Sem dúvidas o filme do momento. Premiado no Festival de Sundance, deve ser a aposta brasileira pro Oscar do próximo ano. A história é centrada em Val (Regina Casé), empregada doméstica numa casa de classe média alta em São Paulo que há mais de dez anos deixou sua família em Pernambuco em busca de trabalho que lhe permitisse dar melhores condições ao futuro de sua filha. Val praticamente criou Fabinho (Michel Joesas), filho de seus patrões, que nunca tinham tempo para o menino. Quando a filha de Val, Jéssica (Camila Márdila), chega em São Paulo para fazer o vestibular e fica na casa da família rica, acaba o sossego de Val e da patroa. O interesse que ela desperta nos homens da casa e a insubordinação diante da mãe, que considera uma estranha, cria uma tensão que perdura por boa parte do filme, que trata de maneira brilhante de temas como migração motivada por pobreza, relações familiares e a íntima e complexa relação entre patrões e empregados domésticos (mostrando que casa grande e senzala ainda perduram no País).
Nota: 9,5/ 10
O desaparecimento de uma menina na escola é o pontapé inicial para uma trama que quanto mais avança, mais fica sombria. Na sala de um desbocado delegado (Juliano Cazarré), uma mãe desesperada (Fabiula Nascimento) chora até a chegada de seu marido Bernardo (Milhem Cortaz), que ao ouvir o depoimento da professora de sua filha dá as primeiras pistas ao suspeitar do envolvimento de sua ex-amante, Rosa (Leandra Leal), no sumiço da filha. Através de depoimentos e flashblacks é montado o quebra cabeça do caso que Bernardo e Rosa mantiveram, e a personalidade forte e misteriosa dela, que se manifesta através de olhar decidido e fala mansa, mas sabendo bem seduzir e dominar. Tenso e um pouco aflitivo graças ao trabalho de direção, o filme é abrilhantado pelo ótimo trabalho de seu elenco, em especial de Leandra Leal, vencedora do Prêmio de Melhor Atriz no Festival do Rio.
Nota: 9,0/ 10
Esse filme do tipo que eu não sei muito o que falar, além de: assistam. Uma das mais queridas obras do grande Guilhermo del Toro, O labirinto do Fauno é uma encantadora viagem junto de uma garotinha, Ofelia, que na década de 40 viaja com a mãe grávida para o norte da Espanha, onde o padrasto comanda uma base do exército. Ofelia vive incomodada com o autoritário padrasto, mas vai encontrar refúgio nos bosques ao redor da casa, onde seres fantásticos a levam para um mundo subterrâneo, em que descobre que precisa cumprir três difíceis missões para conquistar um trono que supostamente era dedicado a ela. Pra mim o melhor é que o filme, em sua ambiguidade, deixa livre para o espectador a decisão do que é real e do que é onírico.
Nota: 8,5/ 10
Qual a relação existente entre crianças numa aldeia remota no Marrocos, um casal de turistas americanos, uma menina deficiente auditiva japonesa e uma mexicana que trabalha nos Estados Unidos? A bem amarrada série de tramas que é Babel vai mostrar isso. A partir de um infeliz acidente nas montanhas marroquinas, onde um tiro de rifle atinge uma americana que viajava num ônibus, tem início uma crise diplomática entre o Marrocos e os Estados Unidos, que acreditam se tratar de um atentado terrorista. Por outro lado, a investigação vai buscar a origem de tal rifle, que remonta ao Japão; da mesma forma, na América, a família da mulher ferida, cuja babá é mexicana, também será atingida, numa mal aventurada breve viagem ao México. Direção de Alejandro González Iñarritu e participação de grande elenco.
Nota: 9,0/ 10
O que falar desse Almodóvar que quanto mais conheço, mais admiro pacas (obrigado Orkut)? Quando enfim vi o tão polêmico Má Educação, constatei o que já suspeitava: que a polêmica era proporcional à qualidade. Dessa vez o diretor espanhol aborda a transexualidade, mas com a competência de sempre. Através de Ignacio, uma criança que na escola se envolve com um colega, Enrique, e também com o professor de literatura, o padre Manolo. Anos se passam, Enrique se torna diretor de cinema (Fele Martinez) e Ignacio (Gael García Bernal) bate à sua porta, oferecendo um texto que escrevera como matéria-prima para um filme e querendo o papel principal, como uma transexual. Amor, mágoa, vingança e desejo, ingredientes fortes para uma trama tão envolvente, do jeito que o povo gosta e que Almodóvar é mestre. E claro, a comédia tem seus momentos, com a presença de Javier Cámara, frequente colaborador do diretor, na pele da travesti Paca.
Nota: 10
Luís F. Passos
Nota: 10
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