1. Jojo Rabbit (2019)
Um dos destaques do Oscar deste ano, Jojo Rabbit é uma deliciosa comédia nada convencional centrada no garoto Johannes, conhecido como Jojo (Roman Griffin), um alemão entusiasta do nazismo que tem como amigo imaginário o próprio führer (Taika Waititi). O ponto de partida do filme é a entrada de Jojo na Juventude Hitlerista, comandada por um capitão doido de pedra que fora tirado da linha de frente por perder um olho após ser ferido. Logo no primeiro dia Jojo ganha o apelido de Jojo Rabbit por não conseguir estrangular um coelho. Depois de ser envergonhado pelos colegas, ele tenta demonstrar bravura explodindo uma granada, mas acaba ferido e ganha algumas cicatrizes no rosto e uma lesão na perna que o deixa mancando. Depois da recuperação, obrigado a passar mais tempo em casa, Jojo descobre que sua mãe (Scarlett Johansson) escondia uma menina judia (Thomasin McKenzie) no sótão, e sem a mãe saber, inicia uma estranha amizade com ela. O ódio que foi ensinado a ter e os mitos absurdos sobre judeus (chifres escondidos, beber sangue, devorar bebês" vão dando lugar a um carinho fraterno. Filme sensacional, uma sátira que oscila entre comédia caótica e drama.
Nota: 10
2. O Lobo atrás da porta (2013)
O desaparecimento de uma menina na escola é o pontapé inicial para uma trama que quanto mais avança, mais fica sombria. Na sala de um desbocado delegado (Juliano Cazarré), uma mãe desesperada (Fabiula Nascimento) chora até a chegada de seu marido Bernardo (Milhem Cortaz), que ao ouvir o depoimento da professora de sua filha dá as primeiras pistas ao suspeitar do envolvimento de sua ex-amante, Rosa (Leandra Leal), no sumiço da filha. Através de depoimentos e flashblacks é montado o quebra cabeça do caso que Bernardo e Rosa mantiveram, e a personalidade forte e misteriosa dela, que se manifesta através de olhar decidido e fala mansa, mas sabendo bem seduzir e dominar. Tenso e um pouco aflitivo graças ao trabalho de direção, o filme é abrilhantado pelo ótimo trabalho de seu elenco, em especial de Leandra Leal, vencedora do Prêmio de Melhor Atriz no Festival do Rio.
Nota: 9,0/ 10
3. Ray (2004)
Estrelado pelo brilhante Jamie Foxx, o filme mostra boa parte da vida do super astro Ray Charles, desde a infância pobre até o estrelato absoluto. Nascido na Geórgia e criado no interior da Flórida em meio à pobreza e racismo, Ray ficou cego aos sete anos. Sua mãe Aretha o ensinou a ser forte e nunca ser um pobre coitado. A voz e o talento no piano o levaram longe - inicialmente tocando em bares, depois saindo em turnês simples, até ser descoberto por uma gravadora. Em meio à ascensão, memórias perturbadoras de um trauma que choca ao ser revelado - trauma que leva ao caminho do vício em heroína, que marcou a vida do artista. Um filme muito bem construído, no ritmo de um gênio que revolucionou a música, e carregado pelo talento imenso de Jamie Foxx, cuja atuação memorável foi vencedora do Oscar.
Nota: 9,0/ 10
4. Despedida em Las Vegas (Leaving Las Vegas, 1995)
Esse é um filme imperdível - afinal, foi-se o tempo em que Nicolas Cage fazia ótimos trabalhos. Vivendo o alcoólatra Ben Sanderson, Cage mostra a que ponto um homem pode chegar por causa do alcoolismo: viver na solidão, perder o emprego, e quando a esperança de dias melhores parece acabar, resolve ir a Las Vegas para beber até morrer. Simples, trágico e chocante. Em Las Vegas, Ben conhece a prostituta Sera (Elizabeth Shue), com quem inicia um estranho relacionamento baseado num acordo: ela não reclamaria da bebida e ele não reclamaria da profissão dela. O problema é que mesmo que Ben tente sair de seu deplorável estado, ele já parece irreversível.
Nota: 9,5/ 10
5. O Grande Ditador (The Great Dictator, 1940)
Um barbeiro judeu (Charles Chaplin) ferido na I Guerra passa quase vinte anos numa clínica de repouso após perder a memória. Ao sair ele encontra seu país, Tomânia, dominado pelo ditador Adenoid Hynkel (também Chaplin), que havia instituído a perseguição aos judeus como uma das principais políticas de Estado. O antigo bairro do barbeiro se tornou um gueto judeu, onde membros do exército e da SS vivem agredindo os moradores. Do outro lado da estória está Hynkel, ditador perverso e ao mesmo tempo bastante caricato - sua grande vaidade o torna ridículo, além do fato de ser muito desastrado. Associando cenas do mais puro humor pastelão à delicada questão do holocausto, Charles Chaplin cria uma de suas melhores obras-primas.
Nota: 10
Luís F. Passos
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