terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Ana Carolina - Cantinho

Sabe a sensação quando você vai comprar um cd e lê que ele não é indicado pra menores de 18 anos? "Mas o que diabos tem nesse disco? É o audiobook do Kama Sutra???" Foi isso o que pensei quando comprei Dois quartos, de Ana Carolina, há uns anos atrás. Muito bom, por sinal: cd duplo (cd1: Quarto, cd2: Quartinho) que tinha algumas bem conhecidas graças às novelas da Globo, como Carvão e Ruas de outono. E também umas músicas que deixam o álbum,digamos, mais tenso: Cantinho, Eu comi a Madonna, 1.100, etc.
Assim como o cd, o dvd Dois quartos também é ótimo, com uns arranjos bem legais das músicas do cd e também utras músicas mais antigas e conhecidas, como Uma louca tempestade e Quem de nós dois. Ah, ouve aí Cantinho:



quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

As aventuras de Agamenon, o repórter - TSC

Cuidado! O Casseta e planeta tá de volta. Além de ter novamente seu espaço na programação da Globo, está no cinema - mesmo não oficialmente. As aventuras de Agamenon, o repórter, não leva a marca do programa global, mas o fato de seu roteiro ser assinado por Hubert e Marcelo Madureira já diz tudo. Agamenon é uma personagem fictícia que escreve uma coluna no jornal O Globo há vinte anos (Hubert e Madureira que escrevem), virou quadro no Fantástico e agora infelizmente chega às telonas. 
Agamenon Mendes Pedreira (Marcelo Adnet - Hubert), um dos melhores e mais polêmicos e misteriosos jornalistas brasileiros mora em um velho Dodge Dart 73, em frente ao prédio da redação de o Globo. Ele é apresentado por Pedro Bial, que exalta sua fama de grande jornalista. Agamenon conseguiu notoriedade por estar presente nos maiores acontecimentos dos séculos 20 e 21, começando pelo naufrágio do Titanic (onde temos a cena mais engraçada do filme) e indo até uma entrevista escandalosa com Osama Bin Laden. Nos primeiros minutos, percebemos artifícios que, por tentar dar um tom de seriedade, aguçam o bom humor e dão um toque de bom gosto: a participação de Pedro Bial, a narração de Fernanda Montenegro e depoimentos de Caetano Veloso, FHC, Suzana Vieira e Nelson Mota (que brinca consigo próprio sobre sempre participar de documentários biográficos), que reforçam a importância de Agamenon Pedreira para a imprensa brasileira.
O repórter Agamenon sempre demonstrou grande desrespeito à ética e às convencionalidades, e um exagerado impulso sexual. E foi em uma de suas aventuras sexuais que ele conheceu Isaura (Luana Piovani), jovem de família rica com quem se casa. O casamento com Isaura se mostra um sucesso - além de saberem se divertir bastante juntos, os dois se traem mutualmente. Chega a 2ª Guerra Mundial, e Agamenon é convocado a cobrir os acontecimentos na Europa, junto à Força Expedicionária Brasileira.
Acompanhando fatos importantes da guerra como a Conferência de Yalta, a invasão de Berlim e o lançamento das bombas atômicas no Japão, Agamenon se transforma num novo homem - até fisicamente, pois a radiação o envelhece, transformando Marcelo Adnet em Hubert. De volta ao Brasil, ele descobre que Isaura estava muito bem obrigado, acompanhada pelo padeiro, pelo açougueiro, pelo bombeiro, pelo policial... mas ao contrário da esposa, Agamenon estava entrando em depressão, até passar a se consultar com o dr Jacinto Leite Aquino Rêgo (Marcelo Madureira), médico psicoproctologista. Depois disso? Bem, ele continua traindo, sendo traído e fazendo reportagens incríveis, sempre com cara de pau e sem nenhum escrúpulo.
Se de alguma forma pareceu que eu tô recomendando esse filme, não é essa a intenção. Assim, contando a história, até parece legal, dentro dos limites das comédias nacionais. E foi o que pensei até a metade do filme, confesso que dei boas risadas com as situações e piadas iniciais. Mas chega num ponto que a graça acaba. Sério. Não sei se é porque fica repetitivo ou porque as piadas pioram, sei que chega numa hora que não dá mais. Aquele tom do Casseta, de fazer piadas inteligentes e (in)oportunas é até bacana, mas não cai muito bem no filme. Isso sem contar a apelação pra expressões faciais, nessas horas dá vontade de se levantar e deixar a porcaria do filme rodando sozinho. E conforme o tempo vai passando, você vai pensando que poderia ter feito coisa melhor de seu dinheiro... e assim como eu, acha que o ingresso só vale a pena se você conseguir pular pra outra sessão, hehe.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A perseguição

