2014 foi um ano complicado pra mim em termos de filmes. Acho que dos últimos quatro anos, foi aquele em que vi menos títulos. Cinema? Fui pouco, e boa parte das vezes que eu fui, vi filmes antigos. O próprio blog parou por um tempo. Enfim, pra trazer o blog de volta à ativa, selecionei alguns dos filmes mais recentes que vi em 2014 pra indicar como opções pro último fim de semana do ano:
Vendo os filmes que Woody Allen lançou de 2011 pra cá, a gente vê que ele tá revezando entre um filmaço e um filme bom, mas não tão bom quanto podia ser. Magia ao Luar se enquadra na segunda categoria. Colin Firth interpreta Stanley, que em vestes orientais é o famoso mágico Wei Ling Soo. Stanley é chamado por um amigo de longa data para desmascarar uma bela jovem (Emma Stone) que supostamente tem poderes paranormais e que está desfrutando da generosidade de uma abastada família no sul da França. Stanley é mais um alter ego de Woody: pessimista, ranzinza, cético, hipocondríaco e muito cheio de si. Mas qual não é a surpresa dela ao ver que nem ele, experiente em identificar charlatões, consegue provar que a moça é uma fraude. A relação entre as personagens de Firth e Stone conduzem o filme através dos típicos temas tratados por Woody, e é também uma relação interessante: o mágico vive ofendendo a falsa médium de tudo quanto é jeito, mas ela não se abala - afinal, alguém que passa a vida enganando os outros sabe o valor de palavras verdadeiras.
Nota: 8,0/ 10
Nota: 8,0/ 10
Inspirado no curta-metragem Eu não quero voltar sozinho (2010), do mesmo diretor, o filme é centrado em Leonardo, jovem cego que convive com o bullying e a distância dos colegas de classe, contando com a amizade de apenas uma delas, Giovana. A chegada de um novo aluno, Gabriel, é o ponto de partida pra um processo de mudança, em que Leonardo toma consciência de sua sexualidade e passa a desejar a superação de barreiras que lhe são impostas devido a sua deficiência visual. O resultado é um filme muito bacana e sensível, reconhecido até no Festival de Berlim.
Nota: 8,0/ 10
Mais uma parceria DiCaprio-Scorsese, dessa vez no frenético ritmo do mercado financeiro de Nova York. Baseado na história real de um agente financeiro que escandalizou os Estados Unidos nos anos 90, o filme acompanha a ascensão meteórica de Jordan Belfort, que começou a trabalhar com negócios que eram mais imorais do que ilegais, e à medida em que via o dinheiro aparecer, entrou de vez na ilegalidade, ao mesmo tempo em que aumentou seu amor por álcool, drogas, aventuras sexuais e outras formas de esbanjar dinheiro. A euforia provocada pelo poder financeiro é passada através de um eufórico Leonardo DiCaprio, em sua melhor forma na pele de Jordan, além de um time excelente de coadjuvantes e do controle hábil da direção de Scorsese, remetendo a ícones de sua carreira como Os Bons Companheiros e Cassino.
Nota: 10
A leve comédia familiar dirigida por
Alexander Payne, diretor de Os Descendentes, acompanha a saga do velho e
senil Woody Grant (Bruce Dern) em busca do suposto prêmio de 1 milhão
de dólares que ganhou, na verdade uma propaganda que chegou pelo
correio. Para receber sua fortuna, Woody deve ir até Lincoln, Nebraska,
mas como ninguém quer levá-lo, ele decide ir a pé. Seu filho David (Will
Forte) é o único que percebe que o pai não vai desistir por nada e
resolve levá-lo de carro. No caminho, muita estrada, parentes há muito
não vistos e outros de olho no prêmio de Woody. E acima de tudo, a
relação entre um pai meio lunático e seu filho que viu a vida sufocar
parte de seus sonhos. É a competência de Payne dedicada a um tema que
ele provou que domina.
Nota: 9,0/ 10
Lucas (Mads Mikkelsen) é um professor de jardim de infância que ama seu trabalho, é muito querido por colegas e pais de alunos, e adorado pelas crianças. Ele é muito feliz no seu emprego e na pequena cidade onde vive, apesar do pouco prestígio e retorno financeiro da profissão - fatores que pesaram para o fim de seu casamento, anos atrás. A felicidade da vida de Lucas passa a se esvair quando uma aluna e filha de um de seus melhores amigos, devido a uma série de mal entendidos, o acusa de abuso sexual. Num piscar de olhos, arma-se um circo e o professor de personalidade tão doce é visto como um monstro por toda a cidade, sendo vítima de todo o tipo de agressão por pessoas com as quais cresceu mas que em nenhum momento duvidaram de sua culpa. Um detalhe: o filme não oferece ao espectador nenhuma dúvida da inocência de Lucas, o que aumenta o magnetismo da obra. Um dos melhores filmes que vi em 2014.
Nota: 10
Luís F. Passos
Luís F. Passos