quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Enterrado vivo - claustrofóbico

Com o perdão do trocadilho, para desenterrar o cinema de quinta, que andava meio afastado por motivos estudantis, vou falar sobre o excelente filme Enterrado vivo (Buried, 2010).
O roteiro do filme, em si, não é dos mais complexos e é bem simples de entender: Paul Conroy, interpretado por Ryan Reynolds, é um motorista de caminhão estadunidense que trabalha no Iraque para a companhia CRT, e de repente, acorda amarrado e amordaçado em um caixão de madeira enterrado no meio de um deserto no meio de lugar nenhum após a frota de caminhões da empresa ser atacada por um grupo de insurgentes iraquianos. Paul não tem muitas coisas além de um isqueiro, uma lanterna e um celular, deixado ali pelos seus seqüestradores.
A partir daí, acompanhamos por mais ou menos 90 min. a luta de Paul pela sua sobrevivência. Com o celular deixado pelo seqüestrador, Paul faz contato com o mundo externo em busca de alguém que possa lhe salvar. Depois de vencer a burocracia das ligações transferidas das operadoras de telemarketing (em momentos irônicos, e, às vezes, divertidos do filme) ele finalmente consegue falar com o chefe do setor especializado da polícia estadunidense em lidar com seqüestros envolvendo atividade terrorista. O problema é que essas pessoas parecem estar mais preocupadas em evitar que esse tipo de história ganhe a mídia do que salvá-lo.
Pelo celular, Paul também mantém contanto com o seu seqüestrador em momentos excelentes do filme. O seqüestrador pede 5 milhões de dólares pelo resgate, e o faz gravar um vídeo deste celular que vai parar no youtube e nas redes televisivas de todo mundo. No último contato com o seqüestrador, temos uma das cenas mais aflitivas de um filme super aflitivo (há, não vou contar o que acontece!).
Ainda através desse celular, o filme dá seus momentos mais sensíveis, com relação ao relacionamento entre Paul e sua família.
Além da falta de oxigênio, Paul ainda tem que correr contra o tempo, pois o prazo final para o pagamento do sequestro é às 9hrs, e o tempo corre cada vez mais rápido, afastar uma cobra que entra pelo caixão por um buraco na madeira, torcer para que a bateria do celular não descarregue e tentar evitar ao máximo ser soterrado pela areia que entra no caixão depois deste ter sido danificado por explosões bem na região onde ele foi enterrado. Uau.
Achei o filme simplesmente excelente. É um filme que faz muito com muito pouco. Apenas um ator! Só temos Ryan Reynolds na tela o tempo todo, não vemos outros atores (com exceção de uma pequena cena onde é mostrado um vídeo com uma amiga de Paul, Pamela, também seqüestrada), não acompanhamos outras personagens, não vemos um cenário, porque o filme todo é mostrado por uma câmera dando closes em um ator numa caixa de madeira escura iluminada apenas por uma lanterna ou um isqueiro. E o filme é excelente! É muito bom lembrar que o cinema não precisa ser caríssimo, não precisa ser um Titanic ou um Avatar para ser um grande filme. Um bom roteiro, uma boa direção e um bom ator são mais do que suficientes para fazer um pequeno grande filme. Enterrado vivo é uma produção baratíssima mas de altíssima qualidade, não devendo nada a nenhum outro filme do gênero que seja uma superprodução. 
O clima de angústia crescente, seja pelo desespero de Paul, pela bateria do celular acabando, pela incerteza do resgate, e pela areia que não pára de entrar pelo caixão, ou pelo simples fato de se imaginar enterrado vivo num caixão (o que, para mim, já é motivo de angústia o suficiente) dão um clima muito bom para o filme e um ritmo intenso. 
Parabéns a Ryan Reynolds por mostrar que não é só um ator limitado a comédias românticas, mas sim um grande ator. Parabéns ao diretor Rodrigo Cortés (o qual pretendo me informar melhor) pelo pequeno grande filme. 


por Lucas Moura

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