Masao Matsumoto é um jovem japonês que acaba de perder os pais em um grave acidente aéreo nos Estados Unidos. Seus tios Sachiko e Teruo Sato o levam para a América para buscar os restos mortais, mas lá Masao descobre que a morte não foi acidental, e sim mandada por Teruo Sato. Isso porque Yoneo Matsumoto, pai de Masao, era o fundador e presidente de uma das maiores corporações do Japão, e com a morte de toda família, Teruo seria o herdeiro universal de todos os bens. Masao descobre o plano maligno do tio, e foge.
A intenção de Masao era chegar em Los Angeles, onde ele encontraria a única pessoa em que podia confiar: Kunio Hidaka, um amigo leal a seus pais. O primeiro passo é chegar em Nova York, onde, com pouco dinheiro, Masao tem que se hospedar em hotéis do subúrbio e até arrumar um emprego nas próprias fábricas, disfarçado de um simples operário. No trabalho ele conhece Sanae Doi, uma linda descendente de japoneses, por quem ele desperta um sentimento. Mas Teruo está sempre no encalço do rapaz, que precisa estar constantemente alerta. Masao precisa fugir novamente, rumo à Costa Oeste, no único lugar em que estaria seguro.
Masao então atravessa o país, fugindo dos capangas do tio, que parecia adivinhar seus próximos passos. Nessa viagem ele encontra a solidariedade de pessoas desconhecidas que o ajudam, como os caminhoneiros Pete e Al, e descobre uma realidade muito diferente da sua, já que ele foi criado confortavelmente por uma família rica.
A perseguição (1994) é mais um dos livros juvenis de nosso querido Sidney Sheldon, e foi um dos primeiros do velho que eu li, em 2003 ou 2004. Ele tem uma estrutura mais simples que seus romances convencionais, mas nem por isso deixa a desejar. A aventura de Masao tem um ritmo intenso, com direito a vários momentos e prender o ar, nesse verdadeiro jogo de vida ou morte que o garoto disputa com o tio mau caráter.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Casa de pensão - boemia e tragédia

