Vencedor da Palma de Ouro em 2012 e candidato ao Oscar em diversas categorias principais, Amor chamou mais ainda os holofotes para o cinema francês. Dirigido pelo austríaco Michael Haneke, conhecido pela sobriedade e simplicidade de seus filmes, Amor aborda o mais universal dos temas a partir de um casal de idosos, dois professores de música aposentados, em um amplo e confortável apartamento em Paris - praticamente o único cenário do filme. Quando Anne (Emanuelle Riva) sofre um derrame, em um momento chocante em que fica paralisada, seu companheiro de décadas Georges (Jean-Louis Trintignant) passa a tomar conta dela, num esforço enorme para alguém de sua idade. Anne vai aos poucos definhando, substituindo a outrora expressão viva e alegre por uma máscara mortuária, e ao mesmo tempo o longa se torna tenso a partir dos cuidados obstinados de Georges e sua preocupação com o futuro.
Nota: 10
Com a questão da diversidade tão em foco atualmente, é sempre bom
refletirmos um pouco sobre o assunto por meio da arte. O cinema, como
boa arte que é, faz e sempre fez muito bom uso desta questão. O
infelizmente pouco conhecido Toda forma de amor (Beginners, 2011)
explora de maneiras muito amplas uma máxima que todos conhecem e muitos
respeitam (ou deveriam respeitar): toda forma de amor é válida. O filme
se foca não apenas na relação confusa entre um casal demasiadamente
simpático vividos por Melanie Laurent e Ewan McGregor, como também na
relação ainda mais complexa entre este e seu pai (Christopher Plummer),
que, já em idade bem avançada, decide abraçar um novo estilo de vida
assumindo sua homossexualidade e se permitindo amar - tanto o namorado,
quanto o filho - de maneira com a qual nunca pode ao longo de tantas
décadas passadas pelos bloqueios pessoais que todos, em menor ou maior
grau, costumamos nos impor. De forma carismática e adorável, Toda forma
de amor é uma obra de grande delicadeza, simplicidade que, para olhares
mais desatentos, pode parecer até superficial e pouco emotivo em meio a
um montante de produções de sentimentalismo barato, mas que expressa
destreza ao manifestar a complexidade dos relacionamentos e daquelas
pessoas tão corriqueiras e inseguras que dão um palpável tom de
realidade e empatia a seus dramas. O título original, Beginners, faz uma
boa menção à posição de imaturidade de todas personagens perante os
próprios sentimentos e os sentimentos dos outros, de modo que o filme
foca justamente numa mudança de fase na vida de todos. Tudo isso somado
ao melhor cachorro coadjuvante dos últimos anos, monta um filme
agradabilíssimo e caloroso.
Nota: 9,0/ 10
Protagonizado por um Colin Firth austero e introspectivo, Direito de amar acompanha o dilema de um professor inglês que vive na Califórnia, George (Firth), após a morte de seu companheiro, Jim, com quem viveu por 16 anos. George não consegue lidar com o vazio deixado por Jim, nem mesmo ocupando seus dias com suas aulas ou com a ajuda de sua amiga de longa data, Charlotte (Juliane Moore). O desespero faz o professor pensar e planejar seu suicídio, mas novas perspectivas podem convencê-lo de que ainda pode haver esperança em meio a tanta dor. O filme é recortado por diversos flashes do passado, no início do relacionamento com Jim, de momentos passados juntos e da trágica morte precoce.Além da bela e triste história, o filme conta com as incríveis atuações dos sempre competentes Colin Firth e Juliane Moore.
Nota:8,5/ 10
Em seu segundo filme, Sofia Coppola provou ao mundo que não se firmaria
em Hollywood apenas com o poderoso sobrenome, mas com o enorme talento
que é comum à família. Em Encontros e desencontros Sofia une a história de um
ator de meia-idade que está em Tóquio para gravar comerciais de uísque
(Bill Murray) à de uma bela jovem (Scarlett Johansson) que está na
cidade porque seu marido fotógrafo está trabalhando em um filme. Os dois
se sentem solitários e, a partir do momento em que estão numa terra tão
diferente de seu país de origem, perdidos não só na cultura e língua
japonesas como no rumo que a vida tomou - ele, vivendo um casamento de
25 anos que perdeu a força e ela casada com um workaholic que a deixa de
lado por causa do trabalho. Filme excelente (para muitos o melhor de
Sofia) que foi indicado aos Oscar de melhor filme, direção, ator e
roteiro original, este último o único faturado pela jovem e promissora
Coppola.
Nota: 9,0/ 10
Saindo da linha romântica, um clássico contemporâneo que está completando 29 anos. Um filme inesquecível não só da sessão da tarde mas também o símbolo de uma geração que viveu a adolescência numa fase relativamente tranquila do mundo e queria algo pra sair da rotina. Ferris (Matthew Broderick) acorda num certo dia dizendo quão curta é a vida e que ela não deve ser desperdiçada com coisas inúteis como aulas de geografia. Ele então põe a namorada e o melhor amigo na Ferrari do pai deste e vão à Chicago fazer coisas num só dia que a maioria das pessoas não faz uma só vez na vida, como subir no carro de uma parada e cantar Twist and shout, dos Beatles. Que atire a primeira pedra quem nunca quis imitar o ídolo Ferris.
Nota: 10
Lucas Moura e Luís F. Passos
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