa do desemprego do pai e ainda ver como um antigo amigo acabou entrando no crime por não ter mais alternativas. Mais uma vez, Chaplin falando muita coisa sem usar uma palavra sequer.
Nota: 10
Luís F. Passos
Luís F. Passos