Quando se fala em Naturalismo no Brasil, o primeiro nome que vem à mente é Aluísio Azevedo. Maranhense de São Luís, nasceu em 1857, irmão mais novo do também escritor Artur Azevedo. Em 1876 se mudou para o Rio de Janeiro, e logo começou seu contato com os jornais, como cartunista. Em 1881 inaugura o Naturalismo no Brasil com O Mulato, e é o primeiro escritor no país que tenta sobreviver apenas com a renda obtida com a venda de seus livros. Não consegue. Frustrado e odiando um país que valorizava tão pouco a literatura, abandona a escrita e entra para a diplomacia. Faleceu em Buenos Aires em 1913.
Aluísio lançou Casa de pensão em 1884. O romance narra a história de Amâncio Vasconcelos, jovem maranhense que chega ao Rio de Janeiro para estudar medicina. Amâncio é acolhido na casa do comerciante Luís Campos, um velho amigo de seu pai. Mas Amâncio, que nunca gostou de estudar, queria mesmo era saber de farra, e encontra muitas com seus amigos, entre eles João Coqueiro, que empurra o rapaz mais ainda pro mau caminho.
A vida desregrada e o começo de uma atração por dona Maria Hortênsia, esposa de Campos, fazem Amâncio sair da casa do velho amigo e se mudar para a pensão que João Coqueiro mantinha junto a sua esposa, M. Brizard (que tinha o dobro de sua idade) e sua irmã Amélia. Interessados na fortuna do maranhense, Coqueiro e M. Brizard jogam Amélia nos braços de Amâncio. Os jovens se tornam amantes, e Amâncio passa a sustentar a família de exploradores, chegando a manter uma casa em que todos eles passaram a morar. O que o jovem não percebe é que estava envolvido demais com uma família completamente desonesta e sem escrúpulos, o que pôs sua vida em risco.
O determinismo do meio sobre as personagens, característica forte do Naturalismo, também está presente em Casa de pensão. Percebemos que Amâncio já não era flor que se cheirasse, mas ele piora bastante quando passa a frequentar a pensão de João Coqueiro. Outra característica presente é o pessimismo e a descrença no ser humano - as pessoas que se aproximavam de Amâncio o faziam apenas pelo dinheiro. 
Casa de pensão é baseado na Questão Capistrano, crime ocorrido em 1876 no Rio de Janeiro e que despertou bastante o interesse público. Eu lembro que tentei lê-lo algumas vezes, quando tinha entre sete e onze anos. Só consegui mesmo com treze. Ainda bem, esses livros naturalistas não são nada aconselháveis pra criança.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Sombra de uma dúvida - o Hitchcock preferido de Hitchcock

Charles (Joseph Gotten)  é um sujeito charmoso que chega à cidade de Santa Rosa para passar uns tempos com sua irmã e a família dela, que tem verdadeira adoração por ele. O tratam como se ele fosse a pessoa mais legal, mais esperta e mais interessante do mundo. Emmy, irmã de Charles, o trata com quase que uma adoração, como se seu irmão mais novo fosse, de fato, perfeito. Já sabemos logo de cara que Charles não é essa simpatia toda. O filme se inicia com ele deitado numa cama de um quarto de hotel, com um monte de dinheiro espalhado e a essa seqüencia segue-se uma perseguição, em que dois homens mal encarados o perseguem por ruas esquisitas de um bairro estranho. Vendo essa situação atípica e duvidosa, já dá pra saber que o cara não presta.
