Chegou a hora da maior prova do País, com milhões de participantes e que é porta de acesso a boa parte das universidades públicas, além de servir pra quem quer bolsa no ProUni (enquanto o governo golpista não acabar de vez). E é em clima de Enem que temos uma lista especial, cheia de filme bom, cada um se relacionando a um bloco da prova. Se você não vai ficar dez horas numa sala fazendo uma prova cansativa, aproveite a lista no seu fim de semana.
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
1. Clube da luta (Fight club, 1999)
Um tema recorrente na prova de Ciências Humanas é falar de conflitos, e aqui temos um ótimo exemplo. Clube da luta, ícone da
filmografia de David Fincher, põe em xeque os valores de uma
sociedade guiada pelo consumo e por definições vazias do que é sucesso
ou felicidade - "trabalhamos em empregos que não gostamos para
comprarmos coisas das quais não precisamos", diz Tyler Durden (Brad
Pitt) para o narrador anônimo (Edward Norton). O narrador vive uma vida
pacífica demais e é a convivência com Tyler, violento e rebelde, que vai
mudá-lo, quando os dois iniciam um grupo que se reúne pra trocar
porrada. Isso e a relação com Marla (Helena Bonham Carter), que ele
conheceu frequentando grupos dos quais nenhum dos dois precisava. A
proposta do filme e os segredos que vão sendo revelados são algo
arrebatador que tão cedo não será esquecido. E vou encerrar aqui, afinal
a primeira regra do Clube da Luta é não falar sobre o Clube da Luta.
Nota: 10
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
2. 2001: uma odisseia no espaço (2001: a space odissey, 1968)
Depois da sequência de Lolita (1962) e Dr. Fantástico (1964),
o público sabia que deveria esperar por mais um filme de Kubrick. E o
que veio foi muito além das expectativas de qualquer um. 2001 foi
concebido por Kubrick para ser mais uma sensação do que uma história. O
diretor queria fazer um filme de ficção científica ambientado no
espaço, e para isso olhou primeiro para o passado, milhões de anos
atrás, na aurora da humanidade, para depois dar um salto até a era das
viagens cósmicas. E com muita subjetividade e efeitos visuais
impensáveis até então, que lhe renderam seu único Oscar, ele nos leva a
uma viagem capaz de representar o desejo humano de conhecer o que há
para dentro e para fora daquilo de nós mesmos que é conhecido. Mais que
revolucionar a ficção científica, Kubrick mostra que não há limites para
o cinema, para a imaginação e o talento de um artista.
Nota: 10
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
3. O Escafandro e a Borboleta (Le scaphandre et le pappillon, 2007)
Uma nova definição de filme lindo. Sensibilidade é a palavra chave da
história de Dominique Bauby (Mathieu Amaric), que depois de sofrer um
derrame é vitimado pela raríssima síndrome do encarceramento, em que
todo o seu corpo fica paralisado, exceto os olhos - sendo que todas as
faculddes mentais ficaram preservadas. Para completar, seu olho direito
precisa ser ocluído para evitar um ferimento na córnea, e ele fica
dependente apenas do esquerdo. Com a ajuda de uma fonoaudióloga,
Dominique aprende a se comunicar através de um sistema lento, mas
eficiente, a partir do piscar de seu olho. Através da narração de
Dominique, vemos como foi sua vida, os diversos erros que ele cometeu
com seus entes queridos, a rua relação com seu pai e seus filhos, a
amante que nunca o visitou depois da doença e a sua obstinação em compor
um livro que se tornaria best-seller. Baseado em fatos reais.
Nota: 10
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
4. As Aventuras de Pi (Life of Pi, 2012)
O nome do protagonista vem exatamente do número tão complexo da matemática. Membro de uma família dona de circo, o jovem Pi está de mudança para o Canadá, junto com seus parentes, os animais do circo e todo material, em um navio cargueiro. Depois de uma tempestade o navio naufraga e Pi se vê à deriva em um bote salva vidas, na companhia do enorme tigre Richard Parker. O filme então aborda a luta pela sobrevivência e a estranha convivência de um homem com um animal selvagem em um espaço tão pequeno, em alto mar. Efeitos especiais belíssimos são usados para criar um ambiente fantasioso (seriam delírios ou a magia da natureza?), além da figura do próprio tigre, criado digitalmente mas de uma perfeição impressionante. E mais do que a beleza visual, o filme aborda crenças e religiosidade de forma muito bonita.
Nota: 8,5/ 10
REDAÇÃO
5. Julie e Julia (2009)
Falar em Julie e Julia é falar de um filme que eu via quase
quinzenalmente e achava a coisa mais linda do mundo. Quase seis anos
depois não tenho a mesma opinião, mas ainda gosto muito dele. É muito
bacana ver o resgate de duas histórias reais de mulheres que tinham na
culinária e no casamento os pilares de suas vidas. Na década de 1950 temos
Julia Child (Meryl Streep), americana que em Paris aprendeu a cozinhar e
começou a escrever um livro com duas amigas francesas; terminá-lo foi tão difícil quanto obter nota mil na redação do Enem, mas a publicação do
livro deu fama e um programa de TV a ela. Cinquenta e dois anos depois,
em Nova York, Julie (Amy Adams) é uma mulher que chega aos trinta com a
sensação de que não fez nada na vida, e decide escrever um blog sobre a
experiência de fazer todas as 524 receitas do livro de Julia no prazo de
um ano. Ambas concluíram seus projetos com o apoio de seus maridos e
sempre mantendo um bom humor que arranca boas risadas de quem assite ao
filme. Bon appétit!
Nota: 8,0/ 10
Luís F. Passos