Dos livros que ocuparam as listas de livros mais vendidos (ficção) de 2008 pra cá, é a minoria que realmente vale a pena. Pra mim, foram nomes como J.K. Howling, Markus Zusak, Khaled Hosseini, Dan Brown e Hugh Laurie que mereceram que seus livros virassem best-sellers, ao contrário de quem apelou pro sentimentalismo exagerado e mal feito (vide Crepúsculo e House of Night).
Entre os autores citados, foi o afegão Khaled Hosseini quem surpreendeu o mundo com o incrível O Caçador de Pipas, em 2003. O sucesso de Khaled foi consolidado cinco anos depois, com A cidade do sol. Eu (assim como muita gente) prefiro O caçador, mas também gosto bastante do segundo.
A cidade do sol conta a história de duas mulheres, inicialmente paralelas, mas que se fundem no decorrer do livro. A primeira, Mariam, era filha bastarda de um comerciante e vivia com sua mãe numa choupana no campo enquanto o pai morava com sua esposa e filhos legítimos numa confortável casa na cidade. Quando a mãe de Mariam morreu, o pai a acolheu, mas só o tempo suficiente para arranjar o casamento com um sapateiro de Cabul, Rashid, bem mais velho. A menina ficou aterrorizada com a ideia de casar com um desconhecido, mas o início do casamento foi relativamente feliz, considerando-se que era arranjado. Mariam engravida, e o marido se torna só carinhos pra ela, mas depois dela perder o bebê e ficar estéril, passa a maltratá-la, como um objeto defeituoso que não conseguiu cumprir sua principal função - gerar um filho.
Paralelo a isso - na verdade alguns anos depois, temos a outra protagonista, Laila. Filha de um ex-professor universitário, Laila cresceu em Cabul com a esperança de estudar, se formar e ser alguém importante. Mas depois que acabam os problemas militares do Afeganistão com a União Soviética, surgem outros: as guerras civis. E é em uma dessas guerras que Laila perde sua família, primeiro seus irmãos, em combate, e depois os pais, quando sua casa é atingida por um míssil. A jovem então se casa com um vizinho, o sapateiro Rashid. Sim, aquele mesmo de Mariam, e é aí que há a união das duas. Inicialmente, Mariam tratou Laila mal, o que é comum quando o homem se casa pela segunda vez. Mas ela percebe que Laila só se casou para não morrer de fome, e porque não tinha mais ninguém, e a partir daí nasce uma forte amizade.
Diferente de O caçador de pipas, cujo tema central é bastante restrito a suas personagens, A cidade do sol usa suas protagonistas para falar de algo bem mais amplo: a mulher afegã. Hosseini deixa bem claro que as situações vividas por Mariam e Laila podem acontecer - e acontecem - com qualquer mulher em um país autoritário e violento. Além disso, ele faz um trabalho incrível, assim como em seu primeiro livro: detalhes do cotidiano em Cabul, oferecendo um retrato fiel da vida na cidade e no país em meio a tantos conflitos armados.
A atenção do mundo ocidental, voltada para o Oriente Médio depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, contribuiu para o sucesso de Khaled Hosseini. Mas o verdadeiro motivo de tantos exemplares vendidos se deve principalmente à sua capacidade de construir tão bem dramas envolventes.
PS: O post tá marcado como literatura americana porque Hosseini mora nos Estados Unidos desde 1976, e tem cidadania americana.
PPS: Comecei a fazer esse post em maio, na primeira semana do blog, e larguei. Um aleluia por eu ter terminado :)
A cidade do sol conta a história de duas mulheres, inicialmente paralelas, mas que se fundem no decorrer do livro. A primeira, Mariam, era filha bastarda de um comerciante e vivia com sua mãe numa choupana no campo enquanto o pai morava com sua esposa e filhos legítimos numa confortável casa na cidade. Quando a mãe de Mariam morreu, o pai a acolheu, mas só o tempo suficiente para arranjar o casamento com um sapateiro de Cabul, Rashid, bem mais velho. A menina ficou aterrorizada com a ideia de casar com um desconhecido, mas o início do casamento foi relativamente feliz, considerando-se que era arranjado. Mariam engravida, e o marido se torna só carinhos pra ela, mas depois dela perder o bebê e ficar estéril, passa a maltratá-la, como um objeto defeituoso que não conseguiu cumprir sua principal função - gerar um filho.
Paralelo a isso - na verdade alguns anos depois, temos a outra protagonista, Laila. Filha de um ex-professor universitário, Laila cresceu em Cabul com a esperança de estudar, se formar e ser alguém importante. Mas depois que acabam os problemas militares do Afeganistão com a União Soviética, surgem outros: as guerras civis. E é em uma dessas guerras que Laila perde sua família, primeiro seus irmãos, em combate, e depois os pais, quando sua casa é atingida por um míssil. A jovem então se casa com um vizinho, o sapateiro Rashid. Sim, aquele mesmo de Mariam, e é aí que há a união das duas. Inicialmente, Mariam tratou Laila mal, o que é comum quando o homem se casa pela segunda vez. Mas ela percebe que Laila só se casou para não morrer de fome, e porque não tinha mais ninguém, e a partir daí nasce uma forte amizade.
Diferente de O caçador de pipas, cujo tema central é bastante restrito a suas personagens, A cidade do sol usa suas protagonistas para falar de algo bem mais amplo: a mulher afegã. Hosseini deixa bem claro que as situações vividas por Mariam e Laila podem acontecer - e acontecem - com qualquer mulher em um país autoritário e violento. Além disso, ele faz um trabalho incrível, assim como em seu primeiro livro: detalhes do cotidiano em Cabul, oferecendo um retrato fiel da vida na cidade e no país em meio a tantos conflitos armados.
A atenção do mundo ocidental, voltada para o Oriente Médio depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, contribuiu para o sucesso de Khaled Hosseini. Mas o verdadeiro motivo de tantos exemplares vendidos se deve principalmente à sua capacidade de construir tão bem dramas envolventes.
PS: O post tá marcado como literatura americana porque Hosseini mora nos Estados Unidos desde 1976, e tem cidadania americana.
PPS: Comecei a fazer esse post em maio, na primeira semana do blog, e larguei. Um aleluia por eu ter terminado :)
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