Quem também parece gostar muito de Charles é sua sobrinha, filha de Emmy, Charlie (Teresa Wright). A relação de Charles com sua irmã é tão forte que ela deu o nome de sua filha em homenagem ao irmão. Charlie é uma moça inteligente e perspicaz que sente-se verdadeiramente atraída pelo tio, como se eles tivessem uma relação que vai além de um simples parentesco.
A partir daí a situação começa a complicar, em alguns momentos, Charles começa a ter algumas atitudes suspeitas. Primeiro, ele dá a Charlie uma jóia que já tem iniciais gravadas (estranho), depois resolve esconder folhas de jornal para impedir que a família leia alguma coisa que nele estava (muito estranho), mostra também certa agressividade em alguns momentos. Tudo começa a ficar mais confuso quando dois rapazes, supostamente repórteres resolvem fazer uma matéria sobre a família de Emmy, teoricamente uma típica família americana. Reportagem essa que foi recebida com profunda hostilidade por Charles (estranho).
Começamos então a ter cada vez mais certeza de que essa criatura realmente não presta. Ao mesmo tempo em que vamos desconfiando cada vez mais do titio, Charlie também começa a juntar peças de um quebra-cabeças. Os rapazes que se diziam repórteres são, na verdade, detetives, e estão ali para investigar um suspeito de ser um provável assassino de viúvas, que as seduz e depois as estrangula roubando todo seu dinheiro. O perfil do assassino condiz com Charles: sua vinda inesperada, quase como se estivesse fugindo de algo; sua profunda desconfiança por tudo e por todos; sua relutância a tirar fotografias; a jóia com iniciais gravadas e, o momento decisivo para a constatação de que ele realmente é o assassino, a matéria de jornal que ele tentava esconder era, justamente, sobre esse serial killer de viúvas.
O filme começa a melhorar cada vez mais, agora se centra mais ainda em Charlie e em um grande dilema: denunciar o tio ou fingir que nada daquilo está acontecendo? A prisão de Charles representaria uma bomba na família, Emmy com certeza não suportaria tal desgosto e é isso que realmente perturba a cabeça de Charlie. Para piorar tudo, Charles sabe que a sobrinha entende tudo que está acontecendo e que realmente conhece a verdade sobre o tio. A trama começa a ficar cada vez mais perigosa, principalmente para Charlie, que tem a missão de impedir que sua família seja destruída, mantendo uma relação que vai do medo à adoração por um tio violento e imprevisível.
Sombra de uma dúvida (Shadow of a doubt, 1943) foi considerado pelo próprio Hitchcock, numa entrevista do diretor com François Truffaut,  como seu filme preferido. Roteiro muito bem estruturado. É um filme ágil, inteligente e muito bem realizado, como toda a filmografia de Hitchcock. Não posso concordar com relação a ser seu melhor trabalho, pois sou grande fã de Psicose e Um corpo que cai, mas dou os merecidos créditos a Sombra de uma dúvida. Mistura mistério, desconfianças, traição e doses de humor. Além disso, ver o duelo Charlie x Charles é muito interessante. Duas pessoas que num primeiro momento se dizem tão parecidas, mostram-se, ao longo do filme, verdadeiras antagonistas. E, como em toda boa briga, no final só haverá um vencedor. 

por Lucas Moura

domingo, 15 de janeiro de 2012

Dica: Edição especial de Grande Sertão: Veredas

Vamos falar de coisa boa! E não é a Iogurteira Top Therm, hehe. Em dezembro achei na Saraiva uma coisa que me deixou doidinho: Os caminhos do sertão de Guimarães Rosa. É uma caixa incrível, coisa de colecionador, que traz Grande sertão: veredas com a primeira página dos originais do escritor na capa; o quase inédito A boiada, que fala das experiências do autor no sertão mineiro / goiano; e um livro de depoimentos com textos de críticos renomados sobre Grande sertão e outras obras rosianas.
O preço é meio salgado, mas vale a pena pra quem for fã do cara, e até baixou um pouco. Ah, é exclusivo da Saraiva.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

127 horas - uau

Vamos falar de um dos filmes merecidamente indicados ao Oscar de Melhor Filme de 2011. Simples: Aron Ralston (James Franco) é um aventureiro por natureza que está escalando e passeando por umas formações rochosas no meio do nada e, por dar um passo em falso, fica preso pelo braço por uma rocha não muito segura em uma fenda na terra no meio de lugar nenhum. Longe da civilização, sem nenhuma chance de se comunicar com outras pessoas, e sem ter avisado para ninguém para onde ia.
127 horas (127 hours, 2010) é basicamente isso. Muito simples, muito direto. Porém o filme não é de forma nenhuma um filme pequeno. Vamos acompanhar por cerca de 90min. de filme as longas horas (justamente, 127) que Aron fica preso naquela fenda no meio do nada. Aos poucos, a comida vai ficando cada vez mais escassa, e a água praticamente nenhuma, uma hora tem que acabar e é essa a maior preocupação de Aron: a sede. Ele tenta de todas as formas possíveis soltar o braço da rocha, o que obviamente está fora de cogitação visto que o único instrumento que ele pode utilizar para isso é um canivete vagabundo made in China.
Situações desesperadas merecem medidas desesperadas: Aron então decide por amputar o braço direito para tentar sair daquele lugar usando seu débil canivete (numa cena que dá mais aflição que a cena de tortura de O último rei da Escócia, 2006).
O grande mérito de 127 horas, o que realmente o torna um filme excelente, interessante, e que realmente prende quem está assistindo está na atuação de James Franco. Segurar sozinho o filme por 90min. não é tarefa simples. Ele consegue pegar todas as nuances de Aron, a forma como ele vai entrando cada vez mais e mais em desespero pela sua situação aparentemente sem saída, as lembranças de sua família, suas alucinações e até mesmo seus arrependimentos. Aron vai passando por tudo isso nas longas horas que passa totalmente sozinho na fenda. Cabe a James Franco tornar isso intenso o suficiente para chamar a atenção. E chama muito. Destaque para as gravações que Aron faz com sua câmera que são registros e mensagens que ele quer deixar para seus familiares caso morra (o que ele tem quase certeza). 
O filme tem tudo para ser triste e depressivo. Mas não é. É até bem humorado às vezes, pois assim é o Aron da ficção e da realidade. É o filme do instinto de sobrevivência. A história pode ser simples, porém é forte. E forte também é esse pequeno grande filme.


por Lucas Moura

domingo, 8 de janeiro de 2012

A Cidade do Sol

Dos livros que ocuparam as listas de livros mais vendidos (ficção) de 2008 pra cá, é a minoria que realmente vale a pena. Pra mim, foram nomes como J.K. Howling, Markus Zusak, Khaled Hosseini, Dan Brown e Hugh Laurie que mereceram que seus livros virassem best-sellers, ao contrário de quem apelou pro sentimentalismo exagerado e mal feito (vide Crepúsculo e House of Night).
Entre os autores citados, foi o afegão Khaled Hosseini quem surpreendeu o mundo com o incrível O Caçador de Pipas, em 2003. O sucesso de Khaled foi consolidado cinco anos depois, com A cidade do sol. Eu (assim como muita gente) prefiro O caçador, mas também gosto bastante do segundo.
A cidade do sol conta a história de duas mulheres, inicialmente paralelas, mas que se fundem no decorrer do livro. A primeira, Mariam, era filha bastarda de um comerciante e vivia com sua mãe numa choupana no campo enquanto o pai morava com sua esposa e filhos legítimos numa confortável casa na cidade. Quando a mãe de Mariam morreu, o pai a acolheu, mas só o tempo suficiente para arranjar o casamento com um sapateiro de Cabul, Rashid, bem mais velho. A menina ficou aterrorizada com a ideia de casar com um desconhecido, mas o início do casamento foi relativamente feliz, considerando-se que era arranjado. Mariam engravida, e o marido se torna só carinhos pra ela, mas depois dela perder o bebê e ficar estéril, passa a maltratá-la, como um objeto defeituoso que não conseguiu cumprir sua principal função - gerar um filho.
Paralelo a isso - na verdade alguns anos depois, temos a outra protagonista, Laila. Filha de um ex-professor universitário, Laila cresceu em Cabul com a esperança de estudar, se formar e ser alguém importante. Mas depois que acabam os problemas militares do Afeganistão com a União Soviética, surgem outros: as guerras civis. E é em uma dessas guerras que Laila perde sua família, primeiro seus irmãos, em combate, e depois os pais, quando sua casa é atingida por um míssil. A jovem então se casa com um vizinho, o sapateiro Rashid. Sim, aquele mesmo de Mariam, e é aí que há a união das duas. Inicialmente, Mariam tratou Laila mal, o que é comum quando o homem se casa pela segunda vez. Mas ela percebe que Laila só se casou para não morrer de fome, e porque não tinha mais ninguém, e a partir daí nasce uma forte amizade.
Diferente de O caçador de pipas, cujo tema central é bastante restrito a suas personagens, A cidade do sol usa suas protagonistas para falar de algo bem mais amplo: a mulher afegã. Hosseini deixa bem claro que as situações vividas por Mariam e Laila podem acontecer - e acontecem - com qualquer mulher em um país autoritário e violento. Além disso, ele faz um trabalho incrível, assim como em seu primeiro livro: detalhes do cotidiano em Cabul, oferecendo um retrato fiel da vida na cidade e no país em meio a tantos conflitos armados.
A atenção do mundo ocidental, voltada para o Oriente Médio depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, contribuiu para o sucesso de Khaled Hosseini. Mas o verdadeiro motivo de tantos exemplares vendidos se deve principalmente à sua capacidade de construir tão bem dramas envolventes.

PS: O post tá marcado como literatura americana porque Hosseini mora nos Estados Unidos desde 1976, e tem cidadania americana.
PPS: Comecei a fazer esse post em maio, na primeira semana do blog, e larguei. Um aleluia por eu ter terminado :)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

TOP 10 - Filmes em 2011

Fazendo o balanço cinematográfico do ano, fui relembrando quais os filmes que vi no cinema nesse ano de 2011. Não foi uma tarefa difícil, pois tenho o costume de guardar os ingressos dos filmes que vejo no cinema. Dando uma olhada, vi que 2011 foi um ano muito bom nesse sentido e de todos os filmes que vi no cinema esse ano, separei os 10 que achei mais interessantes nessa listinha para encerrar a vida cinematográfica de 2011 e dar início a de 2012 (que promete!).
Os filmes escolhidos (lembrando que essa lista é pessoal!) foram:
10 – O concerto
Filme muito agradável e uma grata surpresa. Fui vê-lo sem grandes expectativas e se mostrou um dos melhores filmes que vi no cinema neste ano de 2011. Basicamente, fala sobre um grupo de músicos russos afastados da música que vêem num golpe do seu antigo maestro a chance de mostrar para o mundo em que o talento é mais importante do que tudo. Soma-se a isso as histórias de cada um deles e um mistério envolvendo essa antiga orquestra e uma famosa violinista francesa que está em seu auge (interpretada por Mélanie Laurent).
09 – Harry Potter 7: As relíquias da morte, parte 2
Fim épico para uma saga histórica que marcou uma geração. O HP 7/2 não deixa a desejar. Mesmo que tenha sido uma ótima estratégia comercial ter dividido o último livro da saga Harry Potter em dois filmes, admito que em termos de compreensão geral da história e mais fidelidade ao livro, essa foi uma boa idéia. Cabe a HP 7/1 o tom mais dramático, as explicações dos mistérios e as questões psicológicas das personagens, sobretudo o trio protagonista. Cabe a HP 7/2 a luta e a ação, sem deixar de lado boas atuações e ótima qualidade técnica. 

08 – O vencedor
Mais um filme de boxe? Não. Em O vencedor acompanhamos a trajetória de um lutador fracassado com uma família sem noção e um irmão/mentor/treinador inconseqüente e viciado em crack. O filme fala sobre a família, sobre a união e sobre uma vitória. Não necessariamente a vitória nos ringues, mas principalmente a vitória fora deles. Oscar merecido para Melissa Leo e Christian Bale, a mãe e o irmão do fracassado Mick Ward (Mark Whalberg).

07 – Blue valentine
Uma triste, triste, triste história de amor. É um filme sobre o amor. Mas especificamente, sobre o seu fim. Quando todas aquelas coisas boas que faziam o casalzinho ficarem juntos simplesmente acabam pela rotina entediante e pelas frustrações diversas que eles foram acumulado ao longo da vida pelo casamento precoce. É um filme muito bom. Apesar de triste, é mais real que muitos filmes de romance. Ryan Gosling e Michelle Williams, os protagonistas, são excelentes e dão suas melhores atuações.

06 – Bravura indômita
Western + Coen = filmaço. Remake ou não do filme de 1969, Bravura indômita consegue ser excelente por si só. Investiga a história de uma jovem de 14 anos (interpretada por uma até então desconhecida Hailee Steinfield) que paga um coronel rude, grosso, mal educado, bizarro e agressivo (John Wayne na versão original, Jeff Bridges nesta) para caçar e matar o homem que matou o seu pai. Tem todos os elementos dos bons e velhos faroestes aliados aos clássicos elementos bizarros da filmografia dos Coen.

05 – Reencontrando a felicidade
Fala sobre o luto e do processo de recuperação da perda de uma pessoa querida pelos olhos de uma mulher incrédula e desiludida (Niole Kidman). Não vou falar muito dele porque já fiz um post sobre que fala de tudo e mais um pouco sobre as minhas impressões sobre o filme. Aqui adianto que essas impressões foram excelentes. Nicole Kidman volta das trevas com sua melhor atuação desde Dogville (2003). O filme poderia ser depressivo mas não o é. Prefere ser mais inteligente e interessante do que deprê.

04 – Melancholia
Grande filme de Lars Von Trier. Mostra os últimos dias de vida de duas irmãs (Kirsten Dunst e Charlotte Gainsbourg) na eminência do fim da Terra quando o planeta Melancholia se chocar com nosso planeta. A personagem de Dunst é uma jovem que sofre de depressão e que se vê cada vez mais aliviada pelo fim de tudo. O interessante é ver o contraponto com sua irmã, interpretada por Gainsbourg, que vai se desesperando e perdendo o controle cada vez mais. Meio ficção científica, meio drama o filme na verdade é uma grande metáfora à depressão e ao desespero.

03 – Meia-noite em Paris
Woody Allen faz seu filme de melhor bilheteria desde Hannah e suas irmãs (1986) nesta interessantíssima e originalíssima comédia ambientada na bela e, porque não, mágica Paris. Um escritor fracassado (interpretado muito bem por, oh, Owen Wilson!) viaja no tempo para a antiga Paris dos anos 20 para descobrir que a felicidade não depende do tempo ou do espaço e que ninguém seria mais ou menos feliz em uma vida que não é a sua. A felicidade depende de si mesmo. Woody é de uma originalidade sem igual.

02 – A pele que habito
Almodóvar destrói tudo nesse filme fantástico, originalíssimo e surpreendente. Seu melhor filme desde Fale com ela (2002). Narra a história de um cirurgião plástico com muito dinheiro e sem nenhuma moral ou qualquer tipo de escrúpulos totalmente transtornado pela perda trágica da mulher e da filha e acaba fazendo de uma mulher uma refém e uma vítima de sua loucura.

01 – Cisne negro
Simplesmente e indiscutivelmente o meu filme preferido de 2011. Nina Sayers (Natalie Portman) faz uma bailarina dedicada e reprimida pela mãe que recebe o desafio de ser a Rainha do ballet O Lago dos Cisnes. Interpretar o cisne branco é fácil. Difícil é interpretar o cisne negro, o oposto de tudo aquilo que Nina foi forçada a ser durante toda sua vida. Sua conexão com a realidade, que já não era das melhores, vai se tornando cada vez mais fraca até se romper de vez. Nina entra num mundo de loucura e dor (física e psicológica) movimentada ainda mais por uma bailarina rival (Mila Kunis), um diretor pervertido e exigente (Vicent Cassel) e uma mãe louca e controladora (Barbara Hershey). Oscar de melhor atriz muito merecido para a melhor das jovens atrizes da atualidade dando o melhor trabalho de sua carreira e a melhor atuação do ano. Até hoje sou inconformado pela derrota de Cisne negro na categoria de melhor filme. Para mim, ele é muito superior a O discurso do rei (filme que nem quis botar nessa singela listinha). 

por Lucas Moura